[Coluna do Orion] Dilma incomoda aliados e desnorteia oposição na sucessão mineira

Dilma e Pimentel se solidarizam com Lula após a petista transferir o título para BH

A entrada da ex-presidente Dilma Rousseff na sucessão estadual deste ano mexeu tanto com o quadro político, que, conseguiu, de um lado, incomodar petistas e aliados e, de outro, perturbar o campo rival. Na sexta (6), último dia, Dilma transferiu seu título de eleitor para Belo Horizonte, após intensas especulações sobre a mudança, credenciando-se a disputar as eleições pelo estado, onde pretende buscar vaga de senadora. Entre alguns aliados, na primeira hora, ficou o sentimento de traição, já que alterou os planos de muita gente que pretendia disputar o cargo.

Por ser bem conhecida, a ex-presidente deverá ter uma eleição fácil e já é tida como dona de uma das duas vagas ao Senado por Minas. Além disso, ela não tem concorrentes fortes e aqueles que poderiam enfrentá-la – como o senador tucano Antonio Anastasia e o governador petista Fernando Pimentel – não são candidatos.

Quem ficou mais aborrecido com a novidade foi o principal aliado do governador Fernando Pimentel (PT), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adalclever Lopes (MDB). Adalclever articulava ser o único candidato a senador na chapa de reeleição do petista e ainda ser o segundo nome de outros partidos. Agora, terá que concorrer com uma ex-presidente, passando a ser o segundo na própria coligação. Para a próxima semana, o emedebista convocou aliados e conselheiros para avaliar seus rumos. Seu argumento, de enveredar por candidatura própria, é de alto risco e carece de sustentação política.

Do outro lado, o fato novo vai obrigar o campo da oposição a formar uma chapa forte, mas deixando a sensação, desde já, que sobrou apenas uma vaga ao Senado, já que a outra deverá ser conquistada por Dilma. Como o pré-candidato a governador do campo oposicionista, Antonio Anastasia (PSDB), terá que dar o troco e montar chapa forte, mas, a partir de agora, poucos vão querer entrar na briga pela vaga ao Senado. Cotados para a missão, Rodrigo Pacheco (DEM) e Dinis Pinheiro (Solidariedade), que, hoje, são pré-candidatos a governador, não deverão aceitar mais a proposta. Terão que conversar mais.

A candidatura de Dilma, por outro lado, não parece ajudar a recandidatura de Pimentel, que está em riscos diante das pendências administrativas de seu governo, como o parcelamento de salários em três vezes para parcela do funcionalismo e o atraso nos repasses constitucionais dos municípios. Para isso, pretende vender 40% das ações da Codemig, a estatal do nióbio, coisa de R$ 6 a 8 bilhões. Sem isso, a missão ficaria impossível.

Aécio deverá virar réu na próxima terça

Dificilmente, a primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai aceitar, na próxima terça (17), a tese da defesa do senador Aécio Neves de que ele foi vítima de armadilha do empresário Joesley Batista (JBS). O argumento poderá ser útil a outros acusados, menos para Aécio, que deverá virar réu nessa denúncia. Aécio pediu R$ 2 milhões, conforme provado em gravação, a Joesley, e o dinheiro foi entregue a seu primo, Frederico Pacheco.

O comportamento de Aécio, na própria gravação, e a ação controlada da Polícia Federal que se seguiu contestam os argumentos da defesa do tucano. Além disso, não há clima para que, dessa vez, o STF não aceite a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República por crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça. O inquérito – um dos nove contra ele – foi instaurado em maio de 2017, com base na delação da JBS. Antes, o tucano justificava que precisava pagar despesas com sua defesa na Operação Lava Jato e, agora, recorre à vitimização.

Também são acusados de corrupção passiva nesse inquérito a irmã do senador, Andréa Neves, Frederico Pacheco e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (MDB-MG). Compõem a primeira turma do STF, os ministros Marco Aurélio Mello (relator), Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

TJMG julga último recurso de Azeredo

No próximo dia 24, o Tribunal de Justiça de Minas vai julgar o último recurso do ex-governador tucano Eduardo Azeredo. Com a possibilidade de prisão após decisão em 2ª Instância, Eduardo Azeredo, 69 anos, pode ser preso ainda em abril para cumprir a pena de 20 anos e 10 meses por peculato e lavagem de dinheiro no processo relacionado ao mensalão tucano. Ainda nesta terça (10), o ministro Jorge Mussi, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), negou pedido de liminar de Azeredo que buscava suspender os efeitos da condenação.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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