“Não deixaria de vir por motivo nenhum, essa era minha prioridade total, temos que mostrar nossa voz, ter coragem de se expressar”. A fala de uma das milhares de manifestantes que tomaram o Centro de BH neste sábado (29) dá o tom do ato contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Com direito a trio elétrico, o protesto reuniu pessoas – especialmente mulheres – de todas as idades, raças e partidos: foi possível ver apoio a Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (Psol).
O ato começou no início da tarde, na Praça Sete. Por volta das 16h, seguiu para a Praça da Estação em meio a música e gritos de ordem. “Ô, Bolsonaro, pode esperar, a mulherada vai te derrotar” e “Pode chover, pode molhar, em Bolsonaro eu não vou votar” (em alusão à chuva no fim da tarde) foram alguns dos cânticos. O número de participantes, como de praxe, é um mistério. A Polícia Militar se recusou a passar uma estimativa, organizadores falaram em 100 mil pessoas, enquanto a Guarda Municipal falou em 10 mil.
“Importantíssimo. Muito importante manifestar nossa voz neste momento crucial para nosso país. As pessoas têm que ter coragem de tomar sua posição porque tem muita coisa em risco. Importantíssimo dizer ele não”, afirmou ao Bhaz a publicitária Vanessa Maraisa da Silva, autora da fala que abre esta reportagem.
Com uma filhinha de 8 meses, Karina Sena roubou a cena em parte do ato. “A pequeninha aqui está fazendo o maior sucesso, a estão chamando de boneca empoderada”, diz a profissional de relações públicas. “A mulherada veio em peso, mas não só. Foi um evento que começou para a mulherada, mas todo mundo abraçou a causa”, disse.
O engenheiro civil Luis Henrique Rezende foi um desses homens que abraçou a causa. “Esse ato está mostrando uma inflexão no protagonismo na decisão do futuro do país, agora das mulheres. Mostrando que elas não aceitam, estou acompanhando minha esposa, mas está mostrando que a mulher está se colocando na rua contra intolerância, fascismo, racismo, contra o que pode vir acontecer no futuro deste país”, disse.