[Coluna do Orion] Pimentel, Kalil e Medioli travam eleição deste ano

De uma hora para outra mais intensa, o quadro político passou a sofrer bombardeios seguidos de ataques especulativos para atrair o noticiário político à tentação por fatos sensacionais. Ledo engano. O que a política de hoje não tem é algo de sensacional; o que a maioria não tem é capacidade de decidir, mesmo com planejamento. Por conta dos riscos, os políticos não sabem o que farão daqui a dois meses.

Quando estivermos em 8 de abril, por exemplo, cairão as primeiras máscaras, frustrações e promessas. A partir daí, na hora da coragem e do recomeço, muitos ficam pelo caminho, agarrados ao cargo que não deixaram para disputar a próxima eleição.

Próximo dessa data (7 de abril, a seis meses da eleição), todos querem saber o que vai acontecer, porque sem esse conhecimento fica difícil avançar nessa avaliação. Nesse dia, saberemos se aqueles pré-candidatos a alguma coisa abriram mão de seus cargos públicos (desincompatibilização, como define a legislação eleitoral) para desafiar os adversários em novas conquistas.

Exemplos não faltam. Vamos começar pelo cargo mais alto: Fernando Pimentel, governador de Minas, deixará o cargo para disputar uma das duas vagas do Senado? Se não sair, só poderá disputar a reeleição, sem deixar o cargo, ou apenas cumprir o mandato atual. Falam que até o vice-governador Antônio Andrade já teria convidado esse ou aquele para integrar seu futuro secretariado.

Nome mais competitivo da eleição, segundo as pesquisas, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), se não deixar a prefeitura no dia 7 de abril, ou antes, não poderá ser candidato a nada. Se o fizer, dará dor de cabeça em muita gente, especialmente no ‘aliado’ Pimentel. Outro nome muito cogitado, o prefeito de Betim, Vittorio Medioli (se diz sem partido), só entra no jogo se deixar o cargo, mas vai deixar? Ele só faria isso caso seu aliado, Fernando Pimentel, não seja candidato à reeleição. Essa definição, no entanto, só pode acontecer no mesmo dia em que Medioli teria que se decidir, ou seja, até 7 de abril. Tem gente que jura de pés-juntos que ele já chamou o vice e o avisou da saída.

Tudo somado, esses três nomes travam a sucessão estadual por conta de suas (in)definições. Sem elas, ficaremos especulando. A oposição a eles sabe disso e, como tem outro deadline (prazo de definição), fica observando o quadro, mas não planeja nem define enquanto aqueles três não se definirem.

Tanto é que, do lado deles, existe mais de uma possibilidade, mas poucas apresentam cacifes de porte estadual. Mais de um fala que os pré-candidatos Dinis Pinheiro (PP) e Marcio Lacerda (PSB) teriam fechado acordo para as eleições sob o seguinte parâmetro: quem tiver pior posicionado nas pesquisas vira vice do outro.

Outra possibilidade é de os senadores Antonio Anastasia e Aécio Neves saírem candidatos. Anastasia não quer, nem precisa, mas, se Pimentel desistir, ficará fácil para ele. Aécio pode achar a mesma coisa. O deputado federal Rodrigo Pacheco é oposição a Pimentel, mas seu partido, o MDB, que pode apoiar o petista, não lhe daria a legenda para ser candidato. Sendo assim, terá que mudar de partido. O MDB (ex-PMDB) ajudou a eleger Pimentel, indicou o vice, Antônio Andrade, que é o presidente estadual, mas está rompido com o governador.

Como Andrade não tem força política interna no MDB, ele deve disputar para deputado federal pelo seu partido, e Pacheco, se quiser disputar, terá que filiar-se em outro. Até onde se fala, a ala liderada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adalclever Lopes, é majoritária e quer apoiar a reeleição do petista Pimentel.

Decantada união política de Minas

A estratégia da união do governador, com o prefeito, os deputados federais e senadores, enfim, dos políticos mineiros, deveria ser permanente e acima das diferenças partidárias e políticas. Mas, por conta delas, eles só se unem diante de uma ameaça maior, depois do que a porta foi arrombada. É o caso do futuro incerto do metrô de Belo Horizonte.

Durante mais de 20 anos, os governos prometiam trazer verbas para ampliar essa obra federal, mas de grande importância local. O governo atual é o primeiro a cortar verbas, com uma paulada. De R$ 103 milhões do ano passado caiu para R$ 57 milhões neste ano. Desse jeito, o metrô pode parar até o meio do ano.

Minas não tem ministério nem força política em Brasília porque não tem união política em defesa das questões do estado. A união política é estratégia política, mais do que isso é uma questão de bom senso. Os deputados não agem de forma integrada ou articulada. Cada um age por si.

Em resposta às pressões do governador, o governo federal, buscando ganhar tempo, sugeriu estadualizar o Metrô de BH, mas será que, além da responsabilidade, virão também os recursos?

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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