Greve dos professores do Estado: 40 dias e nem sinal de acordo

Governo alega que cumpriu todos os itens menos, menos a questão salarial

Exatos 40 dias após o início da greve dos professores da rede estadual de ensino, poucos avanços foram alcançados. O impasse entre profissionais da educação e o governo de Minas permanece. Os professores, através do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE MG), reivindicam o cumprimento do acordo firmado em 2015 entre o governador Fernando Pimentel (PT) e a categoria.

O acordo fixava três atualizações nos salários (2016, 2017 e 2018) e o pagamento de abonos. Tudo para que, este ano, fosse possível equiparar o piso dos professores por uma jornada de 24 horas ao piso nacional da categoria.

Além disso, o sindicato também questiona o parcelamento dos salários, do 13º salário, a ausência de repasses para o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e o não pagamento de férias-prêmio para quem se aposentou, entre outros problemas.

Professores em Marcha da Educação, no último dia 5 de abril (Reprodução/Facebook)

Professora lamenta entraves ao acordo

A professora da Escola Estadual Dom Bosco, Sandra Condé Corgozinho, diz que o diálogo está estabelecido mas que os entraves dificultam um acordo. “O que é lastimável, quando se pensa no processo ensino-aprendizagem “quebrado” por este tempo de interrupção, que corrobora para a transferência de estudantes, para a revolta da comunidade escolar, para o adoecimento dos professores e, principalmente, para o enfraquecimento da ação pedagógica”, lamenta.

É no que também acredita o aluno do ensino médio Natanael Jonathas. “A minha visão sobre a greve dos professores é totalmente positiva. Fico otimista por essas pessoas que se esforçam a cada dia para me dar um futuro, mesmo não recebendo um salário digno”, elogia. Recentemente, o aluno postou em suas redes sociais um manifesto contra o governo e em apoio ao movimento. Veja:

Alunos sem aulas, Professores sem salário e o Governo de Minas desprezando a educação ??#MeuProfessorValeOuro #EuQueroEstudar

Posted by Natanael Jonathas on Tuesday, April 10, 2018

Alunos estão divididos

Nataniel diz que, por mais transtornos que a greve tenha causado, tem estudado em casa, com os colegas e tem ajudado outros alunos em grupos dos quais participa. Afirma, ainda, que muitos professores não os deixaram de lado. “Muitos dos meus professores deixaram matérias, trabalhos, para serem repassados aos alunos”, afirma.

Já aluna Rafaela Valeriano, que está no segundo ano do ensino médio na Escola Estadual Professora Ana Letro Staacks, em Timóteo, não está tão animada com a greve. Ela acredita que os alunos estão sendo bastante prejudicados. “A gente só teve aula umas duas semanas. Nem sei como estudar direito as matérias do segundo ano, porque não sei como eles vão começar a explicar as matéria. Então, fica bem difícil estudar em casa”, queixa-se.

A vendedora Renata Valeriano, mãe da aluna, afirma que apesar do prejuízo para os alunos, apoia a greve. “Confesso que fico chateada por ser uma greve tão prolongada. Acho que o governo já deveria ter concedido esse benefício aos professores e encerrado essa greve, porque vai atrasar muito o ano letivo de todos eles”, afirma.

Renata (mãe) e Rafaela (filha) defendem que governo tome providências para encerrar a greve (Foto/Rafaela Valeriano)

Impasse permanece

Até o momento, professores e sindicato mantêm a greve.  Na última reunião, aprovaram uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tem como objetivo inserir o piso salarial na Constituição do Estado e, com isso, transformar essa questão numa política de Estado. Nesta quarta-feira (18), professores realizarão nova reunião para decidir os rumos do movimento.

De acordo com o secretário de Educação, Wieland Silberschneider, o governo cumpriu todos os itens do acordo firmado com os servidores em 2015, exceto a atualização do piso nacional. Entretanto, para que isso seja feito, o governo precisa ter condições financeiras, afirmou o secretário. Quanto às escalas de pagamento, ele informou que o governo está trabalhando para que, nos próximos meses, possa regularizar a situação.

 

Marcella Oliveira

Publicitária e redatora do portal BHaz.

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