Camelôs protestam contra retirada, mas muitos querem ir para os shoppings

Na Belotur, o sorteio das vaga; em frente à PBH, o protesto dos que resistem (Vitor Fórneas/Bhaz)

Divididos; uns a favor, outros contra. Assim estavam, na tarde desta quinta-feira,6, os trabalhadores do comércio ambulante de Belo Horizonte, na expectativa do sorteio das 1547 vagas disponíveis nos shoppings populares. O sorteio, que anteriormente seria feito no final do mês, foi antecipado para a tarde desta quinta-feira (6), no auditório da Belotur.

O jovem vendedor de roupas Ramon Pereira, de 18 anos, estava na expectativa de ser um dos sorteados. Ele, que aprendeu o ofício com sua mãe, acredita que a ida para o shopping popular será a oportunidade de solucionar o desemprego que enfrenta. “Ir para o box do shopping será muito bom, pois na rua, além de estar ilegal com Prefeitura, eu sofro com a insegurança”, conta.

Ambulantes acompanharam a votação no auditório da Belotur (Vitor Fórneas/Bhaz)

Ramon disse que, no começo, foi difícil convencer sua mãe a querer sair da rua. Ele, entretanto, afirma que “não há escapatória”, pois a fiscalização realizada pelos agentes da Prefeitura não estava permitindo que ele e os demais companheiros continuassem nas ruas.

Ao contrário de Ramon, Carmem Martins, 42 anos, acredita que o ideal seria a construção de uma feira que abrigue os comerciantes. “Como vou para um shopping popular se vendo frutas e verduras? O prefeito não pensa em nós. Isso é um absurdo”, disse a comerciante, que há 30 anos trabalha nas ruas da capital. “Eu nasci e aprendi a ser uma pessoa batalhadora nas ruas”, afirmou.

Enquanto acontecia o sorteio, na porta da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) alguns camelôs protestavam contra a retirada deles das ruas. Utilizando o carro de som da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), eles afirmaram que vão continuar a luta até que o espaço público seja liberado novamente para eles poderem trabalhar.

Segurança foi reforçada na porta da Prefeitura (Vitor Fórneas/Bhaz)

“O Kalil pode contratar o Exército, porque nós não vamos deixar de reivindicar nossos direitos”, bradava uma trabalhadora.

Há 12 anos atuando como comerciante ambulante, Luiz Alberto acredita que a ida para o shopping popular servirá apenas para “enriquecer os empresários”. O vendedor sugere que seja criado, na Praça Rio Branco, por exemplo, um camelódromo, pois “aquele espaço está entregue aos usuários de drogas e é um perigo para a população”.

A divisão das vagas ocorreu da seguinte forma: do número 1 ao 676 eram para os boxes do Shopping Uai, que está localizado na área central da cidade, próximo à rodoviária; já do 677 ao 1547 as vagar eram para O Ponto, na avenida Padre Pedro Pinto, em Venda Nova,

Segundo a PBH, o número de vagas disponíveis em boxes foi maior do que o de trabalhadores cadastrados. Um levantamento será realizado para que as vagas restantes sejam ocupadas.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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