Fiscalização Preventiva Integrada constata que hospital usa água contaminada no interior; município nega

Fiscalização encontrou irregularidades na água de Lagoa Grande, no Noroeste do estado (Portal da Prefeitura de Lagoa Grande/Reprodução)

Atualização da matéria às 19h07 com nota enviada pela Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa Grande, MG.

 

Equipes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que participaram da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), realizada na região Noroeste de Minas Gerais na semana de 25 a 30 de novembro, constataram a presença de coliformes fecais na água usada pelo Hospital Municipal de Lagoa Grande, no Noroeste de Minas.

O hospital utiliza água retirada de um poço tubular, apesar de existir rede de distribuição de água nas imediações. A presença de coliformes fecais indica que, no momento em que a coleta ocorreu, a água do hospital estava contaminada por patógenos (bactérias e/ou vírus) que podem causar doenças como febre tifoide, gastroenterite viral e bacteriana e hepatite A.

A cidade tem 9 mil habitantes, de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Estatísticas e Geografia (IBGE) 2010.

“O resultado da análise feita pela equipe da Funasa preocupou-nos, porque a presença de coliformes fecais sinaliza um risco potencial para a saúde das pessoas expostas a essa água”, afirma o promotor de Justiça Daniel Piovanelli, um dos coordenadores da FPI Minas. “A situação também chama a atenção, diante da evidência de que o hospital poderia usar água potável fornecida pela Copasa, mas prefere utilizar água retirada de um poço tubular”, acrescenta Piovanelli.

Ele explica que o resultado das análises será encaminhado à Promotoria de Justiça da Comarca de Presidente Olegário, órgão com atribuição para a tomada de providências com relação ao assunto.

O BHAZ entrou em contato com a Prefeitura de Lagoa Grande. Fomos informados que o prefeito, Wedson Sabino, estava em reunião e quem daria o retorno seria o secretário de Gabinete, João Paulo. Os contatos foram feitos entre 16h e 17h. Às 19h, a Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa Grande enviou uma nota, garantindo que análises periódicas são realizadas a cada seis meses, e que a última foi feita em maio de 2018, tendo o aval do Núcleo de Vigilância Sanitária Estadual (Nuvisa).  Veja print da nota, assinada por Káthia Maria de Oliveira, gestora municipal de saúde.

 

 

Checagem em outras cidades

Outros seis municípios da região também tiveram amostras de água analisadas durante os trabalhos da FPI Minas. A equipe da Funasa coletou amostras em locais considerados pontos críticos, como hospitais, escolas, creches e nos pontos de saída da água nas respectivas estações de tratamento.

As amostras coletadas eram imediatamente examinadas em uma unidade móvel de apoio ao Controle da Qualidade da Água, que funciona como um laboratório volante. Nos municípios de Guarda-Mor e Presidente Olegário, as amostras coletadas não apresentaram qualquer inconformidade.

Em Lagamar e Vazante, a água também está própria para consumo, com observação apenas de que a cor aparente da água coletada em alguns pontos está no limite de 15 Unidades Hazen (uH), parâmetro que mede a coloração da água, da Portaria nº 5, de 3/10/2017, do Ministério da Saúde.

Em João Pinheiro, a água do Hospital M.A. Carneiro apresentou cor aparente de 20uH, e, em Buritizeiro, a água consumida pela Escola Professora Sílvia de Alencar apresentou turbidez de 6,57 Unidade de Turbidez (UT), pouco acima do padrão, que é de 5,0 UT.

“Cor aparente está relacionada com a presença de substâncias dissolvidas na água, resultando no grau de coloração da mesma. Já turbidez é a característica que comprova a presença de partículas em suspensão, resultando em um aspecto turvo”, explica a técnica em química da Funasa, Cleusa Batista Gomes, responsável pela análise das amostras durante a FPI.

Os relatórios das inconformidades serão encaminhados também às respectivas administrações municipais.

FPI em Minas

O grupo de Fiscalização Preventiva Integrada de Minas Gerais é formado pelos seguintes órgãos:

– Ministério Público Federal (MPF)
– Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG)
– Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA Minas)
– Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD-MG)
– Instituto Estadual de Florestas (IEF)
– Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA)
– Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
– Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)
– Polícia Rodoviária Federal (PRF)
– Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)
– Agência Nacional de Mineração (ANM)
– Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (ARSAE)
– Agência Peixe Vivo
– Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHRSF)

Da Fiscalização Preventiva Integrada

 

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