O ex-governador Eduardo Azeredo deve entregar-se nesta quarta-feira (23) à polícia, para iniciar o cumprimento da pena de 20 anos e um mês de prisão a que foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), por crimes de peculado e lavagem de dinheiro, no processo que ficou conhecido como Mensalão Mineiro.
Neste momento, um grande número de jornalistas está em frente à 1ª Delegacia de Polícia Civil Sul, no bairro Santo Antônio, onde Azeredo possivelmente irá entregar-se; e também em frente ao prédio onde mora, no bairro da Serra, ambos os endereços localizados na região Sul de Belo Horizonte. Porém, não há, até o momento, nenhuma definição nesse sentido, conforme informação da Polícia Civil.
Nessa terça (22), advogados do ex-governador passaram a tarde negociando com a Polícia Civil como seria essa entrega, que, entretanto, não aconteceu até o final da tarde, nem no início da manhã. Assim que isso ocorrer, o ex-governador será encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito e depois para a unidade policial em que irá cumprir a pena.
De acordo com informação do jornal “O Tempo”, logo após o exame no IML, Azeredo será levado para uma unidade do Corpo de Bombeiros, onde irá iniciar o cumprimento de sua pena. Até o momento, Azeredo não é considerado foragido da polícia.
A prisão do ex-governador foi determinada pelo TJMG, após a decisão de ontem da 5ª Câmara Criminal, de negar, por unanimidade, o recurso – o último – a que tinha direito. Além disso, quatro dos cinco desembargadores decidiram determinar sua prisão imediata. Com isso, foi mantida sua condenação a 20 anos e um mês de prisão.
Crime ficou conhecido como Mensalão Mineiro
O crime ocorreu em 1998 e envolveu a transferência de recursos de estatais mineiras para a campanha de Azeredo, que era candidato à reeleição, que acabou não ocorrendo, já que o eleito foi o então senador Itamar Franco, candidato do PMDB. O esquema veio a público em 2005, durante as investigações do Mensalão, como ficou conhecido o esquema semelhante envolvendo, em nível nacional, o PT.
Os dois Mensalões – o Mensalão Mineiro e o Mensalão do PT – têm como ponto comum o publicitário Marcos Valério, que na época era o proprietário das agências de publicidade que atendiam as estatais mineiras de onde saiu o dinheiro para a campanha de Azeredo. A operação de Minas é hoje considerada uma espécie de teste para o esquema que, alguns anos mais tarde, levaria à prisão algumas das principais lideranças do PT no país.
Azeredo será o primeiro ex-governador de Minas a ser preso e também o primeiro tucano dos escalões superiores do partido a cumprir pena imposta por um tribunal de segunda instância, exatos 20 anos após a campanha eleitoral que lhe trouxe duas derrotas: eleitoral, naquele mesmo ano, e judicial, ontem, duas décadas depois.
