[Coluna do Orion] Zema e Anastasia disputam apoio do 1º lugar: eleitor sem candidato

Rodrigo Salgado/Bhaz

Quem vencerá a eleição para governador de Minas? Essa pergunta tem sido feita por todos os institutos de pesquisa desde o início do ano e, com a proximidade das eleições, ela tem sido formulada quase que diariamente pelos pesquisadores receosos de perderem o bonde da história. E não é sem razão, porque as previsões das pesquisas não foram confirmadas nas urnas. Por elas, na véspera da eleição de lº turno, a ex-presidente Dilma Rousseff estaria eleita senadora, mas acabou em quarto lugar e derrotada; por elas, o candidato Antonio Anastasia (PSDB) ficaria em primeiro lugar, mas acabou em segundo, com desvantagem de mais de 1 milhão de votos. Que margem de erro é essa? Mais de 40%? Aí, deixa de ser pesquisa de opinião para ser aposta, ou seja, os institutos precisam rever seus métodos porque quem confia, hoje, nas pesquisas está sujeito a erro, a ser induzido a erros.

Para responder a essa pergunta, é preciso recorrer, na falta de pesquisas minimamente eficientes, aos sábios políticos para dizer o óbvio: ganhará a eleição quem tiver mais votos, mas isso só saberemos quando a verdadeira pesquisa da vontade popular sair das urnas, após a apuração. Até lá, cada candidato e seus apoiadores têm que acreditar porque a campanha está acabando, algumas atividades não podem ser feitas mais, como a propaganda na TV e rádio, mas ainda há o mundo turbulento e oculto das redes sociais e o corpo a corpo, as conversas entre eleitores.

O grande foco dos finalistas deve ser, agora, os eleitores que não votaram. Em Minas, eles somaram mais de 40% no primeiro turno, cerca de 6 milhões de votos, soma da abstenção, de nulos e brancos. Juntos, são maiores do que os votos do primeiro colocado, Romeu Zema, do Partido Novo, (4,1 milhões).

É hora de ver se manterão a decisão de invalidar sua participação ou se pretendem influenciar na escolha que vai impactar os próximos quatros anos em Minas.

O debate de quinta (25) passada foi o último dos confrontos e foi muito tenso, com trocas de farpas e ironias, mas não parece ter produzido fatos impactantes capazes de alterar o quadro. Acabou por reproduzir as estratégias, discursos e trombadas que fizeram no segundo turno… um contestando a capacidade administrativa do outro, sua inexperiência e contradições, e o outro fazendo o mesmo contra a política tradicional, os políticos de maneira geral, buscando consolidar a terceira via que a polarização PT e PSDB impediu, nos últimos 16 anos, em Minas. Falta pouco para sabermos quem será o próximo governador dos mineiros.

Atrás do eleitor sem candidato

No plano nacional, começa também a clarear o quadro, aquilo que os pesquisadores chamam de ‘boca do jacaré’. Ela vai se fechando, diminuindo a diferença entre o primeiro colocado e o segundo. Pode não haver tempo para maior aproximação e polarização, mas o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, perdeu pontos nos últimos dias, reduzindo a diferença entre eles para 12 pontos (último Datafolha). É uma tendência?

Não dá para saber se continuará caindo a diferença, ou se vai estacionar, mas tem relação direta com os últimos fatos, como as turbulências provocadas por Bolsonaro e aliados nos episódios que sugerem intervenções autoritárias em instituições nacionais, agressões entre eleitores em discussões políticas, ameaças à presidente do TSE, insinuações de intervenção no STF, estímulo à perseguição tanto de jornalistas como de adversários. Tudo isso pode ter mexido com o quadro, reforçando a crítica contra ele de antidemocrático e violento.

As mesmas pesquisas apontam que os brasileiros valorizaram a democracia, e a grande maioria condena as práticas como tortura de suspeitos, censura da imprensa e fechamento do Congresso Nacional. Levantamento da empresa de marketing digital SEMrush identificou aumento de 643% nas buscas pelo termo ‘fascismo’ entre os internautas brasileiros no período de setembro de 2017 a setembro de 2018.

As pesquisas por ‘comunismo’, ‘socialismo’ e ‘feminismo’ também tiveram alta considerável -232% em comparação ao mesmo período do ano passado. ‘Democracia’ apareceu em 4º lugar como a mais procurada, com 171% a mais nas buscas.

Uma questão verificada pelo instituto Datafolha fala da convicção do voto e revela que 94% dos que afirmaram votar em Bolsonaro estão totalmente decididos e que outros 6% admitem a possibilidade de mudar. Entre os eleitores de Haddad, 91% estão totalmente decididos e 9% ainda podem mudar o voto.

Fora daí, a decisão pode vir dos eleitores que não pretendem votar ou validar seu voto. Aqueles que pretendem votar em branco, anular o voto ou se mostram ainda indecisos. O índice está alto em 14%, em outras eleições já foi de 10%. Temos aí um contingente de 40 milhões de eleitores sem candidato no primeiro turno, ou 29% dos aptos a votar.

As regras do jogo

A hora agora é de sua excelência o eleitor. Esperamos que ele vá para as urnas e aponte o caminho, porque a via democrática e cidadã é o único meio da civilização continuar se aperfeiçoando e progredindo na pacificação social em favor da melhoria da qualidade de vida. Respeitar as regras do jogo e a constituição é a principal condição para a retomada da economia e da estabilidade no país.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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