[Coluna do Orion] Duelo de extremos não pode ameaçar a maior obra da democracia: a Constituição

Ulysses Guimarães erguia a Constituição cidadã há 30 anos (Divulgação/Agência Brasil)

O cenário nacional se consolidou, nas duas últimas semanas, na polarização entre antipetistas e petistas. Jair Bolsonaro (PSL) e seus aliados trabalharam com uma opção que é contra o “tudo o que está aí”, e o principal representante do “que está aí” e que poderá estar no segundo turno é o PT; da outra parte, o PT adverte para o risco de retrocesso, do desconhecido e autoritário.

De domingo pra cá, nesta última semana de campanha, a derradeira do primeiro turno, os aliados de Bolsonaro jogaram pesado naquela estratégia semelhante à do presidente norte-americano Donald Trump, quando foi candidato, de espalhar informações não de sua campanha e de suas propostas, mas de desconstruir o candidato e partido adversários, Fernando Haddad do PT.

Então, colocaram em campo o jogo do vale-tudo, mesmo sabendo que muito do que propagam não é verdade, que é fake News ou falso; para eles isso não importa, o objetivo é aumentar a rejeição a Haddad e ao PT entre os empresários, evangélicos e o cidadão comum, com discursos de ‘venezuelização’ do país, de ditadura comunista, para ganhar no primeiro turno. Tanto é que Bolsonaro não cresceu nas pesquisas além da margem de erro, e nessa hora que os institutos excluem os votos brancos, nulos que são voto inválidos, parece que houve crescimento de todos, mas não é bem assim.

Da parte do PT, a resposta é atacar os fake News e os riscos de retrocesso no país. Ambos erram também quando falam em mexer na Constituição, de convocar constituinte para mudar a Constituição.

A estratégia de Bolsonaro então é vencer no primeiro turno, porque, de acordo com os mesmos institutos que apontam a liderança dele, ele correria riscos, no segundo turno, ante Haddad. Então, a ansiedade para vencer logo é muito grande, até porque se a eleição fica aberta há sempre o risco de perder ou ganhar.

Mas não se pode perder o bom senso e os princípios democráticos. Nesse ambiente de confronto de extremos não se pode nem se deve pôr em risco a democracia e sua principal obra construída coletivamente nesses últimos 30 anos que é a Constituição Federal brasileira, completados exatamente na sexta (5).

As coisas estão ruim, o país precisa de mudanças, mas nem tudo o que está aí é ruim. Vivemos uma crise especialmente econômica, o que acaba agravando todas as diferenças sejam políticas e sociais. Os 30 anos de nossa principal obra democrática e de avanços socais, que é a Constituição, precisa ser preservada em defesa do estado democrático de direito.

Que vença o que for tiver mais votos, mesmo que nem sempre seja o melhor, mas devem prevalecer as regras do jogo democrático, porque, caso contrário, teríamos o pior resultado da eleição e para o nosso futuro quatriênio.

Zema garante 2º turno e ameaça Pimentel

Os números não sugerem mais dúvidas quanto à possibilidade de um segundo turno na disputa eleitoral em Minas. A dúvida que surgiu de última hora é quem disputará contra o candidato a governador pelo PSDB, Antonio Anastasia, líder das pesquisas, no segundo turno. Será mesmo Fernando Pimentel, atual governador e candidato à reeleição pelo PT, que esteve o tempo todo em segundo lugar? Havendo segundo turno, como sinalizam as pesquisas, ele seria o principal beneficiado, porque, hoje, não tem chances de vencer no primeiro turno, ao contrário do que deseja Anastasia.

Mas aí apareceu o terceiro lugar que começa, talvez tardiamente, a se consolidar como terceira via, que é o candidato do partido Novo, Romeu Zema. Ao contrário de Anastasia e Pimentel, ele obteve crescimento de cerca de 100%. Não seria absurdo se os institutos que fazem pesquisa, quase que diariamente, passassem a analisar um segundo turno entre Anastasia e Zema. Se sua trajetória continuar ascendente pode até ocupar o lugar de Pimentel no segundo turno.

Desde que apresentou-se como aliado e pediu votos para Jair Bolsonaro (PSL), embora seu próprio partido tenha candidato presidencial (João Amoedo), no encerramento do debate da TV Globo, Zema vem subindo nas pesquisas. Aliados de Bolsonaro que estavam votando em Anastasia, para derrotar o governador petista, passaram a apoiar Zema para tirar Pimentel do segundo turno e evitar riscos de sua reeleição.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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