Ativistas da proteção animal realizaram hoje, em frente ao consulado da Turquia em Belo Horizonte um ato em repúdio à exportação de animais vivos para aquele país. Além da capital mineira, a ação aconteceu nas cidades de Salvador e São Paulo. Durante a manifestação, os participantes utilizaram velas, tintas, imagens, fotos e cartazes pedindo o fim da exploração animal de todas as formas, mais especificamente o transporte marítimo de milhares de bois vivos para a Turquia.
Eles também entregaram ao cônsul da Turquia em Belo Horizonte um documento no qual protestam contra a volta do transporte de cargas vivas, depois de 20 anos sem que isso tenha ocorrido no Brasil. “Retrocedemos, mais uma vez, em nosso país”, diz a nota, que atribui à bancada ruralista no Congresso a volta desse tipo de transporte. “São esses representantes que continuam explorando, arbitrariamente, milhares e milhares de inocentes, com o uso de suas fortunas, muitas vezes advindas da corrupção e da desonestidade, mandando e desmandando sem que ninguém os impeça, enquanto todos sofrem, sejam pessoas ou animais”, diz a nota.
Entenda o caso
No ultimo sábado (3), cerca de 25 mil bois permaneceram durante oito dias confinados em situação precária no porto de Santos em São Paulo, à espera de serem exportados para a Turquia. Uma decisão judicial proibia a saída da embarcação, depois que uma perícia constatou maus-tratos aos animais, que pertenciam à Minerva Foods, uma empresa com sede em Barretos. Contrariando a decisão, o navio acabou partindo na noite de domingo, após intervenção do governo federal e da bancada ruralista no Congresso.
Desde então, o caso se tornou um símbolo para ativistas, que prometem mais protestos e pretendem pautar o Congresso Nacional para tentar a proibição do tipo de transporte no país. Um projeto de lei foi protocolado na Câmara nesta segunda-feira (5), pelo deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
De acordo com Carolina Carvalho, uma das organizadoras da manifestação na capital mineira, compreender o que está acontecendo vai muito além dos maus tratos aos animais. “É preciso abrir os olhos para ver que somos verdadeiros escravos desse sistema, tanto quanto os animais. Estamos indignados em ver que a decisão da justiça não foi cumprida, mesmo depois de juízes terem determinado que o navio não tinha condições de seguir viagem. Bastou uma ação do governo para que nada disso valesse e o povo mais uma vez não tivesse voz”.
