Um vídeo que circula pela web mostra que um ônibus da viação Transoeste teve uma de suas viagens interrompidas após o veículo apresentar problemas no sistema de freio.
A empresa é a mesma responsável pelo coletivo que se acidentou na última terça-feira (13) e matou cinco pessoas, deixando sete ainda internadas, sendo três em estado grave. O ônibus da linha 305, que fazia o trajeto Estação Diamante/Mangueiras, caiu em um córrego, já no bairro Mangueiras, na região do Barreiro. Testemunhas e sobreviventes contaram que o acidente pode ter sido causado por falta de freios, já que o motorista avisou aos passageiros sobre a falha na frenagem antes de se acidentar.
Desta vez, o coletivo que aparece na filmagem é de linha 311, que faz o trajeto Estação Diamante/Independência. Segundo o usuário que faz a denúncia, o ônibus iria descer um morro no momento em que foi parado para evitar um acidente. O caso aconteceu na tarde deste domingo (18), por volta das 13h30, na avenida Minas Gerais, em Ibirité. Confira o vídeo:
Usuário denuncia falta de freios em ônibus da Grande BH. O coletivo é da mesma empresa de acidente no Barreiro. pic.twitter.com/gFKbSFsEd3
— BHAZ (@sitebhaz) 19 de fevereiro de 2018
Segundo a mulher que compartilhou o vídeo no Facebook, Junia Teodoro, quem estava no coletivo era seu sogro. Segundo ela, ele pediu que outro rapaz gravasse o vídeo relatando o que aconteceu. “Ele chegou à minha casa revoltado com a situação, pois, dia desses ocorreu um acidente gravíssimo por conta desse mesmo problema”, conta.
BHTrans confirma problema
Consultada, a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A (BHTrans), responsável pelo trânsito da capital, confirmou que o coletivo número 2.269, da linha 311, teve um problema de funcionamento, conforme mostrado na imagem. Entretanto, o órgão não soube precisar qual era o mau funcionamento. Em nota, a BHTrans informou que “assim que foi constatado um problema com veículo, a empresa foi convocada a trazer o veículo para a vistoria, que já está sendo feita”.
Confira a íntegra da nota da BHTrans:
A BHTrans realiza um rigoroso acompanhamento da qualidade do serviço prestado no transporte coletivo na capital, seja convencional ou suplementar. As vistorias são rotineiras e obrigatórias para checagens de itens de segurança, como sistemas de freios, de suspensão, parte mecânica e outros itens como chassi e equipamentos de identificação dos veículos e atinge, além do transporte coletivo por ônibus (convencional e suplementar), o serviço escolar e táxi. Apenas com todos os itens em acordo com as normas de segurança é emitida a Autorização de Tráfego, para que o veículo possa prestar o serviço à população.
Além das checagens programadas, a empresa realiza, de forma aleatória, vistorias eventuais nas garagens e nos pontos finais das empresas de ônibus. Conforme contrato assinado desde 2009, com as concessionárias do transporte coletivo convencional, a periodicidade das rotinas varia de acordo com a idade do veículo. Após a primeira avaliação, assim que o veículo ingressa no sistema, as vistorias seguem a seguinte programação: segunda vistoria é realizada quando o veículo completa 2 anos. Ônibus com 3 a 6 anos de fabricação são vistoriados anualmente e os veículos com 6 a 10 dez anos de fabricação são avaliados a cada semestre. Quando o veículo completa sua vida útil (10 anos de fabricação para veículos convencionais, 12 anos para articulados e 7 anos para mini ônibus), é retirado do sistema. Belo Horizonte tem uma frota de ônibus considerada nova, com veículos com menos de 5 anos de fabricação.
Além das vistorias, as reclamações que chegam à empresa, através do canal direto de relacionamento com o usuário, servem como balizadores das ações de fiscalização, por meio da central de atendimento da PBH, no telefone 156, ou no portal da BHtrans, www.bhtrans.pbh.gov.br
A fiscalização é realizada por meio dos Agentes de Transportes e Trânsito da BHTrans, com presença tanto nas ruas quanto nas garagens. Ao confirmar irregularidades, aplica as devidas penalidades às concessionárias, conforme estabelecido nos contratos de concessão do transporte coletivo.
É importante destacar que cabe as empresas operadoras, por meio de suas garagens, fazer trabalhos de manutenção preventiva e corretiva em seus veículos conforme critérios recomendados pelas fabricantes.
Empresa se nega a falar
Após receber o vídeo com a denúncia, o Bhaz entrou em contato com a Transoeste, empresa responsável pela linha de ônibus denunciada no vídeo, para esclarecer as denúncias.
O primeiro contato foi por volta das 13h30, quando solicitamos um posicionamento da empresa. No mesmo horário também foi solicitada uma resposta da BHTrans e do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH).
Por volta das 15h30, o Bhaz retornou o contato para saber sobre o andamento da demanda enviada. Ainda sem retorno, às 17h30 foi feita nova tentativa de obtenção de uma posição da empresa.
Por telefone, uma funcionária da Transoeste informou que a pessoa responsável por encaminhar uma resposta havia ido embora, pois “tinha outros compromissos”. Questionada sobre uma resposta à população sobre o fato, a funcionária informou que nada poderia fazer e que não era uma obrigação atender à demanda do Bhaz.
Setra-BH também fica sem resposta
O Bhaz contatou também o Setra-BH e, via assessoria, informou que o sindicato também estava encontrando dificuldades para obter um retorno da empresa. Sendo assim, era impossível para o Sindicato se posicionar sobre o assunto sem entender o que havia acontecido, já que é uma responsabilidade da empresa registrar os defeitos nos coletivos.