[Coluna do Orion] É hora de frieza e menos destempero na definição das futuras candidaturas

PHS, de Marcelo Aro (d), estimula Kalil a fazer parte de uma encenação política

Os partidos começam a ficar mais salientes e ansiosos com o vencimento dos primeiros prazos eleitorais. O que costuma ser um erro na política, que carece de decisões mais racionais e menos destemperadas. Quem tem prazo usa, quem não tem, faz o que pode.

A pressa de hoje move as pré-candidaturas do governador Fernando Pimentel (PT) e do deputado federal Rodrigo Pacheco (MDB). Até o dia 6 de abril, eles têm que resolver suas demandas mais urgentes. Se mudar de ideia e disputar outro cargo, como o de senador, Pimentel terá que deixar o governo nessa data; caso contrário, toca o barco sem deixar o cargo, seja para disputar a reeleição ou só para completar o mandato.

Rodrigo Pacheco sabe que não tem chances de ser candidato mantendo-se filiado ao MDB, que está aliado a Pimentel. Então, o deputado terá que se abrigar, como está adiantado, no DEM, onde são fortes as conversas para turbinar a candidatura dele a governador com apoio do campo político dos tucanos.

Kalil entra no jogo político

No último sábado, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), foi estimulado a ser candidato a governador por membros de seu partido, mas tudo não passa de marola. Kalil não quer e não pode fazer isso, mas, ainda assim, tem até o dia 6 de abril para tomar a decisão. Pelo que já ouvi de seus aliados, ele tende a ficar onde está. Apesar de estar bem na fita, com alta popularidade, o prefeito foi alertado por seu secretário da Fazenda, Fuad Noman, para o fato de que a grave realidade financeira do Estado trará desgaste e muita dor de cabeça ao futuro governo.

O mais estranho em tudo isso é Kalil permitir ser usado por partidários para fazer parte de uma encenação de um jogo político. Logo ele, que se dizia avesso às manobras políticas e que faria de forma diferente. Além de enganar a população, a falsa estratégia do PHS e a reação dele contribuem para tumultuar o quadro político eleitoral, que ainda está em fase inicial e de articulações.

Alckmin pressiona Anastasia

Ao contrário deles, a oposição tem mais prazo para pensar e aguardar os desdobramentos das decisões dos rivais. Ainda assim, estão em movimento. É grande, por exemplo, a ansiedade que vem de São Paulo. Lá, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que é pré-candidato a presidente, precisa deixar o cargo no dia 6 de abril, e quer fazer de Minas também uma de suas bases eleitorais. Por isso, quer um palanque forte por aqui. Essa é uma das razões pela qual vai crescer, interna e externamente, a pressão para que o senador Antonio Anastasia (PSDB), um dos mais cotados, reveja seus conceitos e aceite ser candidato a governador.

Ao contrário do senador Aécio Neves, ex-líder dos tucanos mineiros e aliados, Anastasia é bem recebido quando vai às ruas e estimulado a voltar ao Governo de Minas. Aécio, por sua vez, evita sair de casa, porque teme as vaias.

Anastasia, no entanto, está em outra frequência. Prefere apoiar um nome de consenso de seu grupo político, que parece ser o de Rodrigo Pacheco. Aí, entrariam outras negociações do DEM nacional, o que também interessa ao apressado tucano paulista.

Mares Guia será pedra nos sapatos

Incensado pela Rede Sustentabilidade, partido da presidenciável Marina Silva, o pré-candidato a governador João Batista Mares Guia resgatou o gosto pela militância política do período em que liderava passeatas contra a ditadura e, depois, quando filiou-se ao PT e foi o seu primeiro estadual em 1982. Hoje, aos 67 anos, demonstra a mesma disposição para o debate político e de ideias. Não tem recursos para campanha nem pontuação visível nas pesquisas, mas dará trabalho a petistas e tucanos.

Sobre a polêmica entre tucanos e petistas a respeito do alto déficit (R$ 8 bilhões) nas contas públicas, já sabe de quem é a responsabilidade. “Dos governos tucanos, especialmente o de Anastasia (Antonio), que cedeu às pressões corporativas, e ao governo de Pimentel, por seguir à risca a cartilha de Anastasia”. Sua presença nos debates está garantida pela legislação, pelo fato de seu partido ter, pelo menos, cinco deputados federais.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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