Acidentes com linha chilena e cerol deixam autoridades em alerta; uma vítima por dia

Campanhas serão realizadas para conscientizar sobre o perigo da linha chilena

Os recentes casos de vítimas de linha chilena e cerol em Belo Horizonte e região deixaram as autoridades da capital em alerta. De acordo com dados do Hospital de Pronto Socorro João 23, foram 16 ocorrências de janeiro a junho deste ano. Recentemente, uma criança de cinco anos foi vítima de uma linha com cerol. Um motociclista também morreu após ser atingido por um fio de energia elétrica que foi cortado por uma linha.

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), em média, uma vítima da linha cortante é atendida por dia na rede pública de saúde. Além disso, aproximadamente um milhão de pessoas ficaram sem energia elétrica, em todo o estado, no decorrer do ano de 2016, devido a acidentes com a rede elétrica.

Linha chilena

No dia 19 deste mês, uma denúncia anônima levou a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte a apreender cerca de 70 rolos de linhas de cerol e chilena na praça do Papa, no bairro Mangabeiras, na região Centro-Sul da capital.

Grande quantidade de linha chilena foi apreendida pela Guarda Civil Municipal (Divulgação/GuardaCivil)

A linha chinela tem sido a preferida dos praticantes de papagaio. O material é resistente é tem um poder de corte quatro vezes mais maior que uma linha com cerol feito de vidro. O cerol chileno é feito com uma mistura de quartzo e óxido de alumínio. O vídeo a seguir mostra o potencial de corte da linha:

 

Cerol mata!

A PBH criou um projeto para conscientização da população sobre o problema. A campanha “Cerol mata!” traz peças gráficas, informes e alertas sobre as mortes causadas por linhas cortantes. Estatísticas de acidentes e vítimas também estão sendo apresentadas.

O período das férias escolares junto à estação do ano marcada por ventos fortes torna o mês de julho propício para empinar pipas. Diante desta realidade, a Secretaria Municipal de Segurança vem realizando palestras e promovendo oficinas em escolas, parques e praças.

Durante as ações, a Guarda Municipal, por meio da Patrulha Escolar, orienta as pessoas sobre a forma correta de soltar papagaios, sem linhas cortantes e em locais onde não há risco de se atingir a rede elétrica.

Além disso, os participantes das palestras recebem informações sobre os tipos mais comuns de ferimentos causados pelas linhas. Dentre eles, cortes profundos no pescoço, com os motociclistas sendo as principais vítimas. São ferimentos nos braços e rosto, agravados pela queda de motos em movimento, que também são frequentes.

Audiência Pública

O aumento do número de acidentes envolvendo linhas cortantes e “linhas chilenas” motivou a Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara Municipal de Belo Horizonte a aprovar a realização de um debate público sobre o problema. Haverá a participação de autoridades municipais e de segurança pública.

A reunião foi requerida pelo vice-presidente da comissão, Catatau da Itatiaia (PSDC). Para ele, a audiência tem a finalidade de avaliar o uso da “linha chilena” e da linha com cerol (vidro moído) no município.

A justificativa dos parlamentares é a existência de “um quadro anormal de acidentes e mortes decorrentes dessa prática irregular, que exige postura das autoridades”.

Crime

A legislação estadual proíbe o uso de linhas com cerol ou linha chilena para empinar papagaios. O responsável fica sujeito ao pagamento de multa, que varia de R$ 100 reais a R$ 1,5 mil. Entretanto, o mesmo pode ser punido criminalmente nos casos em que causar ferimentos ou morte.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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