Audiência pública em Vespasiano analisa denúncia de machismo contra vereadora

Atos de machismo na Câmara Municipal de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vão ser apurados pela Comissão Extraordinária das Mulheres da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a partir desta terça-feira (3). A comissão chega à cidade para uma audiência público a ser realizada a partir das 18h, no Palácio das Artes Nair Fonseca Lisboa, no Centro.

Em dezembro, a vereadora Luciene Fonseca (PPS) acusou três colegas de legislativo de agressão física e verbal. Ela acusa dos vereadores Ederaldo Boffo (PSDB), Betão do Cabra (PRB) e Reinaldo Motorista (PMDB). Como prova, ela apresentou aos deputados gravações de mensagens enviadas pelo WhatsApp, algumas com palavras de baixo calão, enviadas por seus colegas de legislativo.

Em uma delas, segundo Luciene, o vereador Boffo, de 35 anos, diz que prefere ficar calado, mas que não tem jeito porque ela é uma “desgraça”. E pior. Diz ainda: “Faz o seu papel. Faz o que você tem que fazer. Mas me esquece. Agora você vai coloca eu em jornal com meus companheiros. Você tá caçando guerra, você vai ter guerra. Arruma um homem pra você m… Se você não achar um homem compra um consolo cabeçudo e enfia neste r… seu, sô! Você vem falar que é coroinha. Você é coroinha de que só? Você é o demônio disfarçado.”

Tapa na cabeça

A vereadora Luciene diz que os áudios foram enviados a ela no dia 11 de dezembro, depois das 20h. Apesar disso, no dia seguinte ela foi trabalhar normalmente e, quando chegou ao plenário, Boffo empurrou a cadeira contra ela e, em seguida, lhe deu um tapa na cabeça. Segundo a parlamentar, ela foi então até uma delegacia, onde registrou a ocorrência. “É lamentável que em um caso deste não se aplica a Lei Maria da Penha”, disse ela, defendendo a ampliação da norma.

Luciene não consegue falar sobre as agressões que constam no áudio enviado por Boffo em razão do seu teor sexista, mas garante que não sabe porque as agressões tiveram início e garante que “não há divergências políticas”. “Hoje não somos mais do mesmo grupo. Eu sou da base aliada da prefeita Ilce Rocha (PSDB) e eles fazem oposição, mas isso não é motivo”, afirma. Para Luciene, a verdadeira razão é o fato de ela ter um trabalho de combate à corrupção na cidade e ser mulher.

A presidente da comissão da ALMG, Marília Campos (PT), repudiou o ato e classificou a violência sofrida pela vereadora como “machista” e uma clara tentativa de impedi-la de exercer o mandato. “Sou totalmente solidária a essa mulher corajosa, que está resistindo a todas as ameaças sofridas, e acredito que todas nós, juntas, conseguiremos modificar a situação das mulheres na política”, afirma a deputada Marília Campos.

Essa não é a primeira vez que Boffo se envolve em polêmicas. Conforme boletim de ocorrência, na noite do dia 28 de fevereiro, ele foi parado durante uma operação da Polícia Militar, que constatou que ele estava armado. O vereador foi levado à delegacia por porte ilegal de arma. Procurado em seu gabinete na Câmara dos Vereadores, Boffo não foi encontrado e não retornou a ligação.

Maria Clara Prates

Formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG). Trabalhou no Estado de Minas por mais de 25 anos, se destacando como repórter especial. Acumula prêmios no currículo, tais como: Prêmio Esso de 1998; Prêmio Onip de Jornalismo (2001); Prêmio Fiat Allis (2002) e Prêmio Esso regional de 2009.

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