Redes de apoio oferecem assistência gratuita a vítimas de intolerância; saiba como ajudar

Zangadas Tatu + Facebook/Reprodução

Redes de apoio a vítimas de ódio, intolerância e violência começaram a ser formadas durante o segundo turno das eleições em todo o Brasil. Ações coletivas e individuais podem ser vistas nas redes sociais, com o objetivo de ajudar mulheres, gays, lésbicas, pessoas negras, trans e refugiados.

A campanha teve início após o registro de alguns ataques a minorias, principalmente a população LGBT, por falas preconceituosas do presidente eleito. Em vídeo, o novo chefe do Executivo fala que “gays não terão sossego” e que é “homofóbico sim, com muito orgulho”. Além disso, Bolsonaro proferiu frases muito polêmicas e preconceituosas, como “Tenho cinco filhos, quatro são homens. Na quinta dei uma fraquejada, e veio uma mulher” e “As minorias se adequam ou simplesmente desaparecem”.

Nesse cenário, diversos casos graves de motivação política foram registrados durante as eleições 2018. Em Salvador (BA), o mestre de capoeira e percussionista Moa do Katendê foi morto, com 12 facadas, por um apoiador de Bolsonaro após uma discussão política. Em outro caso, em Venda Nova, na região metropolitana de BH, um homem se passou por gay, em um aplicativo de paquera, e ameaçou a vítima com uma arma de fogo. Entre as mensagens, “surpresa, Bolsonaro 17”, o agressor disse que acertaria a vítima e que ela seria “um viado a menos”. O próprio aplicativo chegou a emitir alertas para os usuários se protegerem.

Após a vitória de Bolsonaro, na noite desse domingo (28), mensagens de ódio começaram a circular com mais força.

Facebook/Reprodução
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Com esse cenário de medo e incerteza, advogados de diferentes partes do país começaram a oferecer serviços de assistência gratuita a todos que sofrerem com a intolerância.

Assistência gratuita às vítimas

Ao Bhaz, a advogada Áquila Neves, explica que todos devem ser trados com respeito e dignidade, independente de origem étnica, gênero, orientação sexual, ideologia ou religião. “Em caso de intolerância, ameaças, violência e discriminação, a vítima deve imediatamente realizar a denúncia e registrar boletim de ocorrência por meio da Polícia Militar ou delegacia competente. Existindo provas, como filmagens, fotos, vídeos e afins, estas devem ser apresentadas. Em caso de agressão, o exame de corpo de delito deve ser realizado. Denúncias também podem ser feitas pelo Disque 100, canal que funciona como emergência aos Direitos Humanos”, relata.

De acordo com a advogada, as vítimas serão acompanhadas, orientadas e representadas jurídica e legalmente desde a denúncia, incluindo o trâmite processual criminal e cível, se necessário. A advogada acredita que a sociedade vive um “retrocesso moral e político”.

“Foram séculos de luta em busca de conquistas de direitos, equidade e reconhecimento e emancipação dos grupos minoritários, para que, em nome de um conservadorismo religioso, fantasioso e exacerbado, tudo ser colocado em risco, inclusive o questionamento a respeito da necessidade de proteção aos direitos humanos”, completa.

Ninguém fica pra trás!

A campanha “Ninguém Fica Pra Trás” teve início após a vitória de Jair Bolsonaro à presidência e também tem como objetivo ajudar vítimas de violência, intolerância, misoginia, homofobia e racismo. Formada por organizações e pessoas físicas, o projeto já arrecadou mais de R$ 64 mil em menos de 24 horas. O primeiro objetivo é chegar a R$ 250 mil, que serão distribuídos entre as instituições brasileiras Casa 01, Coletivo Margarida Alves, AMAC, Casinha e GCASC (Grupo Comunidade Assumindo Suas Crianças).

“O ódio pode estar mais forte do que nunca, mas não permitiremos que vidas fiquem pra trás. Governantes vêm e vão, e quem permanece é a gente – é hora de ficarmos juntos, ativos e resistentes. Hoje, damos o primeiro passo: nos unimos neste financiamento coletivo com o compromisso de fortalecer aqueles que estão mais expostos à violência”, diz a mensagem inicial no site.

De acordo com a campanha, a eleição de Jair Bolsonaro “tem um efeito grave e imediato: o aumento dos crimes de ódio sobre grupos que foram hostilizados em seus discursos. Mulheres, negras e negros, população LBGTQI, povos tradicionais e refugiados sempre sentiram na pele os efeitos da intolerância – mas agora, com um presidente que incita o ódio publicamente, essas vidas estão ainda mais ameaçadas”. Doe por AQUI.

Ninguém solta a mão de ninguém

Começou a circular, logo após o término da apuração da votação no domingo, a imagem de uma mão segurando outra, com uma rosa no meio. O desenho foi feito pela tatuadora Thereza Nardelli, do Zangadas Tatu, de Belo Horizonte. A frase “Ninguém solta a mão de ninguém” foi dita pela mãe da tatuadora, quando ainda era criança.

“A imagem é minha, mas quem me falou essa frase foi a minha maravilhosa mãe, que desde de pequenininha me ensinou de que lado da história a gente está. Fico feliz demais de participar de alguma forma positiva desse momento”, escreveu a tatuadora no Instagram.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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