Marcos Valério se ausenta da Apac de Sete Lagoas a pedido do STF para colaborar com as polícias; e negocia delação premiada

(Arquivo EBC)

Intrigados com as saídas frequentes do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) de Sete Lagoas, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, integrantes da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais visitaram o local nesta terça-feira (18) para apurar informações.

Valério é peça-chave nas investigações do chamado Mensalão, esquema denunciado em 2005 e caracterizado pela compra de votos de parlamentares da base governista à época, que recebiam R$ 30 mil mensais para que projetos do governo federal fossem aprovados.

Durante a visita, o presidente da Comissão e autor do requerimento para a visita, deputado Sargento Rodrigues (PTB), e o deputado João Leite (PSDB), verificaram que Marcos Valério está fornecendo informações, a pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, no Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa em Belo Horizonte. Por esse motivo, ele tem comparecido desde março a encontros com o delegado da Polícia Civil Rodrigo Bossi.

Até o momento foram 10 encontros com o delegado Bossi e já existe a previsão de mais quatro nos meses de setembro e outubro, com a mesma finalidade, incluindo uma oitiva (depoimento) nesta quarta-feira (19), às 9h30.

Marcos Valério atualmente cumpre pena depois de ser condenado no processo. Ele chegou à Apac após ter sido transferido para lá da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, em virtude de sua atual esposa morar, trabalhar e estudar em Sete Lagoas.

+ Publicitário recebeu nova condenação em junho deste ano

Delação premiada

Segundo informações obtidas pelos deputados da Comissão de Segurança Pública, o publicitário está cooperando com as polícias civis do Rio de Janeiro e de Minas Gerais e, ainda, com a Polícia Federal, no fornecimento de informações para serem anexadas ao processo.

Ele negocia um acordo de delação premiada, iniciado há cerca de um ano e atualmente aguardando homologação do ministro Celso de Mello.

Convidado a conversar com o presidente da Comissão, Marcos Valério disse não poder revelar ao deputado o teor das informações prestadas, mas foi enfático ao afirmar que não estaria sendo favorecido de maneira alguma.

“Tive minha boca quebrada quando de passagem por Tremembé (penitenciária neste município paulista), quebraram meu pulso três vezes no mesmo lugar na Nelson Hungria, fui vítima de tortura comprovada. Saio daqui para prestar informações e ir ao médico e ao dentista. Estou trocando todos os dentes. Faço as mesmas obrigações de outros presos, como a mesma comida, durmo na mesma cama que eles. Que regalias eu tenho?”, reforçou Marcos Valério.

Entenda o Mensalão

Em meados de junho de 2005, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciou esquema de compra de votos de parlamentares da base governista. Segundo o deputado, uma mesada no valor de R$ 30 mil era destinada a congressistas para que projetos do governo federal fossem aprovados.

De acordo com o Ministério Público, políticos dos partidos PL (Partido Liberal), hoje PR (Partido da República), PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), PP (Partido Progressista), PT (Partido dos Trabalhadores) e PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) participaram do esquema que teria durado entre 2003 e 2004, finalizando no início de 2005.

Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, o chamado “mensalão” funcionava a partir de três núcleos: político, operacional e financeiro. O empresário Marcos Valério realizava empréstimos com os bancos Rural e BMG apresentando como garantia os contratos que suas agências de publicidade tinham com o governo.

Esse dinheiro iria para o bolso dos parlamentares e para o “Caixa 2”, que é o uso do valor repassado pelo publicitário para pagamento de dívidas de partidos e dos gastos com as campanhas eleitorais.

Políticos da base aliada aprovavam concessões e vantagens de contratos do governo com Marcos Valério. No esquema foram denunciadas 40 pessoas, entre elas o ex-ministro chefe da Casa Civil do primeiro governo do presidente Lula, José Dirceu, que chefiava o núcleo político; o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que se encarregava de pagar a propina a parlamentares; e o então presidente do PT, José Genoino, acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Com informações da ALMG

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