Em entrevista concedida logo após a definição das eleições em Minas Gerais, o candidato derrotado ao governo do Estado, Antonio Anastasia (PSDB), afirmou que sai de cabeça erguida, desejou boa sorte ao governador eleito Romeu Zema (Novo) e alegou que pagou um pouco por erros que não são dele. O pronunciamento foi realizado na noite de domingo (28) no comitê do PSDB, ao lado do senador eleito Rodrigo Pacheco (DEM).
“A onda de mudança que tivemos no Estado foi muito forte e, digamos assim, que ela foi a determinante nessa vitória [do Zema]. No aspecto político, a alguns meses atrás, ela seria inesperada”, justificou o senador, ao explicar sua derrota. “Mas política é isso mesmo, também é feita de surpresas e temos que respeitar muito os eleitores, a soberania dos votos. Cumprimento o governador eleito, ao vice-governador, desejando muita sorte nessa administração que vão fazer”, completou.
Antonio Anastasia liderou todas pesquisas de intenção de votos feitas até o primeiro turno. Era debatida, inclusive, a real possibilidade do tucano arrematar a disputa ainda na primeira etapa da votação. No entanto, Zema teve uma arrancada histórica na semana da primeira votação, quando tinha apenas 9% da intenção de votos, e, nas urnas, registrou mais de 42,7% da preferência – o que significa uma votação superior a 4 milhões. Ontem, o empresário confirmou o favoritismo conquistado e foi eleito governador com 71% dos votos válidos.
Ainda questionado sobre a vitória, Anastasia disse que assume a responsabilidade, mas levantou a hipótese de ter sido prejudicado por “erros de outros”. “Acho até que eu acabo pagando um pouco por erros que não são meus, da classe política como um todo. Mas a responsabilidade é minha evidentemente, eu sou o candidato, eu que fui derrotado, assumo todos os ônus dessa derrota”, afirmou.
Zema e Bolsonaro
Confrontado sobre seu voto no segundo turno na disputa presidencial, Anastasia, mais uma vez, desconversou. “Trabalhei de forma intensa para eleger Geraldo Alckmin [candidato à Presidência da República pelo PSDB], acho que o Brasil errou ao não elegê-lo presidente. Mas, da mesma forma, paciência, respeitemos os eleitores. Ele não foi para o segundo turno. Não indo para o
segundo turno, eu não tinha candidato”, disse, e ainda completou falando que vai esperar a definição da Executiva Nacional para definir se será oposição ao presidente eleito Jair Bolsonaro.
Sobre posicionamento quanto a Zema, o tucano seguiu a mesma linha. “Vejo duas dimensões: uma é a posição do meu partido, que não sou eu que decidirei. A minha posição pessoal no Senado eu sou senador por Minas Gerais. Independentemente do governador que fosse, inclusive o atual governador [Fernando Pimentel, do PT], eu sempre trabalhei por todos os interesses de Minas Gerais. A posição de oposição ou não depende muito dos deputados na Assembleia e vai ser conversado pelo partido e não quero entrar nisso agora”, respondeu.
PSDB em queda
Em entrevista no momento da votação, Anastasia comentou sobre o revés sofrido pelo PSDB nestas eleições. Provocado, o ex-governador mineiro voltou a falar sobre o tema, mas ponderou o cenário atual. “Tivemos uma perda de deputados, caímos para 29, ainda que tenhamos sido o terceiro partido mais votado para a Câmara dos Deputados. Temos três governadores de Estados importantes, o Estado mais importante da União é do PSDB, o governador João Doria, disse.
“Como houve um esfacelamento em termos de partidos e governadores, antigamente o partido tinha 10, 12 governadores, agora cada um tem um pouquinho só, então há um equilíbrio. Nesse equilíbrio, PSDB tem uma posição até boa e vamos conversar nacionalmente”, concluiu.
