[Coluna do Orion] Com Dilma, Pimentel quer nacionalizar a sucessão mineira para minimizar seus problemas

Ex-presidente Dilma puxará o debate sucessório em Minas para o campo nacional

Se os tempos eleitorais são de perdas e ganhos, o governador e pré-candidato à reeleição, Fernando Pimentel (PT), está convencido de que fez negócio melhor ao manter a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em sua chapa, como futura candidata ao Senado, do que se sacrificar para manter a aliança turbulenta do MDB que viabilizou seu governo até agora. A razão maior está na estratégia eleitoral que adotará, de nacionalizar a campanha estadual, para enfrentar, novamente, os rivais de sempre, que são os tucanos. “Ela será a salvação do Pimentel”, vaticinou um aliado, referindo-se aos temas que estão na ordem do dia do cidadão, desde a crise de abastecimento à privatização de empresas públicas.

A tática tem um duplo objetivo. Primeiro, claro, deixar em plano inferior, ao mesmo tempo em que tenta minimizar, os graves problemas administrativos de sua gestão; segundo, vincular os tucanos à crise nacional, deixando na conta deles a responsabilidade pelo desastre gradual e acentuado do desgoverno Michel Temer (MDB). De acordo com a narrativa petista, a presença da ex-presidente, principal vítima do impeachment/golpe, puxará o debate para o nível federal da crise, além de contrapor e confrontar o senador e pré-candidato Antonio Anastasia (PSDB), que foi o relator do impeachment articulado pelo senador Aécio Neves (PSDB), hoje, abatido pelas denúncias de envolvimento em corrupção gravada e filmada. Provavelmente, por isso, Aécio não disputará a reeleição, deixando de reeditar o duelo com Dilma.

Se o desfecho da ação tucana levou o país ao governo Temer, nesta semana, o protesto dos caminhoneiros paralisou tudo, desde a economia ao básico direito de ir e vir. Não foi à toa que Pimentel foi o primeiro governador a decretar ponto facultativo nesta sexta-feira (25). O ato, por si só, expõe a crise nacional, acentuando a impopularidade do atual presidente, o risco de desabastecimento e de colapso no transporte público. Assuntos como a reforma da previdência, que apavora o brasileiro, será provocado na campanha eleitoral para desespero dos atuais deputados federais que se posicionaram a favor. Ao tentar tirar o foco de seus problemas estaduais, os petistas insistirão em apontar que Dilma foi vítima do “Brasil antigo”.

Anastasia, por sua vez, irá explorar a presença de Dilma de outra forma. Na tática tucana, ela representaria o fiasco petista na gerência administrativa e das contas públicas em Minas e em Brasília. Tudo somado, ela e Pimentel encarnariam o desastre das contas públicas nacionais e estaduais.

Ex-ministra coordenará Dilma

Antes de consumar a mudança para a capital mineira, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) já escolheu a coordenadora de sua campanha eleitoral ao Senado. Será sua ex-ministra (Secretaria de Política para as Mulheres) e professora universitária, Eleonora Menicucci, mineira de Lavras, que, como Dilma, participou da luta armada e foi torturada.

Lacerda admite composição

Depois de ter seu nome lançado aqui e acolá, fora de seus planos iniciais de candidatura a governador, o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) não se manifestou contra as articulações nacionais que o colocam como candidato a vice-governador ou a senador na chapa de reeleição do governador Fernando Pimentel (PT) e até como candidato a vice-presidente de eventual candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT). Os petistas voltaram a considerá-lo amigo, como teria sido nos tempos em que dividiu cela da ditadura com Pimentel até o processo de impeachment de Dilma, do qual ele foi contra a princípio. Resumindo, Lacerda está muito aberto a negociações.

TRE arquiva pedidos de cassação de Pimentel

Pelo placar de seis a zero, por duas vezes, o Tribunal Regional Mineiro (TRE) arquivou duas ações do PSDB que pediam a cassação do governador Fernando Pimentel (PT) a sete meses do fim de seu mandato. Com isso, o duelo tucano-petista ficou afetado na esfera judicial com a decisão do TRE de considerar, nesta quinta-feira (24), improcedentes os dois pedidos por supostas irregularidades na campanha para o governo de Minas em 2014.

Na ação de investigação judicial eleitoral, proposta pela coligação liderada pelo PSDB, Todos por Minas, foi alegado o uso da máquina pública federal, pela Presidência da República, em favor de Pimentel e de seu vice, Antônio Andrade (MDB). Para o relator do processo, desembargador Pedro Bernardes, não foram produzidas provas robustas que confirmassem a existência de ilícitos eleitorais. O voto foi seguido na íntegra pelos demais juízes.

No outro processo, da coligação tucana, tinha como acusação a captação ou gasto ilícito de recurso financeiros na campanha, a partir da extrapolação em mais de R$10,1 milhões do limite de gastos de campanha, definido como de R$ 42 milhões. Também foi rejeitada pela Corte Eleitoral.

AMM acusa retaliação e perseguição do governo

O presidente da AMM e prefeito de Moema (centro-oeste), Julvan Lacerda, denunciou o que chamou de perseguição política, por parte do governo mineiro, sobre a investigação que faz a Polícia Civil de possível esquema de fraude em licitações na prefeitura que dirige. No dia 23 passado, a polícia esteve no prédio da prefeitura para cumprir mandados de busca e apreensão de materiais para investigar a suposta irregularidade.

Segundo a polícia, haveria indícios de que licitações com empresas de asfalto, eventos e serviços que estariam em desacordo com a Lei. Foram apreendidos diversos documentos na Prefeitura, que serão analisados pelos policiais em Belo Horizonte.

Como presidente da AMM, Julvan Lacerda avaliou o episódio como retaliação por conta da defesa intensa que faz das prefeituras contra atrasos consecutivos nos repasses constitucionais de recursos aos prefeitos. “Não será uma ação politiqueira, baixa e medieval que me fará parar ou calar na defesa dos municípios”, advertiu Julvan em vídeo divulgado em Moema. Nessa quinta, 24, ele tomou posse, em Brasília, como 1º vice-presidente da Confederação Nacional dos Municípios, durante a Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, deixando Minas com forte representação no movimento municipalista nacional.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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