[Coluna do Orion] Quem sai ganhando se houver terceira via na eleição a essa altura do jogo?

Fotos: Divulgação

O MDB teria tudo para ser uma terceira opção ou terceira via na eleição para governador de Minas se tivesse, lá atrás, acreditado em seu potencial político e eleitoral, mas, como era conveniente, ficou sempre à sombra do poder, dele se beneficiando sem nunca ter colocado a cara à tapa. No caso nacional, como estamos vendo, o governo do partido tem sido um desastre após a derrubada da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Agora, por meio da via democrática e eleitoral, eles querem chegar ao poder em Minas. Mas faltam apenas 43 dias e planejamento, preparação para colocar em campo um partido unido e um projeto de governo sustentável e amadurecido.

O novo candidato a governador, Adalclever Lopes (MDB), pode ter razão quando diz que os mineiros querem uma terceira via, que estariam cansados da polarização entre o PT e o PSDB, mas o fato de se apresentar, como outros se apresentam, não quer dizer que seja a terceira via ou que será identificado como tal. O que os mineiros, como muitos brasileiros querem, é a renovação da política, da prática política, respeito ao dinheiro público e retomada do crescimento, da confiança e da autoestima.

Hoje, o PT é o partido mais bem avaliado pelos brasileiros, com 25%, em média, de acordo com os vários institutos, registrando crescimento de seis pontos depois de tudo o que passou em meio a denúncias e condenações; o PSDB e o MDB estão em segundo lugar, com 4%; o restante está abaixo desse índice. Então, não há uma terceira via em elaboração e viabilidade.

Lacerda até que tentou

Marcio Lacerda, que era candidato a governador e era do PSB, tentou, mas foi atropelado pela falta de democracia interna em seu próprio partido. Logo eles, os partidos que deveriam praticar e dar exemplo de democracia acabam por adotar práticas da ‘velha política’, como disse Lacerda, para atropelar e interferir em situações de outros estados, afetando a independência e autonomia regionais. Por exemplo, o que que a disputa de Minas Gerais tem a ver com decisões nacionais e, muito menos, com a disputa do governo de Pernambuco, como foi, nesse caso, o motivo pelo qual Lacerda foi barrado? Nada, apenas exercício partidário de poder. Os estatutos partidários são arbitrários, verticalizados e dão superpoderes para a direção nacional, como ficou demonstrado agora.

Por outro lado, o MDB de Adalclever não seria alternativa aos partidos que se apresentam na polarização. Em toda a sua história recente, o MDB sempre apoiou um e outro; sempre foi parceiro deles. Além disso, restam apenas 44 dias de campanha eleitoral. Não há tempo hábil para lançamentos de candidaturas e chapas. O que Lacerda e Adalclever estão fazendo é motivado pelo que entenderam como traição do PT e do PSB.

Ao final, se tiverem sucesso no projeto, deverão conseguir pelo menos levar a eleição para o segundo turno, o que, no cenário de hoje, favorece exatamente o PT, de quem, hoje, eles estão fazendo oposição, que é o governador Fernando Pimentel, candidato à reeleição.

Caso contrário, teremos aquilo que já conversamos aqui, a eleição tende a acabar no dia 7 de outubro, sem um segundo turno.

O vice do vice

Se for eleito governador, nas eleições de 7 de outubro, o senador Antônio Anastasia (PSDB) não será substituído, no Senado, pelo suplente (espécie de vice) Alexandre Silveira (PSD), mas pelo segundo suplente (espécie de vice do vice), o ex-deputado Lael Varela (DEM). Faz parte de acordo eleitoral. Varela já fez até o terno da posse e já está agindo como tal. Ele não gostou nada de saber que seu desafeto, deputado federal Renzo Braz (PP), da mesma região, é suplente de senador da candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM) na chapa do tucano. Por isso, chamou o candidato a senador Dinis Pinheiro, da mesma coligação,k para receber uns votinhos em Muriaé e região.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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