A modelo brasileira Gisele Bündchen fez um apelo no início da tarde desta quinta-feira (1º), ao presidente eleito Jair Bolsonaro (1º), sobre a proposta de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.
A topmodel diz que “fragilizar a autoridade representada pelo Ministério do Meio Ambiente, no momento em que as preocupações com as ameaças da mudança climática e do desmatamento se intensificam, pode ser desastroso e um caminho sem volta”.
O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), indicado para comandar a Casa Civil, afirmou a intenção do presidente eleito Jair Bolsonaro de fundir as pastas do Meio Ambiente e da Agricultura. Em carta aberta, a modelo diz que “a natureza é o nosso bem mais valioso na Terra, e preservar o meio ambiente é essencial para o futuro dos nossos filhos e próximas gerações”. Veja na íntegra:
Excelentíssimo futuro presidente eleito @jairbolsonaro pic.twitter.com/XzBz1CCqtZ
— Gisele Bündchen (@giseleofficial) 1 de novembro de 2018
Gisele Bündchen sempre foi muito engajada nas causas do meio ambiente e foi nomeada embaixadora da boa vontade das Organizações das Nações Unidas (ONU), em 2016. A modelo assinou uma carta aberta, antes das eleições, para que, quem fosse eleito, ficasse atento às questões ambientais do país. “Nosso Brasil, com suas florestas, rios e biodiversidade, é apenas um pequeno ponto situado no meio do nosso planeta, nem à esquerda, nem à direita. Simplesmente ali. O compromisso com esse patrimônio é um compromisso com a vida, no presente e no futuro”, diz trecho da carta.
Os internautas repercutiram a postagem da modelo nas redes sociais.
Sabia que a Gisele se sentiria atacada pelo Bolsonaro em algum momento assim como sei que jogadores de futebol, atletas e as minhas tias vão sentir
— ? Taisa. ? (@Taisasouveira) 1 de novembro de 2018
Gisele Bundchen postou carta aberta ao Bolsonaro pedindo que repense a união do ministério da agricultura e meio ambiente. Se ela se calasse perante a isso seria muito hipócrita mesmo
— nat ? (@alafarmiga) 1 de novembro de 2018
agora que o Bolsonaro já venceu as eleições é que a Gisele Bundchen vem se manifestar sobre a união dos Ministérios do Ambiente e da Agricultura.
é de fuder.
ainda que já fosse o esperado da parte dela.
negócio é torcer pra que o Bolsonaro faça o Temer e ouça a Gisele.— danyelle (@scamand3r) 1 de novembro de 2018
Ministério do Meio Ambiente divulga nota
Em nota, divulgada nessa quarta-feira (31), o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, afirmou que o ministério recebeu “com surpresa e preocupação o anúncio da fusão”. Na nota, Duarte argumenta que os ministérios “têm agendas próprias, que se sobrepõem apenas em uma pequena fração de suas competências”. Como exemplo, ele citou os 2.782 processos de licenciamento que tramitam no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), dos quais apenas 29 têm relação com a agricultura.
O ministro do Meio Ambiente, que tem poder regulatório e fiscalizador sobre diferentes áreas, lembra ainda que é importante proteger as riquezas naturais do Brasil, que tem a maior biodiversidade do mundo, a maior floresta tropical e 12% da água doce do planeta, para consolidar o protagonismo global do país na busca por uma economia sustentável e para o desenvolvimento socioeconômico do país.
O ministro destacou que a área ambiental necessita de estrutura própria e fortalecida porque exerce funções específicas, como combate ao desmatamento e aos incêndios florestais, energias renováveis, substâncias perigosas, licenciamento de vários setores, como o petrolífero, homologação de modelos de veículos automotores e poluição do ar.
“O novo ministério que surgiria com a fusão das pastas do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento teria dificuldades operacionais que poderiam resultar em danos para as duas agendas. A economia nacional sofreria, especialmente o agronegócio, diante de uma possível retaliação comercial por parte dos países importadores”, afirmou o ministro.
Volta atrás sobre fusão de ministérios
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, deu entrevista a emissoras de TVs católicas e disse que os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura devem ficar separados, mas avisou que escolherá os dois ministros. “Não vão ser as ONGs”, afirmou, referindo-se à pasta do Meio Ambiente. Ele se disse “pronto para voltar atrás” neste caso porque, primeiramente, relatou, o setor rural defendeu de forma unânime a união dos dois ministérios, mas depois se dividiu, por entender que a fusão prejudicaria o agronegócio no Exterior – onde é exigido dos exportadores o cumprimento de normas ambientais.
“O Brasil é o país que mais protege o meio ambiente. Nós pretendemos proteger o meio ambiente, sim, mas não criar dificuldades para o nosso progresso”, explicou Bolsonaro. “Mas uma pessoa voltada para proteger o meio ambiente sem o caráter xiita, como foi em outros governos”, acrescentou.
Com Agência Brasil