[Coluna do Orion] Vices voltam a ‘dar defeito’ expondo reais intenções dos candidatos titulares

Henrique Coelho/Bhaz + Reprodução/Twitter

Os vices têm sido a pedra no sapato dos candidatos cabeças de chapa nas eleições e também após elas, na administração propriamente dita. Não porque estejam apenas conspirando contra o titular, mas, muita vezes, os expõem, deixando-os numa saia justa na hora em que estão buscando conquistar os votos, o que é objetivo de uma campanha. O constrangimento maior não é porque contrariam os chefes, mas os revelam.

O que disse o candidato a vice de Antonio Anastasia (PSDB), Marcos Montes (PSD), de que eles irão apoiar Jair Bolsonaro, candidato a presidente do PSL, porque o candidato presidencial deles, Geraldo Alckmin (PSDB), não decolou, e o que disse o vice de Bolsonaro (general Hamilton Mourão), de que o décimo terceiro e as férias só existem no Brasil e que seriam problema para as empresas, são revelações antecipadas sobre o que pensam os titulares.

Anastasia contestou o vice dizendo que o candidato deles é Alckmin e não se fala mais nisso; e Bolsonaro disse que o vice não conhece a Constituição. No fundo, no fundo, o que dizem é que certas coisas não podem ser ditas, apenas pensadas para, se possível, por em prática no futuro, quando não precisarem mais de pedir votos. Então, os vices funcionam como o alter ego dos candidatos titulares. Agora, ficarão os dois recolhidos ao “silêncio obsequioso”, como prometeu Mourão, para não criar mais problemas, porque não é hora disso.

A figura do vice é e tem sido um problema para os eleitos e ganhou importância histórica nos últimos 50 anos. Após a última eleição, antes da ditadura, em 64, o vice João Goulart assumiu com a renúncia de Jânio Quadros; após a redemocratização, em 85, o vice José Sarney assumiu também com a morte de Tancredo Neves. Na primeira eleição (1989) após o fim do regime militar, em 92, o vice Itamar franco assumiu após a cassação de Fernando Collor e, há dois anos, o vice Michel Temer tomou o poder para si com o impeachment de Dilma Rousseff.

Antes de 64, eles eram eleitos diretamente. Após a redemocratização, passaram a integrar a chapa do presidente eleito. Na eleição, servem para a composição pela qual a aliança é feita para aumentar o potencial eleitoral e de tempo na propaganda gratuita de rádio e TV.

Eles podem até ficar em silêncio, mas não podem ser escondidos, até porque existem e é bom que digam o que pensam, porque muitas vezes, é o pensamento também do titular.

Semana decisiva para eleição mineira

Mais uma rodada de pesquisas, com alterações pouco significativas e dentro da margem de erro, ou seja, o que está sendo apontado, nesse último Ibope, é que o candidato do PSDB, Antonio Anastasia, lidera a disputa e amplia a vantagem sobre o segundo colocado, Fernando Pimentel, candidato à reeleição pelo PT. Veja aqui a última pesquisa Ibope.

Tudo somado, juntando-se as intenções de votos de todos os outros, o resultado é dois pontos percentuais acima do que o primeiro colocado alcançou, situação na qual ficaria caracterizado o segundo turno entre Anastasia e Pimentel. Mas, dois pontos de diferença também estão margem de erro e pode ser que estejam abaixo da intenção do líder. Sendo assim, o segundo turno está dentro da margem de erro. Pode acontecer ou não, não dá para garantir; por isso, a reta final, a última semana de campanha será decisiva nesse sentido, para reafirmar esse quadro ou definir a eleição já.

Os últimos oito dias de campanha começam, neste sábado, com mais um confronto entre os candidatos, em debate de televisão (TV Record) e serão encerrados com outro debate de televisão (TV Globo). Isso e o esforço final de campanha poderão fazer a diferença.

Os candidatos não adiantaram, até agora, algo que possa mudar o quadro. Ainda não sabem como atingir os indecisos e os insatisfeitos; caso não consigam, o quadro tende a continuar como está, com a expectativa de que os próprios indecisos olhem com mais atenção e, por conta própria, façam a opção, sabendo, desde já, que voto branco, nulo ou abstenção são permitidos, mas tira o eleitor optante do jogo, ou seja, sua manifestação e posição serão consideradas inválidas, transferindo para os outros a decisão sobre o futuro de nosso próximo quatriênio.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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