[Dia da Água] Chuvas aceleram recuperação dos reservatórios da Copasa

Sinais da crise hídrica não são mais visíveis no reservatório de Rio Manso

Falta pouco – apenas cerca de sete milhões de litros – para que o reservatório de Rio Manso, o maior dos que respondem pelo abastecimento de água de Belo Horizonte e municípios da região metropolitana, volte a ficar completamente cheio. Hoje, Rio Manso, localizado a sudoeste da Capital, opera com 95,5% de sua capacidade, apenas 4,5 pontos percentuais do limite de sua capacidade de armazenamento.

A situação de Rio Manso, hoje, é muito diferente da registrada em dezembro de 2015, quando, no auge da crise hídrica, a represa chegou a ter um volume de água correspondente a menos de um terço (28,5%) do atual. Naquele ano, todos os reservatórios da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) estavam operando em níveis muito baixos.

Porém, o mais crítico deles não era Rio Manso. Era Serra Azul, que estava com um volume de água correspondente a apenas 5,7% de seu volume d’água. Porém, diferentemente de Rio Manso, a recuperação de Serra Azul é mais lenta.

De acordo com dados da Copasa, Serra Azul está com menos da metade (44,4%) de sua capacidade de armazenamento, razão pela qual é, também, o menos exigido pela estatal para abastecer a Região Metropolitana. Para poupá-lo, a Copasa retira de lá apenas 15% do que antes da crise hídrica, que inciou-se em 2014.

Em janeiro de 2016, a situação de Serra Azul estava crítica (Reprodução TV Globo)

Recuperação de Serra Azul irá demorar três anos

De acordo com previsão do engenheiro Rômulo Thomaz Perilli, diretor de Operação Metropolitana (DMT) da Copasa, a recuperação plena de Serra Azul não irá ocorrer antes de pelos menos três anos, desde que, como ele faz questão de ressaltar, o ciclo de chuvas mantenha-se dentro da normalidade, como este ano. No caso de Rio Manso, ele acredita que até o final do atual período chuvoso, o reservatório deverá chegar bem mais perto de 100% de sua capacidade de armazenamento.

As duas barragens – Rio Manso e Serra Azul – pertencem ao Sistema Paraopeba, do qual também faz parte o reservatório de Vargem das Flores, em Contagem, onde a situação é intermediária (80,9%), porém próxima da de Rio Manso. A previsão de Perille é que até o final do atual período chuvoso, esse percentual suba um pouquinho mais, atingindo algo próximo de 82%.

Rômulo Perille não assegura que a crise hídrica esteja superada. Mas garante que Belo Horizonte não terá problemas por pelo menos 30 anos, independentemente de a região voltar a passar por uma crise hídrica como a que atingiu a capital mineira, e de resto todo o Sudeste brasileiro, nos últimos anos.

A crise começou em 2014, quando, ao longo daquele ano, choveu bem menos do que previsto. O resultado disso foi que em 2015 não ocorreu recuperação dos reservatórios, que, com isso, chegaram ao final do ano com apenas um quinto de sua capacidade de armazenamento ocupada. Diante do risco de colapso iminente do abastecimento foi que o governo do Estado deu início à construção do sistema de bombeamento do rio Paraopeba, cuja água é lançada diretamente na estação de tratamento de Rio Manso.

A situação atual dos reservatórios que formam o Sistema Paraopeba é, segundo Rômulo Perille, tranquila por pelo menos 30 anos, situação muito diferente, como ele faz questão de ressaltar, da encontrada no início de 2015, quando, segundo o diretor da Copasa, chegou-se a planejar o racionamento de água em Belo Horizonte, inicialmente em dois dias da semana. Nesses dois dias, ninguém receberia água.

De acordo com Rômulo Perille, chegou-se a pensar também na hipótese de rodízio, que foi descartada por razões práticas. A primeira delas, segundo ele, é que uma medida dessa exigiria um trabalho físico muito grande, pois as equipes teriam que ir para a rua, realizar a abertura e fechamento de válvulas, para que uma determinada região da cidade fosse atendida e outra não. A segunda razão é que a abertura e fechamento de válvulas poderia, ao longo do tempo, causar danos a estes equipamentos.

Diante a iminência do colapso, foi que o governo do Estado optou pela construção da adutora do Rio Paraopeba. Para descrever a situação daquele ano, o diretor da Copasa faz uma analogia com o mercado financeiro. Com os reservatórios operando em níveis muito baixos era como se o sistema como um todo estivesse no “cheque especial”, já que a água não estava sendo reposta. “Estávamos caminhando para a falência”, disse.

Marcelo

Marcelo Freitas é redador-chefe do Bhaz

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