[Coluna do Orion] Sem apoio, Aécio desiste da reeleição para não comprometer Alckmin e Anastasia

Anastasia aguarda decisão que será tomada por Aécio

Ainda sem anúncio oficial, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) não deverá disputar a reeleição nem mesmo participar das eleições deste ano. Em função de sua alta rejeição, a medida tem duplo objetivo: evitar a constrangedora falta de apoio e de incentivo internos à sua candidatura e, externamente, não atrapalhar o desempenho dos futuros candidatos do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, e ao Governo de Minas, de Antonio Anastasia (atual senador).

Ninguém teve até agora, à exceção de Geraldo Alckmin, a ousadia de admitir e até a recomendar a não participação dele, sob o argumento de que deve cuidar da própria defesa, já que Aécio é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de justiça. A denúncia contra Aécio teve como base a delação de executivos da J&F, divulgada em 2017, na qual Aécio foi flagrado, em gravações, pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, para, segundo ele, pagar despesas com advogados. Além desse, ele responde a outros oito inquéritos da Lava Jato na mesma corte.

O futuro político do senador é assunto está proibido nas hostes tucanas. Sua assessoria disse que ele ainda não bateu o martelo, e o pré-candidato Antonio Anastasia (a governador de Minas) informou que está aguardando a decisão dele, “que será tomada em momento adequado”. O que mais incomodou a Aécio não é o fato de ficar sem mandato, já que o foro privilegiado foi alterado pelo STF, mas a perda de oportunidade de enfrentamento histórico com a rival, Dilma Rousseff (PT), que disputará as eleição ao Senado por Minas e com quem duelou e perdeu as últimas eleições presidenciais. “Há uma vontade clara da maioria, mas ninguém tem autoridade para vetá-lo. Todos que estão aí se beneficiaram de alguma maneira da trajetória eleitoral bem-sucedida dele, mas é um consenso de que a situação complica a do Anastasia e do Alckmin. Não há ambiente para ele. Se ficar de fora, vai diluir bastante o desgaste”, disse um deputado tucano e integrante da executiva estadual.

A definição dele, de nada disputar, já é tratada como definitiva entre os principais aliados, nos bastidores. “Não é porque ele não quer, mas porque sua rejeição impede uma eleição. O melhor a fazer é cuidar da própria defesa”.

Depois de meses negando a possível a pré-candidatura a governador, Anastasia fez duas condições para mudar de ideia: a de que teria inteira liberdade de escolha na composição da chapa eleitoral e de sua equipe. A posição foi entendida como uma maneira elegante de vetar a participação de Aécio e sua irmã, Andrea, na campanha eleitoral. Sem Aécio na chapa, Anastasia poderá manter o discurso que colocará em xeque a capacidade administrativa do petista, que impõe atrasos consecutivos nos repasses orçamentários aos outros poderes e nos repasses constitucionais aos municípios, além do parcelamento de salários de boa parte dos servidores.

Anastasia irá explorar ainda a presença de Dilma de outra forma. Na tática tucana, ela representaria o fiasco petista na gerência administrativa e das contas públicas. O objetivo é fazer com que ela e Pimentel sejam vinculados ao desastre das contas públicas nacionais e estaduais e aos desvios que culminaram na Operação Lava Jato.

Wellington Magalhães é acusado do desvio de recursos de publicidade da Câmara Municipal de Belo Horizonte (Reprodução/Facebook)

Cassação de Magalhães não avança

Dificilmente, o processo de cassação do vereador Wellington Magalhães (PSDC) avançará na Câmara de BH depois que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais deferiu, nesta terça (29), seu pedido de habeas corpus. Magalhães foi preso em 24 de abril pela investigação Sordidum Publicae (política suja), do Ministério Público estadual e da Polícia Federal, que apura esquema de desvio de recursos públicos na Câmara de Belo Horizonte no período em que ele foi presidente da Casa.

Por 2 votos a 1 do relator, que pedia a manutenção da prisão preventiva, o vereador obteve a liberdade imediata, além de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, entrega do passaporte, comparecimento em juízo durante todos os atos do processo criminal e recolhimento noturno após às 22h.

No período de quase 40 dias em que esteve preso, a comissão processante da Câmara pouco, ou nada, avançou.

Pimentel rejeita proposta de Temer para a crise

O governador Fernando Pimentel (PT) rejeitou a proposta do governo federal, que inclui o zeramento da Cide e do PIS/Cofins no óleo diesel, para atender aos caminhoneiros, que representará perda de R$ 40 milhões por mês na receita estadual. “Para vocês terem uma ideia, esse é o valor que custa o transporte escolar todo mês no Estado inteiro, ou mais ou menos 5 mil km de manutenção de estradas, então é um golpe, é um peso grande na receita do governo do Estado essa concessão que o governo está fazendo com o chapéu dos Estados para atender às demandas dos caminhoneiros”, criticou o governador, que, por outro lado, adiantou que, até o final do ano, pretende isentar a alíquota do ICMS sobre o diesel do transporte de passageiros.

Assembleia mantém funcionamento

Ao contrário do governo de Minas e da Prefeitura de Belo Horizonte, a Assembleia Legislativa vai manteve o funcionamento regular nesta semana, sem ponto facultativo. A decisão do presidente da casa, deputado Adalclever Lopes (MDB), foi tomada juntamente com as lideranças e a mesa diretora. No período, tentou votar, sem sucesso, dois dos 16 vetos do governador para limpar a pauta e debater sugestões para a crise de abastecimento provocada pela paralisação dos caminhoneiros.

Na tarde desta terça (29), a Comissão de Agropecuária e Agroindústria debateu os impactos dos sucessivos reajustes de combustíveis sobre a produção rural. No mesmo dia, a Comissão de Minas e Energia aprovou requerimento de providências ao governo estadual no sentido de reduzir o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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