Em contagem regressiva para o dia 2 de agosto, o governo Temer passa o dia com a calculadora nas mãos. Em Brasília, ela virou a principal ferramenta de governo no Palácio do Planalto, onde Michel Temer (PMDB) e aliados fazem contas diariamente. Querem saber como será a próxima quarta-feira, dia da votação do pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgá-lo por corrupção passiva, conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A votação deve acontecer na próxima quarta-feira, como está previsto, mas depende de quórum. Caso não alcance o quórum mínimo de 342 deputados federais em plenário, a votação não poderá começar. Esse é o ponto: para que haja votação, e o governo demonstre capacidade de sobrevivência, depende da oposição. Não que a oposição vá votar a favor dele, mas garantir o quórum mínimo para o início da votação.
Para se salvar, o presidente precisa de apenas 172 deputados, negando autorização para que o STF o julgue. Nas contas governistas, Temer já tem 260 ou 270, um placar favorável à votação desde que ela aconteça. Se outros 80 deputados comparecerem, o quórum seria atingido e Temer seria então salvo. Ou seja, por mais que o presidente tenha votos suficientes para enterrar o processo, precisará convencer parte dos deputados que não pretendem apoiá-lo a registrar presença, mesmo que seja para votar contra. É aí que entra a oposição
Esse é o drama que divide os oposicionistas. Ciente da maioria governista, parte da oposição é a favor de retardar, ao máximo, a votação, paralisando o processo e deixando o governo sangrar ainda mais. Enquanto isso, novas denúncias poderiam ser feitas e mais pesquisas viriam exibir o aumento da rejeição da opinião pública. Outra parte pensa em registrar presença para poder votar e marcar posição contra o Temer junto ao eleitorado. Aí entra o fator eleição: essa turma aposta que Temer continua na cadeira, enfraquecido e impopular, até o período eleitoral.
Pedida prisão de Aécio pela terceira vez
Pela terceira vez, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu, nesta segunda-feira (31), a prisão do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) ao Supremo Tribunal Federal. O pedido é um recurso de Janot à decisão do ministro Marco Aurélio, que, como outro ministro, Edson Fachin, havia negado as solicitações anteriores.
Aécio é acusado de pedir e receber R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista, da JBS, conforme conversa na qual ele foi gravado pelo segundo. Janot voltou a pedir o afastamento do tucano do mandato de senador. No dia 30 de junho último, Marco Aurélio autorizou a volta dele ao cargo do qual havia se afastado por decisão de Fachin.
A diferença, agora, é que o recurso de Janot deverá ser, se colocado em pauta, julgado pela 1ª Turma do STF, que inclui, além de Marco Aurélio, outros quatro ministros: Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. Ainda em junho, por 3 votos a 2, esses ministros mudaram decisão e autorizaram a irmã e o primo de Aécio, Andrea Neves e Frederico Pacheco, envolvidos na mesma acusação, a trocar a prisão pela prisão domiciliar.
Urna muda de cara para imprimir voto
Se a reforma política não avançar, pelo menos, ela vai mudar. A partir das eleições do ano que vem, a urna eletrônica, que tem mais de 20 anos, estará de cara nova e layout mais moderno. A expectativa é de que 30 mil novas máquinas sejam utilizadas em todo o país.
Além da repaginação, a principal mudança é exigência legal de impressão do voto. A forma de votar não muda. Mas as urnas passarão a contar com impressoras, para registrar em papel o voto, que somente poderá ser visualizado em um visor. Caso a impressão não corresponda ao voto digitado, o mesário deverá ser avisado.
Os votos impressos somente serão considerados para eventuais auditorias. No próximo ano, haverá eleições para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais.
(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdorion.com.br