Folha de S.Paulo pede proteção policial após ataques de apoiadores de Bolsonaro

Wikimedia Commons/Reprodução

O jornal Folha de S.Paulo enviou um pedido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que seja feita uma investigação pela Polícia Federal (PF) sobre ataques sofridos por uma jornalista e um diretor. O pedido foi protocolado na noite dessa terça-feira (23). O site Divinews, de Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, decidiu não mais noticiar política no segundo turno, por conta de ameaças. Os casos viram assunto nas redes sociais e têm gerado discussões sobre censura e liberdade de imprensa no contexto eleitoral.

De acordo com a Folha de S.Paulo, as ameaças tiveram início logo após a veiculação da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”, na última quinta-feira (18). Na ação, a Folha frisa que os ataques têm a intenção de constranger a liberdade de imprensa.

O jornal informou que a jornalista Patrícia Campos Mello, que assinou a reportagem, e a empresa receberam centenas de mensagens de ameaças nas redes sociais e também via e-mail. “Entre sexta-feira (19), dia seguinte à publicação, e esta terça (23), um dos números de WhatsApp mantidos pela Folha recebeu mais de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do aplicativo”, relata.

A Folha ainda afirma que o WhatsApp da repórter responsável pela reportagem foi hackeado e algumas mensagens mais recentes foram apagadas. O aparelho telefônico também enviou mensagens pró-Bolsonaro para diversos contatos da jornalista. A repórter ainda explica que recebeu duas ligações, de forma anônima, em que uma voz masculina a ameaçou. No decorrer da semana, o jornal disse que “foram distribuídas mensagens convocando eleitores de Jair Bolsonaro para confrontar Patrícia no endereço onde aconteceria um evento que seria moderado por ela, na próxima segunda-feira (29)”.

A publicação ainda relata que Mauro Paulino, diretor-executivo do Datafolha, também sofreu ameaças, em seu Messenger e em sua residência. Outros dois jornalistas que colaboraram com a publicação, Wálter Nunes e Joana Cunha, também foram alvos de um meme falso.

Folha denuncia disparos em massa de mensagens contra o PT

Na última quinta-feira (18), a reportagem da Folha denunciou que empresas estariam comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o Partido dos Trabalhadores (PT). Além disso, mensagens de apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no WhatsApp.

De acordo com a denúncia, os contratos chegam a R$ 12 milhões e a empresa Havan, que apoia o candidato do PSL, estaria entre as compradoras.

Vedada pela legislação eleitoral, a prática seria ilegal por se tratar de doações de campanha por empresas. Além disso, essas doações não foram declaradas.

Site de Divinópolis sofre ameaças e evita falar de política

O site Divinews, de Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, decidiu se afastar editorialmente de qualquer notícia que envolva o 2º turno das eleições 2018, por causa de ameaças.

“Diante de desagradáveis e graves fatos que vêm ocorrendo com ataques e ameaças contra o Divinews, e tudo e qualquer coisa que orbita ao seu redor, que se acentuou com a publicação de um fato ocorrido na UEMG, decidimos que a partir de então, para preservar integridades de um modo geral, não publicaremos nenhum tipo de notícia que envolva o segundo turno das eleições 2018, principalmente a presidencial – Em consequência disto, estamos também retirando todas as matérias que envolvam o nome de certo candidato. Exceto as charges”, diz o comunicado em matéria publicada nessa terça-feira (23).

O jornal ainda publicou prints de mensagens de apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL), com pedidos para que as pessoas e anunciantes deixem de acompanhar o site. Veja:

Divinews/Reprodução
Divinews/Reprodução
Divinews/Reprodução
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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