Empresário diz em delação que pagava mesada de R$ 50 mil a Aécio

Senador Aécio Neves recebeu mesada de R$ 50 mil, segundo Joesley Batista

O empresário Joesley Batista, dono da JBS, afirmou à Procuradoria-Geral da República, em delação premiada, que pagava uma mesada de R% 50 mil ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), durante dois anos, por meio de uma rádio, da qual ele era sócio, conforme matéria da Folha de São Paulo, nesta sexta-feira (20). Segundo Joesley, o tucano solicitou o valor para “custeio mensal de suas despesas”. No total, os pagamentos chegaram a R$ 864 mil.

Na delação, o empresário disse que o pagamento foi pedido diretamente pelo tucano, em um encontro no Rio. Como forma de provas a acusação, Joesleu entregou ao Ministério Público 16 notas fiscais emitidas entre 2015 e 2017 pela Rádio Arco Íris, afiliada da Jovem Pan, em Belo Horizonte, à JBS, além de comprovantes de pagamentos, feitos via transferência eletrônica ou boleto bancário e tinham como beneficiária a conta da rádio na na agência 0925 do banco Itaú, localizada na Savassi, região Centro-Sul.

Para emissão das notas fiscais, a justificativa era a prestação de “serviço de publicidade”. Além disso, os documentos seriam referentes ao valor mensal de “patrocínio do Jornal da Manhã”, um dos programas da rádio. Em seu depoimento, no entanto, o empresário disse não saber se, de fato, houve serviço de publicidade prestado pela rádio Arco Íris. Reafirmou apenas que seu objetivo era repassar os recurso para manter um bom relacionamento com o senador, que tinha sido candidato à Presidência em 2014 e poderia voltar a ser em 2018.

Pedido de empréstimo

Na última terça-feira (17), o senador Aécio Neves foi considerado réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e obstrução de Justiça, em processo com base em depoimento de Joesley Batista e ainda de gravações de conversas telefônicas. O empresário declarou à Procuradoria-Geral de Justiça que repassou, em espécie, R$ 2 milhões ao tucano para que ele pagasse advogados para defendê-lo nas investigações da Operação Lava-Jato, em troca de cargos em estatais.

Ao se defender, Aécio disse que Joesley o acusou para obter benefícios da Justiça e que a transação era apenas um pedido de empréstimo para quitar dívidas de um apartamento. Além de Aécio, responde a este processo, a irmã do senador, Andréa Neves, o primo dele, Frederico Pacheco de Medeiros e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrela (MDB-MG).

Falsa acusação

Por meio de nota, enviada à Folha de São Paulo, o advogado do tucano, Alberto Toron, que Joesley Batista se aproveita de uma “relação comercial lícita” para “forjar mais uma falsa acusação”. Ele confirmou a relação financeira entre JBS e a rádio Arco Íris e negou que o senador,tenha solicitado os recursos para despesas pessoais. “O senador jamais fez qualquer pedido nesse sentido ao delator, da mesma forma que, em toda a sua vida pública, não consta nenhum ato em favor do grupo empresarial.”

De acordo com o advogado, a prova de que a relação com a rádio era legal é que o contrato com a JBS foi mantido normalmente até o encerramento, quando a delação de Joesley já tinha sido feita.

“Ao dar início à negociação de acordo de delação, delatores se comprometem a suspender qualquer prática irregular”, afirmou. Segundo Toron, o relato é mais uma demonstração de má-fé e desespero do delator. “A afirmação do delator de que não sabia se os serviços teriam sido prestados demonstra o alcance da sua má-fé, já que bastaria uma consulta ao setor de comunicação das suas empresas para constatar que os serviços foram correta e efetivamente prestados”, disse.

Por sua vez, a Rádio Arco Iris informou que a relação com a JBS está documentada por trocas de e-mails  os setores de marketing de marcas do grupo de Joesley, como Vigor, Itambé e Seara.  A rádio enviou ainda à Folha de São Paulo, cinco comerciais veiculados na grade de programação. Segundo a emissora, esses foram os localizados. A rádio diz que um mesmo material pode permanecer meses no ar. Afirmou ainda que há campanhas promocionais “gravadas com a voz do locutor da rádio”.

Maria Clara Prates

Formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG). Trabalhou no Estado de Minas por mais de 25 anos, se destacando como repórter especial. Acumula prêmios no currículo, tais como: Prêmio Esso de 1998; Prêmio Onip de Jornalismo (2001); Prêmio Fiat Allis (2002) e Prêmio Esso regional de 2009.

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