No último debate, candidatos priorizam propostas, mas não esquecem Bolsonaro

Reprodução/Twitter

A Rede Globo exibiu na noite desta quinta-feira (4) o último debate entre os presidenciáveis – a apenas três dias das eleições. Estiveram presentes Álvaro Dias (Pode), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (Psol), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). O líder nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), não participou por sequelas do ataque que sofreu em Juiz de Fora no início de setembro; apesar disso, o capitão da reserva concedeu uma entrevista a RecordTV que foi veiculada no mesmo horário do debate.

Surpreendendo os eleitores, o debate não foi marcado por ataques e embates entre os candidatos. Foi possível perceber que os presidenciáveis focaram em apresentar suas propostas e discutir temas em alta no Brasil – como corrupção, as reformas do Governo Temer, carga tributária e privilégios. Os candidatos frequentemente se uniram em dobradinhas para aproveitar melhor o tempo e apresentar suas propostas.

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Apesar disso, o líder das pesquisas de intenção de voto foi assunto em diversos pontos do debate. Os candidatos criticaram sua ausência na Globo e presença simultânea na entrevista da RecordTV; alegaram ser uma falta de compromisso com o eleitor e com a democracia. Momentos antes do debate, Bolsonaro publicou uma foto em suas redes sociais em que aparecia assistindo a um programa de comédia na televisão.

O debate

Logo no início do primeiro bloco, Ciro Gomes e Marina Silva fizeram uma dobradinha em que, juntos, criticaram o momento de polarização do país e se apresentaram como alternativa a Bolsonaro e ao PT. O assunto, inclusive, foi bem recorrente ao longo de todo o debate; todos os candidatos criticaram a ideia de enxergar algum pleiteante como o “salvador da pátria”. Ironicamente, em meio a isso, Alckmin e Haddad protagonizaram uma troca de ataques pautada na histórica polarização PT x PSDB.

Nas redes sociais, o destaque foi para Guilherme Boulos, que fez um discurso pautado na defesa da democracia e dos direitos humanos. “Não dá para fingir que está tudo bem. Nós saímos de uma ditadura em que muita gente morreu. Quando eu nasci, estava numa Ditadura, e não quero que minhas filhas cresçam numa. Se você [eleitor] vai votar no domingo, é porque teve gente que deu a vida por isso. Ditadura nunca mais”, disse, ovacionado em sequência.

Os blocos seguintes, entretanto, foram marcados por uma maior atenção dos candidatos às propostas. Os presidenciáveis faziam perguntas entre si sobre temas livres ou pré-estabelecidos. Estiveram em pauta a corrupção, a legislação trabalhista, investimentos sociais e infraestrutura. Bem como havia ocorrido no primeiro bloco, Alckmin e Boulos cravaram um embate sobre a reforma trabalhista: de um lado, o tucano defendia que se trata de uma “modernização” e, de outro, o psolista criticava alegando “retirada de direitos”.

Álvaro Dias e Fernando Haddad protagonizaram embates voltados para ataques. O tema sorteado foi gastos públicos, mas o senador paranaense dedicou parte do seu tempo para ironizar a candidatura de Haddad. Ele afirmou que “gostaria de entregar uma carta ao verdadeiro candidato do PT”, no caso, Lula; o ex-prefeito de São Paulo afirmou que Dias “não tinha postura”. Momentos depois, quando o assunto era corrupção, o ex-governador do Paraná acusava o PT de conspirar contra a Lava Jato.

Haddad foi alvo de ataques de quase todos os candidatos, que apostaram nas críticas aos governos PT e nas crises política e econômica que o Brasil vem enfrentando. Marina Silva chegou a convidar o ex-prefeito de São Paulo a fazer uma autocrítica dos “erros do partido dos últimos anos”. Ao longo do debate, Haddad apostou em fazer dobradinhas com Guilherme Boulos para criticar projetos do Governo Temer e propostas liberais dos demais candidatos.

A recorrência de Bolsonaro

Apesar de ausente, o assunto Jair Bolsonaro foi recorrente no debate. Ele não esteve presente por suposta recomendação médica; entretanto, no mesmo horário, foi veiculada pela RecordTV uma entrevista com o candidato.

A ausência de Bolsonaro foi alvo de críticas por candidatos como Marina Silva, Ciro Gomes e Henrique Meirelles. No terceiro bloco, o candidato do PDT dedicou uma pergunta inteira, direcionada a Meirelles, sobre o presidenciável do PSL. “Hoje ele teve alta, deu entrevista longa e fugiu. Você acha correto que não se submeta ao debate?”, disparou o ex-governador do Ceará, que ainda teceu críticas às propostas econômicas de Paulo Guedes, fiel correligionário de Bolsonaro. “Ele não está só fugindo do debate, mas do seu compromisso com a população”, completou o ex-presidente do Banco Central.

Até mesmo quando se dedicavam a criticar o PT os candidatos citavam Jair Bolsonaro; Alckmin era o mais enfático em afirmar que “são face da mesma moeda” e que se deve “combater os dois extremos”. Marina Silva, inclusive, chegou a ser fortemente aplaudida pela plateia ao afirmar que gostaria de fazer uma pergunta a Bolsonaro, mas ele “amarelou” do debate.

Rodrigo Salgado

Repórter do Portal Bhaz.

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