O arquiteto e ativista Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980, defendeu ontem que o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) seja indicado para a premiação por ter retirado da pobreza extrema mais de 30 milhões de pessoas, durante seus governos. Esquivel esteve junto como escritor e teólogo Leonardo Boff na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba (PR), para visitar o petista, mas foi impedido pela juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela custódia de Lula.
Ao deixar o local, Esquivel disse que vai fazer uma campanha internacional pela libertação de Lula. “Muita força, muita esperança e, como dizemos, até a vitória sempre”, disse aos manifestantes em vigília desde a prisão de Lula. Para o Nobel da Paz, o Brasil vive um “estado de exceção”, em razão do “golpe” contra a presidente Dilma Rousseff (PT-RS), que sofreu um impeachment, e “agora com toda a campanha contra Lula”. E fez uma advertência: “Temos de pensar que tipo de democracia temos, não só no Brasil, mas em toda a América Latina.
O teólogo Leonardo Boff também se emocionou ao falar do amigo Lula. Ele está há 48 horas na porta da PF esperando uma autorização judicial que, mais uma vez, não veio. Ele disse que está “profundamento indignado” e criticou a juíza que lhe negou o pedido de visita. “Uma juíza com uma cabeça muito pequena não permitiu que o prêmio Nobel da Paz Esquivel e eu, seu amigo, pudéssemos entrar de forma humanitária para lhe dar um abraço”, disse. E mais: “Negaram nossa humanidade, a minha e a tua”, concluiu com a voz embargada pelo choro.
Leonardo Boff afirmou ainda que, apesar da indignação, tem esperança de ver o ex-presidente Lula livre. “A esperança é a última palavra e ela vai tirar você desta exclusão e vai levar você ao lugar que você pertence, no meio do povo, fazendo uma política com um gesto amoroso para com os pobres”, afirmou em vídeo gravado pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).