Lavador de carros paga advogado para colega que o esfaqueou sete vezes; vítima ficou na UTI

Sebastião e Hugo (esquerda) saíram abraçados de audiência

Um caso inusitado ocorrido na cidade de Sousa, no sertão da Paraíba, virou assunto entre moradores da região. Um lavador de carros levou sete facadas de um colega depois de um desentendimento enquanto trabalhavam. O homem, de 39 anos, precisou ficar internado e o autor da agressão, de 29, acabou preso. Quando saiu do hospital, a vítima perdoou o algoz e procurou um advogado para ajudá-lo a deixar a prisão.

O defensor contratado pela vítima Sebastião Felizardo para atuar no caso do autor Hugo Paixão foi o responsável por tornar a situação pública. João Hélio Lopes Silva contou, por meio das redes sociais, nessa quinta-feira (1º), que os dois lavadores de carro brigaram em agosto de 2017 e, em um acesso de raiva, Hugo acabou esfaqueando Sebastião. O agressor foi detido por um policial militar que passava pelo local, enquanto a vítima foi para dentro de uma igreja católica pedir ajuda.

Felizardo foi socorrido para um hospital da região e ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por quatro dias. Depois de se recuperar, ele se tornou evangélico e perdoou o colega que tentou matá-lo. A partir de então, resolveu procurar ajuda para tirar Paixão da cadeia. Inicialmente, o homem pediu ao juiz responsável pelo caso, José Normando Fernandes, para arquivar o processo, mas teve a solicitação negada. A ocorrência foi registrada como lesão corporal, mas o agressor recebeu liberdade provisória.

Sebastião e Hugo participaram de uma audiência e deixaram o local abraçados. E a decisão do magistrado sobre o futuro do autor das facadas deve sair ainda este mês. “Expliquei a Sebastião que a acusação do crime seria feita pelo Ministério Público e não tinha sentido ele contratar um advogado para o processo. Foi daí que ele disse que queria minha ajuda para soltar o réu e tentar que ele não fosse condenado”, explicou o advogado ao UOL.  “No dia da audiência, Sebastião afirmou perante o juiz que queria retirar o processo porque perdoou o réu. Eles saíram abraçados do fórum, isso chamou a atenção de todos. Esse foi o maior exemplo de perdão que já vi em toda minha carreira”, completou Silva.

Sebastião não trabalha mais como lavador de carros, já que conseguiu um emprego como vendedor autônomo. Agora, ele tenta ajudar o colega Hugo a conseguir uma nova colocação no mercado de trabalho. Os dois são frequentadores de um grupo de oração chamado “Calçadas da Fé”.

 

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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