MPF abre inquérito para apurar rompimento de mineroduto; Anglo pede ‘desculpas’

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para apurar as causas e o impacto da ruptura do mineroduto da empresa britânica Anglo American, ocorrida na manhã de ontem (12). Chamada Minas-Rio, a obra transporta minério de ferro produzido em Minas Gerais para o porto Barra de Açu, no Rio de Janeiro.

A tubulação danificada atingiu o manancial Ribeirão Santo Antônio, responsável por abastecer o município mineiro de Santo Antônio do Grama, que tem uma população de aproximadamente 4,2 mil pessoas. A água encanada precisou ser cortada, e a mineradora disponibilizou caminhões-pipa para atender a população.

“As primeiras medidas, tomadas já nesta segunda-feira, consistiram em solicitar informações, em caráter de urgência, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão federal responsável pelo licenciamento e fiscalização do mineroduto, à Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e à prefeitura de Santo Antônio do Grama sobre o rompimento, a possível contaminação de cursos d’água e a natureza dos resíduos”, informou o MPF, em nota.

Em nota, a Anglo American afirmou que o rompimento foi identificado às 7h42 e que a prefeitura de Santo Antônio do Grama, a Defesa Civil, a Copasa, a Semad e o Ibama foram imediatamente comunicados. De acordo com a mineradora, não houve vítimas e o fluxo do mineroduto foi interrompido de forma que, neste momento, apenas água está sendo escoada pela estrutura. “A polpa consiste em 70% de minério de ferro e 30% de água, sendo classificada pela NBR 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como resíduo não perigoso”, acrescenta o texto.

Mineroduto

O empreendimento Minas-Rio compreende a extração de minério nas serras do Sapo e Ferrugem, o beneficiamento nos municípios de Conceição do Mato Dentro (MG) e Alvorada de Minas (MG) e ainda o mineroduto de 525 quilômetros que corta o território de 33 municípios, sendo 26 mineiros e sete fluminenses.

O projeto foi idealizado em 2004 pela sociedade empresária MMX (Minas Rio Mineração e Logística Ltda.), pertencente ao Grupo EBX, do empresário Eike Batista. Na região, há um campo vasto de rochas propícias à formação de minério de ferro, granito, ouro e mesmo diamante.

O licenciamento do Minas-Rio envolve as secretarias de meio ambiente dos dois estados, além do Ibama, na esfera federal. Os centros coordenadores do sistema estão situados nos municípios de Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas, Dom Joaquim e Serro.

Empresa pede desculpas

A empresa Anglo American pediu desculpas pelo rompimento do mineroduto ocorrido em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata de Minas Gerais. Na publicação, o presidente da empresa Ruben Fernandes afirma que a a produção de minério está interrompida deste a segunda-feira (12), pois o mais importante é o abastecimento de água para as pessoas que moram próximo do local afetado.

Também pelas redes sociais a mineradora esclareceu que o vazamento já foi estancado em sua totalidade e que os sedimentos são considerados pelas normas da ABNT como não perigoso, pois 70% são minério de ferro e 30% água.

No total, foram vazadas 300 toneladas de minério de ferro nos 25 minutos que durou o ocorrido. Para conter os sedimentos foram implantados no córrego Santo Antônio filtros e uma bacia de contenção foi construída.

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) suspendeu a captação de água no ribeirão a partir do momento em que houve o rompimento. A Anglo American realiza o monitoramento da qualidade da água em 30 pontos.

Os moradores estão sendo abastecidos com caminhões-pipa na Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio Casca. Como essa medida é de caráter emergencial pede-se aos moradores que adotem um consumo consciente.

Voo realizado na área

Na manhã desta terça-feira (13), a equipe técnica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) fez um sobrevoo na área impactada pelo rompimento do mineroduto da Anglo American. A ação teve o objetivo de avaliar as características e a dimensão do dano, bem como fazer o levantamento de dados, a exemplo de registros fotográficos.

Da Agência Brasil

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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