Chuva no Rio: a noite em que as sirenes soaram sem parar nas comunidades

No Centro do Rio, árvore cai após temporal que durou toda a madrugada

Uma criança morreu hoje (15) devido ao desabamento em uma casa em Quintino, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. O menino, cuja idade não foi informada pelo Corpo de Bombeiros, foi levado para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, mas não resistiu aos ferimentos.

Ele foi a quarta pessoa a perder a vida com as chuvas desta madrugada na cidade do Rio. Além dele, um homem de 54 anos e uma mulher de 62 anos também morreram em um desabamento de casa, no bairro de Quintino, na zona norte.  Um policial militar de 48 anos foi morto em Realengo, quando uma árvore caiu sobre o carro em que a vítima estava.

O temporal  provocou o fechamento da Ciclovia Tim Maia, no trecho entre a Barra da Tijuca e São Conrado, devido ao afundamento de parte da pista, onde uma cratera de cerca de dez metros se abriu ao lado da Autoestrada Lagoa-Barra, na zona sul da cidade.

Segundo a Defesa Civil do município, técnicos do órgão e guardas municipais estão no local para evitar a aproximação de pessoas do local do afundamento. Não há registro de feridos.

Com as fortes chuvas da madrugada, parte da ciclovia Tim Maia, que liga São Conrado à Barra da Tijuca, foi destruída (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Sirenes tocaram em 77 comunidades

Durante a noite e a madrugada, foram acionadas 77 sirenes em 44 comunidades, de forma preventiva, por causa das fortes chuvas. As comunidades integram as regiões de Jacarepaguá, Grande Tijuca e Zona Norte. Segundo o Centro de Operações Rio (COR), os moradores receberam orientação de agentes comunitários e da Defesa Civil Municipal para se deslocarem até os pontos de apoio.

“Os equipamentos são acionados a partir do registro de 55 mm de chuva, no período de uma hora, o que pode deixar a encosta vulnerável a deslizamentos. Mesmo antes do toque das sirenes, as lideranças comunitárias treinadas pela Defesa Civil já haviam informado os moradores sobre a possibilidade de evacuação”, informou o centro de operações.

As sirenes foram instaladas após mapeamento feito pela Fundação Instituto Geotécnica (Geo Rio) que identificou os pontos de alto risco de deslizamentos nas comunidades.

O COR informou que o temporal impactou, principalmente, bairros das zonas Norte e Oeste do Rio. Em Jacarepaguá, entre as 17h de ontem e as 2h de hoje choveu quase 150% da média esperada para todo o mês de fevereiro. Nas regiões da Barra/Riocentro e de Piedade, a precipitação foi equivalente a 126% da média de fevereiro. A média, na cidade, foi de 75% do esperado para o mês.

Segundo a Subsecretaria de Defesa Civil, que integra a estrutura da Secretaria de Ordem Púbica (Seop), até as 10h30 de hoje (15), foram registradas 345 ocorrências. A Guarda Municipal, que é parte da Seop, atua hoje com 400 agentes para minimizar os transtornos causados por alagamentos, bolsões de água, quedas de árvores e outros bloqueios em vias, além de semáforos apagados por falta de energia.

Técnicos foram para o Complexo do Alemão verificar a situação, já que há informação de várias casas danificadas pelas chuvas. Segundo balanço divulgado no fim da manhã, a prefeitura ainda acompanha 19 ocorrências de quedas de árvore, quatro interdições por bolsão de água, um deslizamento de muro em Piedade, uma queda de muro em Cascadura e duas quedas de poste, sendo uma na Ilha do Governador e a outra em Vila Valqueire.

A cidade entrou em “estágio de crise” pouco depois da meia-noite, e retornou ao “estágio de atenção” às 5h30, segundo o Alerta Rio. A previsão, para o dia, é de áreas de instabilidade e predomínio de céu nublado, com condições para ocorrência de pancadas de chuva isoladas a qualquer hora do dia.

Hospitais foram prejudicados

Três hospitais do Rio de Janeiro foram prejudicados pelo temporal. O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conhecido como Hospital do Fundão, suspendeu as cirurgias marcadas para hoje, devido à mudança na rotina das pessoas decorrente dos estragos provocados pela forte chuva das últimas horas. A assessoria do hospital informou que as cirurgias e internações eletivas foram suspensas até que a situação seja restabelecida.

De acordo com o Centro de Operações da prefeitura do Rio, em nove horas, choveu no Rio de Janeiro 75% do esperado para todo o mês de fevereiro. A cidade ficou mais de cinco horas em estágio de crise devido à chuva forte, acompanhada de vento e raios.

A Ilha do Governador, bem como a Ilha do Fundão, onde fica o hospital, foram os locais mais atingidos pela tempestade. No Hospital do Fundão, o Centro de Tratamento Intensivo ( CTI ) e uma enfermaria  foram transferidas para outras áreas da unidade, com a finalidade de manter a segurança e o atendimento aos pacientes.

A direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, informou que, devido à forte chuva na madrugada desta quinta-feira, a unidade sofreu com a falta de energia e precisou acionar os geradores para garantir a assistência aos pacientes. O fornecimento de energia elétrica do hospital já foi restabelecido. Apesar dos problemas provocados pelo temporal, o hospital não interrompeu o atendimento aos pacientes.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que “devido ao grande volume de água da chuva, também houve pontos de infiltração no setor da emergência e, preventivamente, alguns pacientes foram transferidos para outros setores, mas sem paralisar os serviços na unidade”.

O Hospital Estadual Getúlio Vargas, no bairro da Penha, teve os corredores da unidade de saúde alagados após o temporal, mas a situação já está normalizada.

 

Marcelo

Marcelo Freitas é redador-chefe do Bhaz

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