Uso político de dados e prejuízo de R$ 115,5 bi; entenda a polêmica com o Facebook

Nos últimos dias, a rede social Facebook envolveu-se em uma enorme polêmica ligada ao vazamento de informações de mais de 50 milhões de usuários, sem consentimento, para que a empresa norte-americana Cambridge Analytica fizesse propaganda política durante o período de eleições americanas. A denúncia foi feita pelos jornais The New York Times e The Guardian.

Segundo as investigações, a empresa teria conseguido os dados por meio de teste psicológico disponibilizado no Facebook. Todos os usuários do Facebook que participavam do teste cediam informações pessoais e de todos os amigos do perfil à Cambridge Analytica. Os dados seriam utilizados para influenciar leitores e pessoas.

As informações dos usuários do Facebook foram coletadas por um aplicativo chamado ‘this is your digital life’ – essa é sua vida digital -. O app pagou aos usuários pequenas quantias para que eles fizessem um teste de personalidade e concordassem em ter seus dados armazenados. Era dito que as informações seriam disponibilizadas ao meio acadêmico.

A Cambridge Analytica se aproveitou das brechas da rede social e o fato de as pessoas não lerem os termos de compromisso para implantar seu sistema de coleta de dados. Tanto que o Facebook soube do vazamento na última sexta-feira (16) e suspendeu a empresa de sua plataforma.

Jogo de influência

A Cambridge Analytica é do bilionário Robert Mercer, empresário do setor imobiliário. Trata-se de uma empresa de análise de dados que trabalhou com o time responsável para campanha do republicano Donald Trump, em 2016. Já na Europa, a empresa prestava serviço ao grupo que promovia a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit.

Em revelação ao jornal The Guardian, o ex-funcionário da empresa Cambridge Analytica, Christopher Wylie, disse que o esquema de acesso aos dados começou em 2014, dois anos antes da eleição americana de 2016 e três anos antes do Brexit.

Segundo Wylie, os dados foram usados para catalogar o perfil de eleitores americanos e direcionar materiais pró-Trump e contrárias à adversária dele, a democrata Hillary Clinton.

Zuckerberg na mira

Na ultima segunda-feira (19), dois dias após a publicação do escândalo, o valor do Facebook encolheu US$ 35 bilhões na bolsa de valores de tecnologia dos EUA. Uma perda de aproximadamente R$ 115,5 bilhões.

Em meio à confusão sobre o vazamento de dados, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, foi convidado pelo o deputado britânico, Damian Collins, para depor em um comitê legislativo. Um mandado de busca e apreensão também foi solicitado para que a sede da Cambridge Analytica seja investigada e materiais sejam recolhidos para auxiliar na investigação do caso.

Entretanto, até o momento, Mark Zuckerberg emitiu apenas uma nota em sua página na rede social dizendo que o Facebook já havia identificado o repasse de dados à Cambridge Analytica e cobrado que estes fossem apagados. Diante das revelações do ex-funcionário, informou que suspenderam a conta da firma e contrataram uma auditoria independente para inspecionar se as informações foram, de fato, eliminadas.

Além disso, o Facebook anunciou uma série de medidas de restrição a aplicativos do uso de dados de seus usuários. Segundo o comunicado, uma ferramenta será disponibilizada para informar o usuário quais aplicativos estão utilizando seus dados e de que forma.

No Brasil

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) abriu um processo de investigação para averiguar riscos a usuários brasileiros no episódio envolvendo a consultoaria internacional Cambridge Analytica e o Facebook. O inquérito vai apurar a conduta da plataforma e da representação da empresa no Brasil, denominada CA Ponte.

O documento do MPDFT, que formaliza a abertura do inquérito, aponta a ação da Cambridge Analytica como “tratamento ilegal de dados” e lembra que a empresa começou a operar no Brasil em 2017 em parceria com a Ponte, união denominada agora CA Ponte. A investigação se propõe a “apurar os fatos” frente a gravidade dos vazamentos e os riscos aos consumidores e a pessoas cujas informações pessoais possam ser manipuladas.

“Existem suspeitas de que a Cambridge Analytica pode estar fazendo uso, de forma ilegal, dos dados pessoais de milhões de brasileiros, usuários do Facebook ou não, para fins de perfis psicográficos em escala nacional e regional”, diz o texto.

A preocupação se justifica, continua o documento, pelo fato de a empresa se anunciar como uma consultoria que atua com análise de dados para influenciar comportamentos, sobretudo em processos eleitorais. Em reportagem do canal britânico Channel 4 veiculada nesta semana, diretores da firma, filmados sem conhecimento, informam que após atuarem em diversas campanhas em todo o mundo “estão indo para o Brasil”.

Da redação Bhaz com Agência Brasil

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