Uma pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro (FJP), por meio da plataforma FJP Dados, mostra que as responsabilidades domésticas e cuidados com filhos ou outros membros da família recaem majoritariamente sobre as mulheres em Minas Gerais.
Segundo os dados, 85,9% das pessoas em Minas realizaram algum afazer doméstico não remunerado em domicílio próprio ou de parentes. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o percentual é de 92,1% e, na capital mineira, 92,3%.
Os dados são referentes a 2017 e a análise das informações da Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílios Contínua (PnadC), divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo aponta que a proporção de mulheres que realizaram tarefas domésticas desse tipo foi superior à de homens, tanto em 2016 quanto em 2017, em todos os grupos etários, de cor/raça e de escolaridade.
Com relação aos diferenciais por faixa etária, em Minas Gerais, observa-se que os mais jovens (entre 14 e 24 anos) são os que apresentaram as menores taxas de realização de afazeres domésticos no próprio domicilio ou em domicílio de parente. No caso dos homens, a taxa foi de 67,4% e das mulheres, 87,1%, em 2017.
Para aqueles com idade entre 25 a 49 anos, a taxa para os homens foi de 81,8% e para as mulheres 96,2%. Já os homens na faixa etária de 50 anos e mais tiveram taxa de 81,1% contra 91,6% das mulheres.
A realização de cuidados com moradores do domicílio ou parentes (filhos, idosos etc) também afeta mais as mulheres do que aos homens. Enquanto 37,5% das mulheres cuidam de algum morador ou parente, apenas 26,1% dos homens faziam o mesmo.
A pesquisa mostra que o trabalho doméstico e no mercado exige das mulheres um esforço maior de conciliação das mulheres. “Este fato contribui para a desigualdade de resultados entre homens e mulheres, já que as responsabilidades de cuidado podem afetar salários e o tipo de ocupação das mulheres, influenciando e delineando sua trajetória profissional”, diz o estudo.
Raça e cor
Segundo os dados de raça/cor, a taxa de realização de afazeres domésticos em domicílio é bastante parecida no recorte por gênero.
Entre as mulheres, a taxa era maior para aquelas que se declararam pretas (94,2%) e pardas (92,5%) do que para as que se declararam brancas (91,5%).
Enquanto 24,5% dos homens de raça/cor branca cuidavam de algum parente ou morador do domicílio, 26,5% dos homens de raça/cor preta e 27,3% dos de raça/cor parda estavam nessa situação. Já para as mulheres, essa taxa foi de 37,5%, sendo que as de raça/cor branca equivaleram a 33,9%, as de raça/cor preta a 39,9% e pardas a 40,2%. Esse mesmo padrão também foi constatado na RMBH e no município de Belo Horizonte para o ano de 2017.
Escolaridade
No que se refere à escolaridade, quanto mais escolarizado é o homem, maior é a taxa de realização de afazeres domésticos. No caso das mulheres, o nível de instrução parece não fazer diferença significativa para a realização de trabalho doméstico não remunerado.
Em 2017, os homens que não chegaram a concluir o ensino fundamental tiveram uma taxa de afazeres domésticos de 76,6% contra 77,2% para aqueles com ensino fundamental incompleto e médio incompleto, 79,6% com ensino médio completo e superior incompleto e 85,4% com superior completo. Para as mulheres, as taxas são de, respectivamente, 90,9%, 94,4%, 93,6% e 93,9%.
No caso dos homens, a condição no domicílio que apresentou a maior taxa de realização de afazeres domésticos foi a de responsável pelo domicílio (86,5%), seguida dos cônjuges (83%), outras condições (66%) e filho (64,5%). Para as mulheres, a condição no domicílio com a maior taxa de realização de afazeres domésticos é a de cônjuge (97,8%), seguida da de responsável pelo domicílio (95,1%), filha (86,2%) e outras condições (76,1%).”