[Coluna do Orion] Eleição traz ao governante aquilo que Temer não tem: legitimidade

EBC/Divulgação

Divulgaram a pesquisa da CNI/Ibope, na terça (13), que apenas quantifica o que todos já sabíamos. Por que haveria razão de haver otimismo com as questões referentes à política? De acordo com o dado, 44% dos brasileiros estão pessimistas com as eleições presidenciais deste ano. Se estivessem otimistas, estariam em outro país, mas o brasileiro não pode se esquecer que são exatamente as eleições e sua participação mais constante na política, no sentido de construção, que podem trazer avanços. Eleição, além de trazer mudanças, traz algo muito caro à política e à administração pública, que é a legitimidade, exatamente o que falta ao atual governo e ao seu presidente.

Ora, um governante eleito pelas urnas passa antes pelo crivo de uma campanha eleitoral, quando apresenta suas propostas de gestão, as discute com a sociedade, é sabatinado, debate com os concorrentes, se expõe e ouve muita gente, enfim, ele consolida um projeto que poderá ter apoio, pelo menos, da maioria que o elegeu. Veja, por exemplo, o caso da reforma da Previdência, que mexe com nossas aposentadorias. Se ela for realmente necessária, como dizem, então que se discuta, debata intensamente a proposta durante a campanha e nos convença.

Se o candidato que for eleito, mesmo adiantando que mexerá na previdência, então, não será um golpe sobre a vida do brasileiro. Estarão todos sabendo que ele fará isso porque seria necessário e estaríamos todos convencidos. Que vai ter esse ou aquele limite, restrição e que quem já tem direitos conquistados não pode ser lesado. Enfim, várias questões a serem pactuadas.

Se você elege um presidente, ou uma presidente, ele ou ela não poderá ser destronado por um grupo político oportunista. Se o governo não estiver bem, façamos uma espécie de recall, pedindo novamente a avaliação da população, não de um grupo que quer chegar ao poder pelo caminho do assalto. Essas coisas, então, precisam ser aperfeiçoadas para evitar a frustração e o pessimismo, que, ao final, são positivos até para provocar as mudanças e o amadurecimento.

A pesquisa CNI/Ibope Retratos da Sociedade Brasileira foi feita pelo Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontando que a corrupção (30%), a falta de confiança nos governantes e candidatos (19%) e a falta de confiança nos pré-candidatos (16%) estão entre os principais motivos de incredulidade dos brasileiros. O levantamento ouviu, entre os dias 7 e 10 de dezembro de 2017, cerca de 2.000 pessoas em 127 municípios brasileiros.

Ano eleitoral é de turbulências para governantes

Eleição já está se misturando com a administração e não dá para distinguir uma da outra. Até porque, além da eleição de governador, no caso de Minas, a administração do governador Fernando Pimentel (PT), que tentará a reeleição, estará em avaliação: se ele deve sair ou ficar mais quatro anos, com base no que fez ou deixou de fazer.

À falta de concorrente forte, Pimentel continua favorito para ser um dos finalistas, chegar ao segundo turno da disputa, mas aí encontrará seu principal desafio. Na segunda fase da eleição, caso ele chegue lá, encontrará um adversário mais difícil, porque todos se unirão contra ele.

Agora, vêm a mistura de administração. Hoje, ele enfrenta uma greve de professores e de servidores da educação, desde o dia 8 de março, por não ter cumprido o que prometeu a eles. As principais reivindicações da categoria são o cumprimento do acordo feito em 2015 para o pagamento do piso salarial nacional, assim como o fim do parcelamento dos salários e do 13º de 2017.

Segundo a presidente do sindicato (SindUte), Beatriz Cerqueira, o governo vem descumprindo leis e acordos firmados. O líder governista, deputado André Quintão (PT), disse que, apesar de considerar legítima a demanda dos servidores, fatores políticos e econômicos trouxeram dificuldades ao estado.

No bate e rebate, a Assembleia Legislativa decidiu atuar como bombeiro no processo de negociação entre o governo e os servidores da educação. O acordo foi formalizado, na terça (13), entre o presidente da Casa, Adalclever Lopes, e o SindUte.

Ainda na assembleia, por conta de erros técnicos que poderiam ser barrados judicialmente, o governo mineiro trocou, pela segunda vez, os projetos que tratam, respectivamente, da negociação de direitos creditórios e de autorização de empréstimo para pagamento de precatórios. Na primeira vez, eles foram apresentados como emendas ‘Frankenstein’ a outro projeto; na segunda, virou projeto, específico como determina a lei e, agora, vieram desvinculados, como também exige a legislação. Está na terceira versão da mesma iniciativa.

O projeto do empréstimo federal é de R$ 2 bilhões e será destinado, especificamente, a financiar o pagamento de precatórios (dívidas do Estado resultantes de decisões judiciais). O valor do empréstimo cobre apenas 50% do que deve o Estado com precatórios. Vamos ver se as pessoas que têm direito possam receber os precatórios antes de morrer, porque, há muito, eles estão esperando na fila da desesperança.

Medalha da Inconfidência sem Tiradentes

O prefeito de Ouro Preto, Júlio Pimenta, solicitou ao Estado que a entrega da Medalha da Inconfidência não aconteça mais na Praça Tiradentes, onde acontece histórica e tradicionalmente, todo 21 de abril, há mais de 60 anos. De acordo com o prefeito, a montagem da estrutura para a cerimônia gera muitos transtornos à população local, em especial, aos comerciantes, ao dificultar o trânsito e o acesso a essa praça central. Para que o evento não perca sua principal razão, Pimenta sugeriu ainda que o governador deposite a coroa de flores na estátua de Tiradentes e que o restante da programação seja realizado em centro de convenções da cidade.

O assunto foi discutido, nesta segunda (12), na reunião do Conselho Permanente da Medalha, na Assembleia Legislativa. O presidente da Assembleia e do conselho, Adalclever Lopes (PMDB), como os demais membros, se manifestou contra a mudança, mas defendeu que a solicitação seja avaliada pelo governador.

Orador oficial

Como orador oficial do 21 de abril deste ano, foi convidado o primeiro ministro de Portugal, o socialista António Costa, que ainda não confirmou sua presença.

Mulheres são maioria e minoria

Como sabido, a Justiça Eleitoral confirmou, no mês da mulher (março), que 52% do eleitorado brasileiro é feminino, totalizando 77.076.395 até fevereiro deste ano. Em Minas Gerais, são 8.147.399 mulheres, ou 51,85% do eleitorado. Em Belo Horizonte, as mulheres representam 54,3% do eleitorado, somando 1.045.779. Ainda assim, as mulheres são minoria no que se refere ao número de candidatos nas eleições. De acordo com o TRE mineiro, na eleição municipal de 2016, elas corresponderam a apenas 31,78% do total de 78.678 concorrentes aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador, ou seja, 25.003 candidatas.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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