Mobilidade urbana pode ser o tema da redação do Enem de 2017

Mobilidade reduzida é um sério problema nas grandes cidades

O caos na mobilidade urbana enfrentado nas grandes cidades do Brasil pode muito bem ser o tema da prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será realizada no próximo domingo (5). O alto preço das tarifas do transporte público e a precariedade dos serviços prestados mobilizam a sociedade nas capitais brasileiras. Pensado nisso, o exame pode solicitar ao candidato que aponte as possíveis alternativas para otimizar a mobilidade urbana frente ao contínuo crescimento populacional. Estamos usando a mobilidade urbana apenas para exemplificar o critério que o Inep usa para definir o tema da redação. Este, entretanto, somente será conhecido no domingo.

Na mídia

O tema é tão importante que, nos últimos meses, estampou as capas de vários jornais e sites. Ademais, o reajuste das tarifas vem provocando reações populares. O Movimento Passe Livre (MPL), que reivindica a gratuidade no transporte público, liderou algumas dessas manifestações recentes. Neste ano, em São Paulo, o aumento das tarifas da integração de ônibus e trilhos foi contestado judicialmente, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi obrigado a suspender o reajuste. Tais fatos mostram como as questões relativas à mobilidade urbana mobilizam a sociedade dos grandes centros, que passa a pressionar cada vez mais o poder público para melhorar a oferta de transporte. Nas metrópoles brasileiras, o direito de ir e vir é prejudicado devido à falta de planejamento e à prioridade que foi dada ao automóvel durante muito tempo. As vias públicas não garantem fluidez para todos os veículos, o que torna a mobilidade um problema para milhões de pessoas diariamente.

Bola fora

Tempos difíceis…ou “melhor”, obscuros. E ainda tem “gente” que está comemorando a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que determinou a suspensão da regra prevista no edital do Enem. A decisão informa que quem desrespeitar os direitos humanos na prova de redação não pode receber nota zero. A medida foi tomada em caráter de urgência a pedido da Associação Escola Sem Partido. No pedido feito ao TRF1, a entidade diz que a regra é uma “punição no expressar de opinião”. O Inep, por outro lado, afirma que respeita a decisão judicial, mas recorrerá da sentença assim que for notificado. Em nota, o Ministério da Educação (MEC) reafirmou que todos os seus atos são balizados pelo respeito irrestrito aos direitos humanos, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, consagrada na Constituição Federal Brasileira.

Proposta polêmica

Em 2005, o deputado federal João Herrmann Neto, que morreu em abril de 2012, aos 63 anos, propôs abolir a crase do português do Brasil por meio do projeto de lei 5.154, pois o considerava “sinal obsoleto, que o povo já fez morrer”. Bombardeado, na ocasião, por gramáticos e linguistas que o acusavam de querer abolir um fato sintático como quem revoga a lei da gravidade, Herrmann Neto logo desistiu da iniciativa.

Casos de ambiguidade

O que muitos desconhecem é que o acento grave (`) no a tem duas funções distintas, como explica Celso Pedro Luft (1921-1995) no hoje clássico Decifrando a Crase (Globo, 2005: 16):
1) Sinalizar uma fusão (a crase): indica que o a vale por dois (à = a a): “Dilma Rousseff compareceu às CPIs”.
2) Evitar ambiguidade: sinaliza a preposição a em expressões de circunstância com substantivo feminino singular, indicando que não se deve confundi-la com o artigo a . “Dilma Rousseff depôs à CPI”. Sem a crase, a frase hipotética se revela ambígua: Dilma destituiu a comissão parlamentar de inquérito ou apenas deu depoimento à comissão? O sinal de crase tira a dúvida. Trata-se, conforme assinala Luft, um imperativo de clareza.

Exemplo de mau uso da crase em pintura do muro (Facebook)

Desvios estão por toda parte

São inúmeros os  exemplos de casos de mau uso da crase que geram ambiguidade nas frases. Os mais comuns são apontados por Luft, em Decifrando a Crase:

Cheirar a gasolina (aspirar) x cheirar à gasolina (feder a).
A moça correu as cortinas (percorrer) X A moça correu às cortinas. (seguiu em direção a).
O homem pinta a máquina (usa pincel nela) X O homem pinta à máquina (usa uma máquina para pintar).
Referia-se a outra mulher (conversava com ela) X Referia-se à outra mulher (falava dela).

Christian Catão

Jornalista e professor de Língua Portuguesa e Produção de Texto. Já escreveu nos jornais “Diário da Tarde”, “O Tempo” e “Diário do Comércio”. Trabalhou, também, como repórter e colunista da Revista “Encontro”. Atualmente, leciona na rede particular de educação e é mestrando na Faculdade de Educação da UFMG.  É autor da apostila “De olho no Enem” (teoria e exercícios) e ganhador do Prêmio Sinparc/Usiminas (2005) como melhor matéria jornalística “Falta de público e a crise no teatro mineiro”, dos jornais “Diário da Tarde” e “Estado de Minas”. E-mail: christiansouza@hotmail. com  (031) 99697-9405

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