Um advogado criminalista do Rio de Janeiro virou assunto nas redes sociais nos últimos dias, mas principalmente no Twitter, depois de contar como foi criado pelo pai traficante para tornar-se delegado. Joel Luiz Costa relatou, em 13 tuítes, como foi incentivado a estudar Direito mesmo diante do contexto em que a família dele estava inserida. Atualmente, o homem de 29 anos trabalha pela garantia dos direitos humanos, com foco na população negra e pobre. Ao todo, o relato feito por ele na quinta-feira (8) já foi compartilhado mais de 15 mil vezes.
Costa explicou que o pai era traficante no Morro do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, mas que não seguia os “padrões” da criminalidade e tinha como sonho vê-lo delegado da Polícia Federal. Para isso, o fez mudar para o interior e estudar. O então garoto tomou gosto pelos estudos e foi incentivado a cursar Direito. Ele não virou delegado, mas, além de advogado criminalista, também criou um projeto para alfabetização de idosos, é colunista do site Agência de Notícias das Favelas (ANF) e representa diversos movimentos sociais “do morro”.
Parece pouco? Na correria do dia a dia, Joel também encontra tempo para organizar um cursinho comunitário voltado para quem deseja prestar vestibular. A vida do advogado é tão surpreendente que ele já recebeu convite para contá-la em um livro e para fazê-la virar filme. O pai dele, que tem 55 anos atualmente, ainda não foi consultado sobre tal possibilidade. Vale dizer que o homem abandonou o mundo do crime quando viu o filho formar-se.
Veja abaixo!
Atendendo aos comentários vou contar cm um traficante de drogas do Jacarezinho no RJ cria um filho fora do crime coloca ele pra fazer direito almejando que ele fizesse concurso para delegado federal
E cm esse moleque vira advogado criminal e militante de DH#thread minha história— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
Meu pai foi traficante na favela do Jacarezinho durante trinta anos e desde minha adolescência dizia que iria largar o tráfico quando eu me formasse “Doutor”. E assim foi feito, me formei em fev/2012 ele saiu em Nov/2012
— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
Ele nunca foi o traficante “padrão”. Não ostentava cordões, nunca pilotou moto ou tinha nome em músicas. Minha mãe comprava suas roupas rs, que era basicamente camiseta, short e chinelo Kenner. Ele nem tinha tênis, quando ia aos bailes era sempre de chinelo RS
— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
Na minha infância ele tirou a mim e meus irmãos do Jacarezinho e nos levou para morar no interior do estado
C/ medo da violência por parte dos policiais e para que a gente pudesse se concentrar nos estudos. Ser filho de traficante na favela é mtooo bacana o que pode tirar o foco— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
Nesse período, como eu mandava bem nos estudos ele foi criando em mim o desejo de ter um filho “Doutor”. Não consigo lembrar quando foi a primeira vez que ouvi isso, sobre seu desejo que eu fizesse direito, fosse doutor e delegado de policia federal. Ouvi muitas e mts vezes
— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
Tirar 1 neguinho do morro e colocar em uma das maiores instituições do Estado seria realmente grandioso.
Fiz a faculdade onde morava e ele falava aos quatro cantos que o filho iria se formar “Doutor” assim como fala até hoje que tem um filho advogado— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
No mês da minha formatura ele sofreu o pior sequestro da sua vida, ficou 5 dias sequestrado por policiais, com torturas físicas e psicológicas
Por isso não pode ir na minha formatura ☹️ (lágrimas só de lembrar)
E eu não fui na colação de grau para ficar com ele ..foi punk— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
Dps que ele saiu foi trabalhar no Afroreggae e morar nessa cidade eu vim para o RJ, o desejo pela advocacia criminal surgiu naturalmente.
Além d ser gostoso é onde vejo que + posso ajudar meu povo preto e favelado, pois na nossa liberdade é onde o Estado mais nos ataca— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
De advogar “pra bandido” a militância defendendo os direitos humanos e participar do movimento de favelas foi tudo consequência natural
Pra mim essas atividades se confundem
De modo que advogo como hobby e milito como trampo e vice-versa
Militar realmente é verbo— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
Hj represento o Jaca no Movimento de Favelas, Advogo para o Fórum Grita Baixada, REFORMA e colunista da @noticiasfavelas
Sou advogado criminal do jacarezinho onde tenho meu escritório
aprendi a tempo que soltar bandido é melhor que prender
Até pq, todo crime é político!— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018
Meu pais sempre falou “eu to aqui para pagar os estudos de vocês,porque a educação é uma herança que ninguém pode tirar dos meus filhos” (que homi)
E hj vejo que a diferença entre eu meus clientes foi o acesso a educação
Possibilitada por um pai traficante de drogas— Marighella PJL (@Joelluizc) 8 de novembro de 2018