Filhos de Tcha Tcha denunciam ação da PM no Carnaval de BH; corporação apresenta outra versão

Bloco desfilou pelas ruas do Vale das Ocupações do Barreiro

Organizadores do bloco Filhos de Tcha Tcha denunciaram hoje, pelas redes sociais, a ação da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) durante a dispersão do bloco, no Vale das Ocupações no Barreiro, nesta segunda-feira (12). Eles alegam que os agentes massacraram os foliões e cometeram uma “barbárie”, como definem, contra as pessoas que por lá estavam.

Em conversa com o Bhaz, Rafael Barros, organizador do bloco, alegou que até o momento não entende o motivo de os policiais terem agido de tal forma. “Estávamos dentro de um galpão da ocupação sem obstruir o espaço público. As pessoas estavam até chamando o Uber para irem embora, quando desceram correndo dizendo que uma moradora havia sido detida”, conta. Esta moradora é Indianara, assessora das vereadoras Áurea Carolina e Cida Falabela, ambas do PSOL, que junto com outro morador da região, foram presos.

Rafael contou que, ao ser informado da prisão, foi conferir o que estava acontecendo. Ao tentar dialogar com os policiais, foi empurrado e atingido por golpes de cassetete. “Ao ver que eles não queriam diálogo, tentei retirar as pessoas do local, pois todos estavam revoltados”, lembra. Moradores que estavam em um campo de futebol do bairro foram atingidos por bombas de efeito moral jogadas por PMs que estavam na parte superior das ocupações.

Diversas pessoas tiveram ferimentos e precisaram ser encaminhados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Uma funcionária da Secretaria Municipal de Cultura foi arrastada pelos policiais.

O Bhaz entrou em contato com a PMMG e foi informado que a ação não foi em relação ao bloco. O tenente coronel Sílvio disse que, a partir das 20h, um grupo de pessoas se reuniu e ligou um carro de som.

Como o horário já não era permitido, algumas pessoas tentaram a liberação do som junto aos policiais. Porém, a liberação não ocorreu.  Após a terceira negativa, de acordo com o tenente, Indianara desacatou os agentes. “Ela recebeu voz de prisão e teve um martelo apreendido. Na sequência algumas pessoas foram em direção aos PMs para libertar a mulher da guarnição”, conta. Por conta disso, foi necessária a presença de outros militares.

O outro homem preso jogou uma pedra na viatura policial. No total, três militares ficaram feridos. Sobre a agressão que teria sido sofrida por Rafael, o tenente afirmou que “em momento algum ele procurou a PM e que por isso não foi agredido por eles”. O tenente disse, ainda, que a corporação tentou contato com os organizadores do evento, mas não teve a ligação atendida.

“Vamos até a ouvidoria da PMMG denunciar o caso e também ao Ministério Público e às comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Belo Horizonte e Assembleia Legislativa de Minas Gerais. É um absurdo a corporação, que é paga por todos nós, colocar nossa vida em risco. Não vamos nos calar diante disso. Vamos nos fortalecer e nos organizar contra a bárbarie”,  concluiu Rafael.

Vereadora repudia ação

Áurea Carolina (PSOL) conversou com o Bhaz e repudiou a ação dos militares. Ela afirmou que participou do desfile do bloco desde o começo, mas que no momento em que os militares chegaram, já não estava no local. “Não via a ação da PM, mas acompanhei os relatos e fiquei tentando ligar para várias autoridades tomarem providência contra a ação abusiva”, contou.

A vereadora ainda disse que o corrido na ocupação é uma “demonstração de como a PM age violentamente em situações que não demandam este tipo de intervenção”, conforme define. “O bloco foi lindo, a comunidade estava feliz, mas tivemos este desfecho abominável. Ao que tudo indica, os PMs recebem a orientação de agirem com truculência na dispersão dos foliões”.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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