Mestre de capoeira é assassinado com 12 facadas ao contar que votou no PT

Fotos: Facebook/Reprodução + Alberto Maraux / Divulgação/ SSP-BA

Um mestre de capoeira foi esfaqueado e morto na madrugada desta segunda-feira (8), em Salvador (BA). Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como Moa do Katendê, tinha 63 anos. Katendê era muito querido por artistas de Belo Horizonte, onde chegou a participar de oficinas carnavalescas.

O motivo do crime teria sido uma discussão política envolvendo o Partido dos Trabalhadores (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Outro homem, de 51 anos, também ficou ferido. Paulo Sérgio Ferreira de Santana, de 36, foi identificado como autor crime e preso em flagrante.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a confusão teve início em torno de 2h40, logo após um homem gritar palavras com nome de Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL. Contudo, o mestre de capoeira respondeu dizendo que as pessoas daquela região preferiam o PT. O apoiador de Bolsonaro, de acordo com a perícia, desferiu 12 facadas em Romualdo, na região das costas. O agressor e a vítima não se conheciam.

“O autor de um homicídio, na madrugada desta segunda-feira (8), em Salvador, contra um mestre de capoeira, alegou discussão política como motivação do crime”, explicou a SSP-BA em um comunicado. De acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Paulo tinha envolvimento com outros dois casos de discussões em 2009 e 2014.

A SSP-BA ainda afirma que “o autor do assassinato e da tentativa de homicídio informou que foi xingado e que estava consumindo bebida alcoólica desde o início da manhã de domingo”. O homem agora diz estar arrependido. A SSP-BA divulgou uma nota oficial (leia abaixo).

De acordo com a Polícia Militar, o criminoso também feriu outro homem. “O criminoso fez duas vítimas a facadas, um homem de 63 que não resistiu aos ferimentos e morreu no local e outro, de 51 anos, atingido no braço e socorrido por populares para o Hospital Geral do Estado (HGE)”, explica o órgão. A outra vítima está internada.

Muito querido em BH

Moa do Katendê é tido como referência por diversas personalidades da música baiana. Em Belo Horizonte, Moa teve alguns encontros com o bloco carnavalesco Baianas Ozadas. Um dos fundadores do bloco e músico, Geo Cardoso, falou ao Bhaz.

“Moa é uma referência na cultura afro-brasileira. Acho lamentável que tenhamos chegado a esse nível de ódio, de total falta de respeito com a vida do próximo. Ele [Moa] sempre lutou muito contra todo e qualquer tipo de discriminação, como o com a Umbanda e Candomblé, por exemplo”, relata.

De acordo com o músico, a situação do país pode ficar ainda mais complicada. “Se você coloca um gestor compactuando com discursos de ódio, a frente de um país, as coisas tendem a piorar. Seguimos aguardando o melhor para o Brasil, para que cenas como essas não se repitam”, completa.

Veja o comunicado, na íntegra, da Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA):

“O autor de um homicídio, na madrugada desta segunda-feira (8), em Salvador, contra um mestre de capoeira, alegou discussão política como motivação do crime. Paulo Sérgio Ferreira de Santana, 36 anos, usou uma faca para acertar fatalmente Romualdo Rosário da Costa, 63 anos, e Germínio do Amor Divino Pereira, 51, parente da vítima, que encontra-se, no Hospital Geral do Estado (HGE), com ferimento no braço.

Segundo informações preliminares Paulo chegou em um bar, na localidade do Dique Pequeno, bairro do Engenho Velho de Brotas, e se envolveu em uma discussão com ‘Moa do Katendê’, como era conhecido Romualdo. Após desentendimento, o autor da agressão saiu do estabelecimento, buscou uma arma branca, na sua residência, e retornou ao bar.

No local, Paulo deu facadas, nas costas de Romualdo, que estava sentado, e um golpe com a mesma arma branca, no braço de Germínio. Moa do Katendê morreu no local, e o seu parente foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde está internado.

No Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o autor do assassinato e da tentativa de homicídio informou que foi xingado e que estava consumindo bebida alcoólica desde o início da manhã de domingo. Em depoimento ele comentou ainda que estava arrependido.

“Vamos ouvir outras testemunhas que nos ajudarão a esclarecer totalmente o caso”, comentou a delegada do DHPP Milena Calmon, responsável pelo caso. A policial informou ainda que Paulo tinha envolvimento com outros dois casos de discussões em 2009 e 2014″.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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