
Um relatório da Polícia Federal entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) nessa quinta-feira (15), aponta que o senador Aécio Neves possuía um bloqueador telefônico ilegal, de acordo com regulação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O item foi apreendido no apartamento do senador, no Rio de Janeiro, durante a Operação Patmos, em 2017.
“A luz indicativa de energização na porção superior do aparelho ligou, indicando funcionamento. A eletrônica presente e os elementos de antena sugerem o uso do aparelho para a geração de ruído de radiofrequência para causar interferência nos sinais de redes de comunicação móvel celular, objetivando a indisponibilidade de serviço (bloqueador de celular). O perito ligou o aparelho e com auxílio de analisador de espectro constatou a produção de sinal de radiofrequência (RF) nas faixas utilizadas pelos serviços de móvel pessoal (SMP) correspondendo aos serviços 2G e 3G”, relato um perito da Polícia Federal no laudo.
O laudo explica que o uso do bloqueador é ilegal de acordo com a Anatel. “O ruído produzido causa interferência nos serviços de telefonia móvel celular 2G e 3G, dependendo da intensidade do sinal em relação à Estação Rádio Base pode causar a interrupção do serviço. Assim, o uso de equipamentos dessa natureza é vedado pela Anatel”, diz trecho do laudo.
O relatório e todas as informações são parte das investigações iniciadas contra o senador tucano. Tem fundamento com base na delação de executivos da JBS, na Operação Patmos. Os crimes investigados são por lavagem de dinheiro. Em junho do último ano, o Aécio Neves foi denunciado por Rodrigo Janot por crimes de corrupção passiva, por ter repassado R$ 2 milhões à JBS, e obstrução da Justiça, a suspeita é que o senador tentou atrapalhar o andamento da Operação Lava Jato.
A defesa do senador soltou uma nota e diz que “desconhece se o aparelho estava ou não apto para uso, uma vez que ele nunca o utilizou, assim como não utilizou nenhum outro equipamento semelhante”.