A política começa a movimentar suas “nuvens”, que não ficam paradas por muito tempo. Se o tempo fica bom ou ruim, nós eleitores teremos a oportunidade de manifestação nas próximas urnas.
A intervenção nacional no MDB mineiro, como já tratamos aqui, estava desenhada pela insatisfação das bancadas estadual e federal, formadas pelos 13 deputados estaduais e seis federais. Eles articularam a renúncia de mais de 50% do diretório estadual, provocando, segundo o estatuto, a autodissolução do órgão partidário e, com isso, conseguiram a troca de comando, com a derrubada do presidente Antônio Andrade, que também é vice-governador do Estado.
Agora, os deputados estaduais e federais são o novo comando e vão discutir as possibilidades de aliança ou de candidatura própria. É possível que o governador Fernando Pimentel, pré-candidato à reeleição, saia ganhando com a volta do MDB à sua base de apoio e aliança.
Com a queda de Andrade, perdem ele próprio, seus aliados e a tese deles de candidatura própria. O pré-candidato mais forte, hoje, ali é o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Adalclever Lopes (MDB), mas ele e seus aliados sabem que o partido não se preparou para a disputa eleitoral em tempo de ser competitivo.
Além deles, perdem também os pré-candidatos a governador, o tucano Antonio Anastasia e o demista Rodrigo Pacheco. Todos estavam de olho no enfraquecimento da pré-candidatura rival de Pimentel e no tempo de televisão do MDB, que é um dos maiores, de cerca de três minutos.
Então, se o MDB apoiar uma outra candidatura, a que tem maiores chances é a de Pimentel, que passaria a ter o maior tempo de TV na campanha de cerca de cinco minutos, juntando o tempo do PT e do MDB. Ganham também os deputados, que estavam em pânico com suas reeleições. Eles querem sobreviver na política e, pra isso, precisam de uma coligação, de uma aliança forte que os ajude a conquistar os votos. Na avaliação deles, o PT é o melhor partido para isso, legenda à qual estão aliados desde 2010.
O destronado presidente Antônio Andrade reagiu dizendo que iria judicializar a troca de comando, chamando-a de ‘golpe’ e ‘autoritária’, mas o Judiciário, normalmente, não se mete em problemas internos de partido. É muita briga e muito cacique pra pouco índio, como dizem lá. Tanto é que o Tribunal Superior Eleitoral já anotou e publicou a mudança em seu diário eletrônico.
Com ‘novo’ MDB, Assembleia volta a votar
Outro efeito importante do fim da crise, parcial ou integral, no MDB é que a Assembleia Legislativa voltou a votar os projetos em tramitação. Isso também representa indício que favorece o governo Pimentel, que depende dos projetos que estão lá, em tramitação, para recuperar a governabilidade e por algumas contas em dia.
Na terça (16) e quarta (17), votaram os mais de 10 vetos do governador, destravando a pauta, e aprovaram vários projetos e medidas do Executivo. Uma delas foi a indicação do líder dele, Durval Ângelo, para assumir a vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado, que foi criada após a morte da conselheira Adriene Andrade, em abril passado. Com a saída de Durval da Assembleia, após 23 anos e meio, deve assumir a liderança do governo o deputado André Quintão. Na vaga de deputado, assumirá o ex-vereador de Uberaba Tony Carlos.
Outro projeto aprovado foi a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 49/18, que prevê o pagamento do piso nacional da educação aos servidores estaduais da área. Até a semana que vem, eles devem votar outros projetos de interesse do governo, como a aprovação do projeto que autoriza o estado a fazer uma operação de crédito de R$ 2 bilhões para pagar precatórios. Se não tiver o dinheiro, o estado poderá sofrer, nos próximos meses, o sequestro de, pelo menos, R$ 400 milhões para pagar precatórios vencidos.
Além desse, devem aprovar também o projeto da securitização da dívida, a venda da dívida ativa renegociada com os credores, junto a bancos e instituições financeiras. Com isso, o governo deve conseguir aí, pelo menos, uns R$ 4 milhões. Tudo indica que o destravamento da pauta aconteceu após negociação que deve tirar de pauta a venda de 49% da estatal do nióbio, a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig).
Na semana que vem, os deputados devem entrar em recesso após a votação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). E aí, depois só Deus sabe, já que começa pra valer a campanha eleitoral e nenhum deles quer perder o mandato. Será a hora da verdade pra muita gente, na hora de ficar cara a cara com o eleitor.
(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br