Jovem morre após usar lança-perfume em baile funk e irmã inicia campanha

Reprodução/Veja SP + Facebook

Wanderson Aguiar, de 20 anos, teve sua morte confirmado no último sábado (14). O jovem ficou três meses internado por uso de lança-perfume durante realização de um baile funk em São Paulo. O produto não é considerado uma droga e sim um crime contra a saúde pública. Com isso, a irmã de Wanderson começou uma campanha para mudar a lei.

Darlan Mendes é ex-presidente da Associação Rolezinho A Voz do Brasil. Hoje é ativista da periferia que luta contra o uso do produto. De acordo com ele, essa seria a 20ª morte desse tipo neste ano somente na capital paulista.

A irmã de Wanderson conversou com a revista Veja São Paulo. Ela contou o ocorrido em quatro vídeos em seu perfil pessoal e as imagens já acumulam mais de quatro milhões de visualizações. Nos depoimentos, ela conta como o produto matou o irmão e estaria acarretando outras mortes pela cidade.

“No dia 13 de janeiro, Wanderson foi para um baile e usou lança-perfume durante toda a festa. Ele já estava deprimido porque nossa mãe havia morrido recentemente de câncer. Chegou até que bem em casa, mas depois começou a passar muito mal. Parecia estar morto e o levamos correndo para o Hospital Municipal Vereador José Storopolli, no Parque Novo Mundo.

Ficou 45 minutos sem oxigênio no cérebro. Dali para frente se tivesse uma parada cardíaca não ia sobreviver. No dia seguinte, o transferimos para o Hospital Municipal da Vila Santa Catarina onde ficou 15 dias na UTI. Avisaram que se ele acordasse ficaria em estado vegetativo. Por um milagre, ele acordou reconhecendo todos os familiares.

Fizeram uma traqueostomia para que ele pudesse respirar. Não podia falar e perdeu todos os movimentos. Passou a ter febres de 40,5 graus. Tudo porque o lança mexe com os neurônios, afeta diretamente o cérebro. Teve pneumonia de tanto ficar na cama, adquiriu uma bactéria no sangue, mas os médicos conseguiram controlar. Quando ele estava pronto para ir para casa, com a instalação de uma sonda para comer, e passar a receber cuidados em casa, ele morreu.

Moro no Jardim Brasil, na Zona Norte. Conheço muitos que morreram de lança-perfume, mas nenhum caso como o do Wanderson. Porque todos tiveram mortes mais imediatas, a dele não. Lutou por três meses. Uma das mortes foi de uma menina de 14 anos. Os jovens acham que não vai acontecer com eles, só com os outros. Minha postagem viralizou porque o intuito agora é de alertar os jovens.”

O jovem deixou um filho de três anos. A campanha “Lança Mata” foi iniciada em 2014 por Darlan Medes, Ricardo Sucesso e Sidney Santos. O objetivo é que esses componentes químicos sejam proibidos a menores de idade e que seja feito um controle mais rigoroso. O Projeto de Lei 143 foi redigida pelos vereadores Eliseu Gabriel (PSB) e Adilson Amadeu (PTB) em 2015, foi aprovada em primeira discussão em setembro do mesmo ano, mas depois disso ficou estagnada.

Uma nova ideia legislativa foi protocolada por Darlan Mendes para que o lança-perfume serja considerado uma droga e não mais um crime contra a saúde pública. “Muitos jovens estão morrendo por causa disso. A lei não considera como droga e quem é pego vai para delegacia, assina um termo circunstanciado ou paga uma fiança e sai enquanto isso ela continua fazendo vítimas pelo país”, conta. “Vamos colher 20.000 assinaturas para que a proposta possa seguir para Comissão de Direitos Humanos do Senado.” Você pode votar e apoiar o projeto pelo site do Senado.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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