Comoção marca despedida de professor da UFMG assassinado na capital

Radicchi era professor da Faculdade de Medicina da UFMG, onde foi velado

Familiares, amigos e a comunidade acadêmica despediram-se do professor Antônio Leite Radicchi, nesta terça-feira (14), no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na região central da capital. O professor foi assassinado na tarde de ontem (13), após ser esfaqueado por dez vezes dentro de um ônibus coletivo da linha 9805.

Na entrada da faculdade, um aviso informava que a bandeira estava em meio mastro devido à morte do professor. O clima era de consternação,principalmente entre os amigos da família. Há mais de 40 anos Luciano Eloi Santos conhecia Antônio Leite. Ao Bhaz, o dentista contou que Antônio foi sua primeira amizade no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e que sua trajetória acadêmica e profissional sempre foi pautada pela ética. “Minha irmã sempre diz que o Antônio chegava a ser um lord, de tão educado”, conta.

A amizade entre eles ultrapassou o campo acadêmico e foi para a vida pessoal. “Ele me convidou para ser padrinho do primeiro casamento dele e, posteriormente, eu o convidei para também ser meu padrinho”, relembrou. Sobre a morte do amigo, Luciano a classifica como a “banalização da vida”. Ele ainda ressalta que o fato pegou a todos de surpresa. “Todos estão despedaçados, literalmente. Até porque o Antônio não brigava com ninguém, nem mesmo com uma mosca”, destacou.

A estudante de Gestão de Serviço de Saúde Juliana Menezes ressalta a violência dos dias atuais e como ela atinge até mesmo pessoas pacíficas, como o professor. “Nós custamos a acreditar no que tinha acontecido. O professor Antônio Leite era muito tranquilo e isso só aumenta o medo da violência”, destacou a aluna.

Juliana ressaltou o compromisso do professor  com o aprendizado dos alunos. “Ele nos levava para projetos nas estações de água. Sempre foi muito sereno com todos os alunos, sem exceção. É uma perda irreparável para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral”, concluiu.

Na portaria do prédio da Faculdade de Medicina da UFMG, as bandeiras a meio pau eram o sinal visível da tristeza que se abateu sobre a comunidade acadêmica com a morte do professor Antônio Radicchi (Bhaz/Vitor Fóneas)

 

 

A morte de Antônio Leite é uma das “ironias da vida”, como classifica o professor Marcus Vinícius Poliano. Isso, pois Antônio, além das aulas ministradas na UFMG dedicava-se a um grupo de pesquisa sobre violência. “Ele buscava compreender essa violência desenfreada e, para isso, idealizava trabalhos com o objetivo de controlá-la. Porém, acabou sendo mais uma vítima dela”, afirmou.

Juntamente com o amigo, Marcus criou o projeto Manuelzão e, durante 20 anos, dedicou-se a esse projeto. “Ele era uma pessoa tão correta que colaborava naquilo que acreditava. Por isso, utilizava o transporte coletivo para vir dar aulas”, afirmou o amigo. Ao Bhaz, Marcus contou que a família do professor está totalmente abalada. “Há mortes que são esperadas, mas essa levou brutalmente uma pessoa de forma inesperada”, concluiu.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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