Mata atlântica no chão: 5 municípios de Minas desmataram o equivalente a 1,2 mil campos de futebol

Operação em Minas vistoriou cidades no Norte do estado

O nome da operação, iniciada há 10 dias em 15 estados, foi Mata Atlântica em Pé, mas o levantamento revelou que o bioma está literalmente no chão, em função do desmatamento. Em Minas Gerais, foram desmatados nada menos que 1,2 mil hectares – o equivalente a 1.200 campos de futebol – de mata atlântica. No total, incluindo outros 14 estados, foi constatado o desmate de mais 4 mil hectares.

Os dados mineiros foram produzidos pelo Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), depois de fiscalizar 70 propriedades e 157 polígonos (áreas desmatadas localizadas dentro de uma propriedade), nos municípios de Curral de Dentro, Águas Vermelhas, Medina, Cachoeira de Pajeú e Santa Cruz de Salinas, todos no Norte do estado.

As atividades mais comuns praticadas nas áreas vistoriadas foram produção de carvão, pasto para bovinocultura e cultivo de eucalipto.

PMMA/Divulgação

Duas pessoas foram presas em flagrante – uma por porte ilegal de arma de fogo e outra por posse ilegal de arma com munição de uso proibido/restrito – , e apreendidas quatro armas de fogo, uma arma branca, 4.413 metros cúbicos de lenha e carvão, além de dois pássaros.

Participaram da operação, conjuntamente com o Ministério Público, a Polícia Militar de Meio Ambiente, o Ibama e fiscais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que lavraram 48 autos de infração ambiental, totalizando mais de R$ 5 milhões em multas.

De acordo com a promotora de Justiça Andressa Lanchotti, coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente (Caoma), as multas foram por diversas infrações: descumprimento da penalidade de suspensão de atividades de exploração florestal determinada em fiscalização; desenvolver atividade que dificulta a regeneração natural de vegetação nativa; supressão de vegetação em área comum no bioma mata atlântica; transportar carvão vegetal de origem de espécie nativa sem a devida autorização; operar fornos de carvão sem registro do órgão ambiental competente, entre outras.

Segundo a promotora, Águas Vermelhas e Curral de Dentro estão entre os 10 municípios de Minas onde mais ocorreu desmatamento dentro do bioma mata atlântica, de acordo com os últimos estudos publicados pela Fundação SOS Mata Atlântica, que faz o levantamento da situação dos remanescentes florestais no Brasil.

“Nos demais municípios, foram detectados desmatamentos recentes por meio do monitoramento contínuo, sendo aproveitada a operação para verificar a veracidade das imagens obtidas via satélite. Levou-se em consideração ainda a proximidade desses municípios para melhor coordenação e controle”, explicou.

Operação nacional

A operação Mata Atlântica em Pé, que envolveu Ministérios Públicos e órgãos ambientais de 15 estados, confirmou o desmatamento de mais de 5,2 mil hectares de mata no país. Durante a operação, foram fiscalizadas cerca de 500 propriedades previamente definidas a partir de imagens de satélite. Foram apreendidos mais de 7 mil metros cúbicos de madeira e emitidas multas que superaram R$ 20 milhões. Além de Minas, participaram da operação Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará.

A operação foi lançada em 10 de setembro,  com o objetivo de identificar desmatamentos em áreas de mata atlântica, punir os responsáveis e cobrar a reparação dos danos.

O bioma

O bioma mata atlântica está presente em 17 estados brasileiros e cobre (em sua extensão original) cerca de 13% do território nacional, onde vivem aproximadamente 140 milhões de pessoas, que dependem das múltiplas funções ambientais da mata atlântica. Apesar disso, continuam ocorrendo desmatamentos em toda a sua extensão.

Com informações do MPMG

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