Três anos depois de iniciada, a obra de duplicação da BR-381 é fonte de boas e más notícias. A má notícia é que apenas dois lotes da obra de 303 quilômetros foram efetivamente concluídos: o da construção de quatro túneis (cada dois túneis corresponde a um lote), entre Jaguaraçu e Nova Era. A boa notícia, que pode ser comprovada por quem passa por ali diariamente, é que no lote 7 a duplicação segue a pleno vapor, com várias frentes trabalhando em ritmo acelerado, ao mesmo tempo. O lote 7 corresponde ao trecho que começa no trevo de Barão de Cocais, passa por Bom Jesus do Amparo e Nova União e termina no trevo de Caeté.
É desse lote que vem a outra novidade: o uso do pavimento de concreto no lugar de asfalto, algo raro de acontecer em obras rodoviárias no Brasil. Um percentual muito pequeno das rodovias brasileiras, da ordem de apenas 5%, tem piso de concreto. O pavimento de asfalto tem um custo menor. Porém, sua durabilidade é também menor. O de concreto dura três vezes mais e é recomendado para vias de elevado volume de tráfego e alto percentual de veículos pesados, como segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), é o caso da BR-381.
Em Belo Horizonte, o concreto foi utilizado na pavimentação da Via Expressa Leste-Oeste, que liga Contagem às imediações da PUC Minas, na região oeste da cidade. Lá, o pavimento tem idade de 43 anos e praticamente não sofreu desgaste pelo uso, como aconteceria se tivesse sido utilizado o asfalto. De acordo com o Dnit, as vias de concreto duram mais tempo e necessitam de menos manutenção, por sofrerem menos deformação, diferentemente do que ocorre com o pavimento de asfalto, em que costumam aparecer buracos, devido ao peso e à quantidade dos veículos. Outra vantagem do concreto apontada pelo Dnit é sua cor ligeiramente clara, que oferece maior e melhor visibilidade da pista e reduz o fenômeno da aquaplanagem, que normalmente ocorre no período das chuva e é causa de muitos acidentes.
Diferentemente do que foi divulgado por alguns jornais e sites, não existe nenhum trecho da BR-381 com o tráfego ocorrendo em pista dupla. O que foi feito até agora, em um trecho de dois quilômetros do lote 7, foi a transferência do tráfego da antiga pista para a pista nova, para que, assim, pudesse ser feita a restauração da pista antiga. De acordo com o Dnit, a liberação do primeiro trecho, de sete quilômetros com as duas pistas – a antiga e a nova – em concreto ocorrerá até o final deste ano.
Entre o trevo de Barão de Cocais e o trevo de Caeté, 48% das obras, que recomeçaram em abril, já foram executadas. Até agora, a obra é realizada na forma de mini trechos, que, normalmente são construídos ao lado da pista antiga e sem que ocorra a interrupção do tráfego local. Quando todos os mini trechos estiverem concluídos, inclusive a pavimentação, ocorrerá a segunda etapa da construção, que é a interligação desses mini trechos, de forma que se tenha uma nova pista contínua e seja possível interromper o uso da pista velha, que, aí sim, passará pelo processo de restauração, com a aplicação da camada de concreto sobre o asfalto já existente.
Para entender a obra: trecho por trecho
A obra foi dividida em oito lotes, cada um correspondendo a um trecho da rodovia. A ampliação da capacidade do local acontece do Km 155,4 ao Km 458,4. Entenda a divisão por lotes:
Lote 1
Segmento: km 155,40 ao km 228,20
Extensão: 72,8 quilômetros
Trecho: Governador Valadares a Belo Oriente
Lote 2
Segmento: km 228,20 ao km 288,40
Extensão: 60,2 quilômetros
Trecho: Belo Oriente a Jaguaraçu
Os lotes 1 e 2 estão em fase de rescisão contratual com a Isolux; estão sendo feitos estudos para verificar a possibilidade de se contemplar a duplicação desses segmentos, que no projeto original, teriam somente aumento de capacidade.
Lote 3.1
Segmento: km 288,40 ao km 317
Extensão: 28,6 quilômetros
Trecho: Entroncamento da MG-320 para Jaguaraçu até Ribeirão Prainha
Municípios: Jaguaraçu, Antônio Dias, Nova Era
Contrato rescindido com o Consórcio Isolux/Corsan e assinado novo contrato, em 2016, com a segunda colocada, a Empresa Construtora Brasil (ECB).
Lote 3.2
Segmento: km 290 ao km 290,82.
Extensão: 0,82 km
Trecho: Jaguaraçu até Ribeirão Prainha – Túneis Rio Piracicaba
Obra concluída em abril/2015
Lote 3.3
Segmento: km 288,40 ao km 289,68
Extensão: 1,28 quilômetro
Trecho: Jaguaraçu até Ribeirão Prainha – Túneis Antônio Dias e Prainha
Obra concluída em outubro/2015
Lote 4
Segmento: km 317 ao km 335,80
Extensão: 18,8 quilômetros
Trecho: Ribeirão Prainha até o Acesso Sul de Nova Era
Contrato rescindido. O Dnit está concluindo termo de referência para a contratação da atualização do projeto executivo.
Lote 5
Segmento: km 335,80 ao km 356,50
Extensão: 20,7 quilômetros
Trecho: Acesso sul de Nova Era até João Monlevade
Contrato rescindido.
Lote 6
Segmento: km 356,50 ao km 389,50
Extensão: 33 quilômetros
Trecho: João Monlevade até Rio Una
Devido à rescisão dos contratos e à inviabilidade da construção da Variante Santa Bárbara, o Dnit está em fase de estudo de traçado para realização de nova licitação para os lotes 5 e 6.
Lote 7
Segmento: km 288,40 ao km 289,68
Extensão: 37,5 quilômetros
Trecho: Rio Una até Caeté
Municípios: Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo, Nova União e Caeté
O Lote 7 está em andamento, com 48% de obra concluída.
Lote 8A
Segmento: km 427 ao km 445
Extensão: 18 quilômetros
Trecho: Entroncamento com a MG-435, em Caeté, até o entroncamento com a MG-020 (estrada para Jaboticatubas)
Lote 8B
Segmento: km 445 ao km 458,4
Extensão: 13,4 quilômetros
Trecho: Entroncamento com a MG-020 até a avenida Cristiano Machado, em Belo Horizonte
Nos lotes 8A e 8B as tentativas de contratação fracassaram. O Dnit estuda nova forma de contratação de tais obras.
