Clima de guerra: Agressões e ameaças motivadas por desavença política disparam em MG

Um dos casos motivados pelo duelo entre Bolsonaro e Haddad ocorreu na UFMG (Marcelo Camargo/Agência Brasil + UFMG/Divulgação + Fernando Haddad/Divulgação)

Historicamente conhecido pela serenidade, o povo mineiro encarnou o clima tenso que tomou o país com as eleições deste ano. Desde o fim do primeiro turno, que definiu o duelo entre os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), são registradas diariamente ocorrências de ameaça, injúria e até mesmo agressão no estado motivadas por desavenças políticas. O Bhaz fez um levantamento de casos que demandaram o acompanhamento de autoridades policiais nos últimos quatro dias.

Na quinta-feira (11), uma mulher de 30 anos decidiu ir à Polícia Militar após o filho, de 9 anos, ter sido agredido por um policial do Rio de Janeiro aposentado. A criança teria levado um tapa e sido xingada pelo sargento porque, segundo o próprio militar, tinha retirado o adesivo de Bolsonaro do carro dele. O caso ocorreu em Itacarambi, no Norte de Minas.

Na capital mineira, no bairro São Luiz, na região da Pampulha, uma mulher de 24 anos afirmou à polícia que andava pela avenida Santa Rosa na manhã de terça-feira (9), quando foi abordada por um homem com uma tatuagem de carpa no braço esquerdo. O rapaz perguntou em quem ela votaria no segundo turno e, assim que ela respondeu que não votaria no Bolsonaro, foi empurrada pelo homem. A mulher sofreu ferimentos no punho direito e no rosto.

Já em Juiz de Fora, onde o candidato do PSL foi esfaqueado no início do mês passado, outra ocorrência de agressão – desta vez, no sábado (6), um dia antes do primeiro turno. Uma professora de 57 anos caminhava em direção a um ato pró-Bolsonaro com uma bandeira do Brasil e uma camisa amarela com a frase “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”. De repente, ela foi golpeada com um soco na altura do peito. O autor teria sido um vizinho, que ainda a xingou de cadela por votar em um candidato “vagabundo, racista, nazista e homofóbico”.

Na Vila Piratininga, na região do Barreiro, em BH, uma mulher de 36 anos alegou ter sido agredida pela colega de trabalho. A suposta autora teria afirmado que votaria no Bolsonaro, quando a vítima perguntou se ela não “era da igreja”. A mulher, então, teria ficado irritada, puxado o cabelo e dado um tapa no rosto na denunciante.

Brigas generalizadas

Novamente em Juiz de Fora e em Governador Valadares, no Rio Doce, duas brigas generalizadas iniciadas por divergência política. Na cidade da Zona da Mata, uma academia foi palco da briga entre mulheres simpatizantes e contrárias a Bolsonaro. Socos e chutes foram trocados e o caso quase ficou mais grave, quando a família de uma das mulheres apareceu, na mesma academia, com um martelo procurando a outra participante da briga. Por sorte, ela não estava mais lá.

Em Valadares, dois casais foram parar na delegacia após uma discussão iniciada por política. Um deles chegou até mesmo a sugerir que tinha uma arma de fogo.

Ameaças e proibição

Na pequena cidade de Goianá, também na Zona da Mata, uma mulher de 28 anos foi à PM após o dono de um bar a expulsar do estabelecimento. O motivo? Aquele não seria lugar pra petista, sempre conforme relato da vítima. Em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, outra mulher procurou a polícia após receber mensagens ofensivas. “Corna, onde está seu feminismo, chupa o pênis do Bolsonaro”.

O âmbito escolar também foi palco de desavenças que viraram caso de polícia. Na Escola de Engenharia da UFMG, um estudante de 25 anos afirmou aos policiais ter sido vítima de injúria na última segunda-feira após colegas o chamarem de fascista. O professor, momentos antes, teria perguntado para os alunos quem votaria no Bolsonaro, que ele é antidemocrático e não governaria para as minorias.

Em Poços de Caldas, no Sul do Estado, uma estudante de 38 anos afirmou que foi alvo de xingamentos, na última terça, proferidos por colegas: “fascista, homofóbica, nazista”. O caso teria ocorrido na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Em Santos Dumont, na Zona da Mata, um adolescente de 15 anos afirmou sofrer retaliações da professora após defender uma “tese sobre repúblicas de homem e mulher”. O menino alega ter sido chamado de machista pela educadora.

Thiago Ricci[email protected]

Editor-executivo do BHAZ desde agosto de 2018, cargo ocupado também entre 2016 e 2017. Jornalista pós-graduado em Jornalismo Investigativo, pela Abraji/ESPM. Editor-chefe do SouBH entre 2017 e 2018; correspondente do jornal O Globo em Minas Gerais, entre 2014 e 2015, durante as eleições presidenciais; com passagens pelos jornais Hoje em Dia e Metro, TVs Record e Band, além da rádio UFMG Educativa, portal Terra e ONG Oficina de Imagens. Teve reportagens agraciadas pelos prêmios CDL, Délio Rocha, Adep-MG e Sindibel.

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