[Eleições 2018] Dulim aposta em unificação do sistema de segurança, transformação da Cidade Administrativa e auditoria austera

Claudiney Dulim foi o quinto sabatinado pelo Bhaz (Henrique Coelho/Bhaz)

Claudiney Dulim foi escolhido para representar o Avante, na disputa pelo Governo de Minas, depois que candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM) foi retirada – agora ele é postulante ao Senado. Antes, o partido do advogado e professor de Direito havia decidido apoiar o DEM. A estratégia não vingou, mas a legenda parece estar disposta a fazer novas coalizões caso a candidatura própria não tenha êxito. Nas palavras de Dulim, que é vice-presidente nacional do partido, o objetivo é buscar soluções para Minas. Segundo ele, o que importa é que as ideias das coalizões sejam propositivas e estejam alinhadas ideologicamente com o que defende o Avante.

O candidato explica, no entanto, que há restrições em alguns casos diante das possibilidades de se fazer alianças. É o que afirma ao ser questionado se toparia fazer parte de governos do PT e do PSDB. “Se convidado, o partido pode participar de um outro governo, numa outra gestão, se a nossa não lograr exito. Nós não fazemos restrições a partidos ou a agremiações, pensamentos, lideranças partidárias”, disse em entrevista ao Bhaz nessa terça-feira (25).

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“Nós estamos querendo entrar em um processo para Minas Gerais de forma propositiva. Se incorporar ideias do nosso arcabouço político e ideológico, não vejo problema nenhum. Nós estamos sempre dispostos a ajudar. Estaremos abertos para uma proposta mais próxima das pessoas, por Minas Gerais. Eu não acho que o PT represente isso hoje”, explica.

Claudiney foi o quinto candidato ao Governo de Minas a ser entrevistado pelo Bhaz. A chapa defendida por ele tem como vice o também advogado Leandro Ramon (Avante). Durante a entrevista, o professor defendeu uma auditoria “austera e dura” como primeira medida para regularizar o salário dos servidores. Sugeriu ainda estudar novos usos para a Cidade Administrativa, que deve ser incluída em um levantamento patrimonial de bens do Estado.

Pagamento dos servidores

Durante a entrevista, Dulim elencou uma série de medidas que considera essenciais para que os salários dos servidores sejam regularizados. Ele fala em cortar pelo menos sete secretarias do governo e incorporar outras. Além disso, defende o que considera uma retomada do diálogo com o governo federal para fazer um “encontro” de contas e uma auditoria dos bens do Estado.

As ações seriam capazes de gerar economia e regularizar o pagamento. Segundo o candidato, a previsão é de que os salários sejam normalizados até o fim de 2019. “Vir aqui e dizer que vai colocar o salário dos servidores em dia logo nos primeiros meses de governo é temerário, eu acho até uma certa irresponsabilidade. O que nós vamos fazer é levantar a situação real e regularizar os repasses e os pagamentos”, explicou.

“No primeiro dia de governo, vamos cortar imediatamente sete secretarias e fundir algumas. Esses cortes de secretarias vão ocorrer sem prejudicar políticas públicas que funcionam”, afirmou. “Os cargos de recrutamento amplo, de gerenciamento e direção, serão transformados em função pública. Ou seja, serão contemplados com servidores da casa para gerar outra economia nos cofres do Estado”, apontando para cargos de confiança, com foco nas assessorias.

Cidade Administrativa

O levantamento patrimonial de Minas, proposto por Dulim, também abrangeria a Cidade Administrativa. O candidato diz não ter o desejo de governar do prédio construído para ser sede do governo, mas explica que a situação precisa ser analisada do ponto de vista financeiro e econômico. Ele sugere novos usos para o espaço: “A gente poderia, por exemplo, transformar a Cidade Administrativa, em parceria com a iniciativa privada, em um grande centro tecnológico”.

