‘Botão de pânico’ será acionado em ônibus contra assédio a mulheres; especialista questiona medida

(PBH/Divulgação + Agência Brasil/Divulgação)

Integrando as ações de prevenção da Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH) para casos de assédio e importunação sexual contra mulheres, serão implementados nos ônibus de toda a cidade o “botão do pânico”, ferramenta que alertará imediatamente os casos de assédio. Além da GMBH, a Transfácil, empresa responsável pela venda de bilhetes da capital, e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que opera o metrô, são parceiras nas ações.

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O ‘botão do pânico’ funcionará da seguinte  maneira: caso percebam algum tipo de assédio dentro do coletivo ou sejam avisados pelas vítimas, os motoristas devem utilizar o botão do pânico, que emitirá um alerta para o Centro Integrado de Operações da Prefeitura de Belo Horizonte (COP-BH), que fará o contato com a Guarda Municipal. Acionado o botão, viaturas da Guarda ou da Polícia Militar serão enviadas para a captura do agressor, sem que o ônibus precise parar.

O motorista será orientado a seguir viagem para que o criminoso não saia do veículo. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção, cerca de dois mil coletivos da capital já têm a ferramenta, porém era utilizada para casos de depredação e assalto. Ainda como complemento ao dispositivo e prevenção a possíveis casos de assédio, grupos compostos por quatro mulheres da Guarda Municipal vão atuar em diferentes linhas e horários do metrô e de linhas de ônibus.

Na próxima segunda-feira (29), começa a primeira parte do projeto, onde os motoristas receberão treinamento e orientações para que saibam como proceder em casos de importunação sexual e assédio contra mulheres. Eles serão instruídos a agir em defesa das vítimas. Ainda nesta semana, haverá a distribuição do material impresso e conversa com passageiras sobre a tecnologia.

Solução?

Para a psicóloga especializada em violência contra a mulher, Cláudia Natividade, professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), o dispositivo funciona como uma espécie de ‘poção mágica’, ou seja, não existe. E questiona seu funcionamento no que diz respeito às vítimas.

“O assédio contra mulheres, especialmente dentro do transporte coletivo, ocorre de muitas formas. Há uma gama muito grande de tipos de assédio e as mulheres sentem isso de formas muito humilhantes, invasivas. E questiono, o assédio será visível aos motoristas de ônibus? Porque nem sempre está visível aos passageiros. Como será quando acontecer? Elas se levantam e vão se dirigir ao motorista?”, indaga.

Em contrapartida aos questionamentos, a psicóloga afirma que acredita que a solução mais adequada é o processo de mudança cultural e social, ambos muito longos. E que mais importe, uma mudança cultural envolve investimentos em processos educacionais por parte do poder público e da própria sociedade.

 

Marcella Oliveira

Publicitária e redatora do portal BHaz.

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