Sem dinheiro, Pimentel promete R$ 1 bi a prefeitos e criação de fundo é aprovada

Deputados estaduais aprovam criação de fundo de Pimentel (Sarah Torres/ALMG)

Após acordo com o presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM) e prefeito de Moema, Julvan Lacerda, as lideranças governistas conseguiram aprovar, na Assembleia Legislativa, em 1º turno, nesta terça (4), o projeto que cria o Fundo Extraordinário de Minas Gerais (Femeg), destinado a pagar dívidas deixadas pelo atual governo para o próximo ano.

Sem dinheiro em caixa, o governo prometeu liberar R$ 1 bilhão para os municípios, na próxima semana, a título de ICMS (Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviço) atrasado. Caso não cumpra, as lideranças municipais irão pressionar os deputados estaduais a derrotarem o projeto na votação de segundo turno. O estado deve aos municípios mineiros cerca de R$ 10 bilhões.

Outras duas condições foram acertas com os municípios para garantir a aprovação da criação do fundo. A segunda prevê que os primeiros repasses dos recursos do Femeg sejam destinados, prioritariamente, à quitação da dívida do Fundeb (Fundo de desenvolvimento da educação básica) com os municípios mineiros. A terceira impõe que, a partir de 11 de dezembro deste ano, os repasses do ICMS, Fundeb e IPVA voltem a ser de forma automática, ou seja, pagos diretamente aos municípios, conforme determina o artigo 158 da Constituição Federal.

Deputados mudam o voto

Com a medida, vários deputados que tinham acabado de fazer declaração de voto, contra o projeto, mudaram de posição. O placar em plenário foi de 33 a 24 pela criação. O texto ainda precisa ser aprovado em segundo turno para ser encaminhado à sanção do governador Fernando Pimentel (PT). “Se o governo não cumprir o prometido, vamos colocar 300 prefeitos aqui e parar tudo”, avisou Julvan Lacerda, que recorre à última oportunidade para garantir o pagamento de parte da dívida do estado com os municípios, para que esses possam amenizar o colapso financeiro e pagar seus servidores.

As três condições foram feitas durante reunião, no gabinete da liderança da maioria, entre o presidente da AMM, Julvan Lacerda, juntamente com 10 prefeitos, deputados, o secretário de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais, Marco Antônio Rezende, e o subsecretário de Assuntos Municipais, Marco Antônio Viana Leite.

O projeto estabelece que valores que o governo federal deve aos estados, referentes à Lei Kandir (que, no caso de Minas, seriam de R$ 135,67 bilhões, de acordo com o governo, e de, pelo menos, R$ 10 bilhões, como já reconheceu o Supremo Tribunal Federal), seriam depositados em um fundo para pagamento dos débitos com os municípios. Instituída há 22 anos, a Lei Kandir isentou de ICMS produtos primários e semielaborados e serviços destinados à exportação, mas a medida trouxe prejuízos aos estados e municípios, especialmente os mineradores.

Ao contrário do ex-líder da oposição Gustavo Correa (DEM), os oposicionistas são contra porque o projeto criaria apenas expectativas de recursos e sem garantias e para evitar que Fernando Pimentel seja enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que proíbe um governante de deixar dívidas para o sucessor, salvo se houver previsão de receitas no caixa. Os aliados do governo atual afirmam que o fundo já teria recursos garantidos.

TSE ensina eleitor a fiscalizar eleito

Para estimular o cidadão a acompanhar e cobrar dos políticos eleitos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou a campanha ‘Fiscalização’. A ação está sendo veiculada desde segunda-feira (3), por meio de peças para a TV e spots de rádio, além de cards, posts e vídeos nas redes sociais do Tribunal.

A ideia é alertar para a importância do envolvimento após a eleição, de modo a acompanhar os eleitos de modo constante – e não só nas eleições.

De acordo com o VT da campanha, o eleitor não deveria ficar dormindo. “Não acorde apenas de dois em dois anos. Seu dever continua depois do ‘Confirma. Ficar de olho em quem foi eleito é um dever com a democracia”, conclui o vídeo. As peças produzidas serão veiculadas até o final de fevereiro de 2019.

Partido de Zema apoia Patrus na Assembleia

Os três deputados do Novo, partido do governador eleito Romeu Zema, anunciaram apoio à candidatura do deputado estadual Agostinho Patrus (PV) para presidente da Assembleia Legislativa de Minas. Em nota, os três parlamentares da legenda informaram que a razão da escolha foi o compromisso do parlamentar de “buscar métodos de gestão mais eficientes que reduzam os gastos da ALMG”.

O anúncio sugere o apoio do próprio Romeu Zema, até porque Agostinho Patrus foi um dos primeiros parlamentares a apoiar Zema na eleição de segundo turno e seu partido foi o único que aderiu. Oficialmente, o futuro governador diz que não pretende interferir na eleição, mas, historicamente, acontece o contrário: o vencedor tem o apoio e ligações estreitas com o executivo.

Eleitor ausente tem até 5ª para justificar

Os eleitores que, por algum motivo não votaram em 7 de outubro, 1º turno das Eleições 2018, têm até a próxima quinta-feira (6 de dezembro) para justificar a ausência. A justificativa pode ser feita pela internet, por meio do sistema Justiça Web, ou pessoalmente em qualquer cartório ou central de atendimento da Justiça Eleitoral. É necessário comprovar o motivo da ausência com documentos, como atestado médico ou comprovante de viagem.

Do dia 8 de outubro até o final de novembro, foram recebidas pela Justiça Eleitoral mineira 127.190 justificativas, sendo 99.918 feitas presencialmente e 27.272 pelo sistema Justifica Web. No dia do 1º turno, 913.418 eleitores apresentaram suas justificativas. Somando-se as justificativas do dia da eleição e as que foram feitas depois, chega-se a 1.040.526 eleitores, o que representa 29,86% dos eleitores que não votaram (foram 3.483.956 eleitores mineiros, 22,20% do total, que não votaram). Com relação à ausência ao 2º turno, o prazo para justificativa termina em 27 de dezembro.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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