Para Dulim, a Cidade Administrativa não pode ser perdida por ter um “papel fundamental” no crescimento e no desenvolvimento do Vetor Norte de Belo Horizonte. Questionado sobre a criação de um centro tecnológico representar uma “duplicidade” de iniciativas, já que Minas conta com outros projetos parecidos, ele diz que o Estado tem potencial para inovar a partir do investimento em tecnologia. “Temos que ter humildade para reconhecer que vamos buscar parcerias para fazer isso”, afirma.

Educação

Dulim diz que no governo dele, caso seja eleito, um dos primeiros objetivos será restabelecer repasses aos municípios para que haja investimento em educação infantil. Também explica que diferentes setores da sociedade serão consultados para que estudem, juntos, formas de regulamentar os repasses atrasados. A partir do segundo ano de governo, a ideia é investir em duas outras propostas: retomar as escolas integradas e de tempo integral, com a possibilidade de que alunos possam ter acesso a cursos técnicos de nível médio e à língua estrangeira.

“Os repasses que não foram feitos vão continuar represados, não temos como fazer agora, não vamos ser irresponsáveis. Nós vamos conversar com os prefeitos, câmaras municipais, sindicatos e líderes comunitários para estudar formas de regulamentar os atrasados. Os repasses a partir do nosso governo, nós vamos regulamentar a partir dos primeiros 50 dias de governo”, conta.

“Nós vamos ofertar, até o final do nosso governo, que o aluno egresso do ensino médio público possa disputar no mercado de trabalho nos padrões do aluno que sai da escola privada”, diz. “Precisamos implantar, a partir de parcerias públicas privadas, a possibilidade de nossos alunos saírem da escola com curso técnico de nível médio para ficar mais qualificado no mercado de trabalho”, sugere.

Saúde

Na saúde, os repasses dos municípios devem ser colocados novamente em dia a partir dos primeiros 50 dias de governo. Os atrasados, segundo Dulim, devem ser negociados.

O candidato afirma que recurso é necessário para que a atenção básica seja dada nas cidades e não haja uma “queima de etapas”. “O cidadão não tem acesso à saúde de qualidade no seu município, na saúde primária e na secundária, ele vai direto na terciária, na mais complexa, que são os hospitais. Os prefeitos estão bancando saúde com dinheiro do caixa único e as prefeituras vão entrar em colapso, já que não há dinheiro em investimento”, explica.

Dulim conta ainda que o secretário de Saúde, no governo dele, deve ser o responsável pela gestão dos recursos. No entanto, pondera que a saúde deve ser municipalizada.

Segurança

Para garantir melhorias na Segurança, o professor diz que uma das saídas é implantar o Sistema Único de Segurança Pública, a partir da integração de dados e inteligência das polícias, além de melhorar as condições de trabalho dos efetivos. “O que resolve o problema da Segurança não é só polícia armada, nem o monopólio da violência do Estado, nem em Minas, nem no Brasil”, diz.

“Precisamos colocar salário de policial em dia e investir em inteligência, que custa pouco. A educação e formação dos nossos jovens também têm papel fundamental nesse processo”, explica citando o resgate de programas como o Fica Vivo. “Vamos requalificar a nossa polícia, devolver a ela o salário em dia, a dignidade que os nossos policiais estão perdendo e qualificá-los a partir da implantação do Sistema Único de Segurança Pública”, conta.

Ao longo da entrevista, Dulim falou ainda sobre a recorrência de acidentes em estradas mineiras, de como atrair mais investimentos para o Estado e a situação da Hidroex, o centro de pesquisas de recursos hídricos cujo projeto custou cerca de R$ 230 milhões e foi extinto. Veja na íntegra no vídeo acima.

Perfil

Natural de BH, Claudiney Dulim é casado e tem dois filhos. Ele é advogado e professor de Direito da Faculdade Kennedy, onde leciona Ética, Direito Eleitoral e Estatuto da OAB. Também é pós-graduado em Direito e Processo Eleitoral pela Universidade Cândido Mendes, no Rio.

Candidato ao governo de Minas pelo Avante, ele é vice-presidente da Executiva Nacional do Avante e já foi secretário adjunto de administração das regionais Nordeste e Venda Nova, na Prefeitura de Belo Horizonte. Além disso, atuou como ouvidor do do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG).

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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