[Coluna do Orion] Veja os efeitos do julgamento de Lula para sucessão presidencial e seus rivais

Os políticos que temem enfrentá-lo dizem que Lula deveria ser derrotado nas urnas, mas, no fundo no fundo, torcem por sua condenação ou impedimento. Amanhã, o recurso dele, contra sua condenação de nove anos e meio, será julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, e acompanhado pelo mundo político e econômico.

Três magistrados decidirão se ele é culpado da acusação de receber propina da empreiteira OAS por meio de um tríplex em Guarujá (SP). Se o placar for 3 a 0, haverá uma repercussão e efeito. Se for 2 a 1, será diferente. Seja qual for, a sentença vai mexer com o jogo eleitoral.

A decisão pode interferir no futuro de cada um dos postulantes à Presidência. No campo da esquerda e centro-esquerda, fica a indefinição. Com Lula, poderá haver união dos partidos alinhados. Sem ele, todos podem buscar caminho próprio e tentar ser o herdeiro nesse campo político.

Do lado dos adversários, o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro (RJ), na extrema-direita, tenta fazer de Lula seu principal cabo eleitoral às avessas. Quer ser o anti-lula. Se o petista sair da campanha, pode perder a razão de ser. Afinal, com quem ele vai brigar?

Para Temer (MDB) e seus aliados, como o tucano Geraldo Alckmin, uma eleição sem Lula ficaria tudo mais fácil. Se houver melhora da economia, Temer pode até emplacar seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), como candidato, e ainda tem como opção o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). Com Lula no páreo, só teria como opção, mais viável, o tucano e governador paulista, Geraldo Alckmin.

Só a prisão ou impedimento barra Lula

Especialistas avaliam que o petista só não será presidente de novo se for preso ou impedido de disputar as eleições deste ano. Embora tenha sido o político mais acusado e exposto na mídia, seu favoritismo já estaria batendo a casa dos 40%. Ainda assim, lidera o processo eleitoral que mal começou. Ou seja, o estrago maior à sua reputação já teria acontecido.

Ao contrário de sua primeira eleição (2002), Lula não será, desta vez, ‘Lulinha paz e amor’, porque não precisará contar com o apoio da classe média. A turma que o está sustentando pede o combate. Com esses 40%, vai falar só para eles e, assim fazendo, ganha a eleição.

Os petistas calculam que Lula chegará até 12 de setembro à base de recursos judiciais. Seu candidato a vice deverá ser o ex-governador baiano e ex-ministro Jaques Wagner. Como Lula é favorito, não precisa buscar o vice em uma composição. Se for impugnado, transfere os votos para Jaques Wagner, que é o preferido do PT para a montagem da chapa.

Se Lula alcançar mesmo os 40%, restará aos outros presidenciáveis dividir o percentual de 30%, já que os outros 30% seriam de abstenção, brancos e nulos.

Apesar de ter sido o político mais investigado e atacado, Lula mantém o favoritismo por três razões: primeiro, tem um legado de sua passagem pela Presidência; segundo, enfrentou os próprios problemas de peito aberto, o que fortaleceu a si mesmo e aos simpatizantes. Em terceiro lugar, a maneira como Dilma foi destronada e a chegada do Temer reforçam, com muito vigor, que as acusações contra Lula seriam bem menores do que as de Temer, Maluf, Aécio, entre outros.

Amanhã, acontece, então, o julgamento, até agora, mais importante do ano e, como tal, Lula vai fazendo uma limonada desse limão, dando repercussão e discurso à sua candidatura presidencial neste ano e apresentando-se como vítima de uma “conspiração”.

Medioli deverá ser cabo eleitoral

Em vez de pré-candidato a governador, o prefeito de Betim (Grande BH), Vittorio Medioli (PHS), será um cabo eleitoral forte para quem receber seu apoio. Hoje, ele está aliado ao governador Fernando Pimentel (PT) e tem conversado com todos os outros pretendentes. Além de perder a chance de ser o nome da vez, Medioli deixou escapar também o protagonismo político diante do colega de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, do mesmo partido, que, ao encarnar o antipolítico, cresce em popularidade e aprovação, apesar de suas falhas, quase sempre perdoadas pelo eleitor.

Rodrigo Maia recorre a Kalil

O presidenciável e presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), ofereceu jantar ao prefeito de BH, Alexandre Kalil (PHS), e pediu apoio político. Kalil ficou de pensar no assunto, de olho, é claro, nos dividendos federais que a aliança poderá trazer.

Prefeitos fazem novo apelo a Pimentel

Cerca de 500 prefeitos de todas as regiões do estado deverão participar, no dia 2 de fevereiro, de mobilização na Cidade Administrativa (auditório JK), para fazer apelo e discutir solução da dívida do governo mineiro com os municípios. Esse é o principal objetivo do “Encontro dos Prefeitos Mineiros”, promovido pela Associação Mineira de Municípios.

Será um dia inteiro de debates sobre a crítica situação financeira dos municípios mineiros e de tentativa de solução. A crise se agravou com os atrasos nos repasses do estado a partir do início de 2017.

As dívidas do estado com os municípios com transporte escolar, IPVA, ICMS e na área da Saúde somam aproximadamente R$ 3 bilhões. “Já fizemos todas as tentativas: reuniões com secretários e o governador, mobilizações com os prefeitos, encontros com os deputados da bancada mineira, envios de ofícios ao governo e, até agora, não tivemos resposta definitiva do estado quanto à quitação da dívida conosco, prefeitos mineiros, e nossos municípios. Este evento será um apelo para o governador enxergar, definitivamente, que estamos pedindo os nossos direitos constitucionais, os repasses que são de direito dos municípios mineiros”, disse o presidente da AMM e prefeito de Moema, Julvan Lacerda.

O dirigente acusou o governo, nesta segunda (2), de, além dos débitos acumulados, se apropriar, neste mês, de cerca de 80% do valor correspondente à cota-parte do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de 2018, devida aos municípios, em uma comparação feita com a arrecadação no mesmo período, de 1° a 16 de janeiro, de 2017. O governo mineiro não se manifestou sobre esse atraso.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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