[Coluna do Orion] A 26 dias da posse, Zema e Pimentel ainda não discutiram transição

Romeu Zema/Divulgação + Governo de Pernambuco/Divulgação

Depois da tempestade, deveria vir a bonança, mas a da política, entre o governo estadual que está saindo e o que está chegando, não tem fim; aliás, parece que ainda está em algum palanque eleitoral perdido. Ninguém busca o entendimento, até porque, para entender a difícil realidade financeira do estado, é preciso sentar, conversar e dialogar. O empresário Romeu Zema (Novo) já se elegeu governador e não tem mais o que ganhar além da responsabilidade de conduzir Minas nos próximos quatro anos.

Em vez disso, de mergulhar nos assuntos do estado, o governador eleito foi para Londres fazer um curso de gestão para compensar a falta de experiência. Um ou outro membro da direção nacional de seu partido estranhou. Por outro lado, até hoje, ele sequer procurou o atual governador do estado, Fernando Pimentel (PT), para conversar. Pelo menos, não se tem notícia de que teria pedido audiência ou de que, se pedida, tenha sido negada.

Isso seria fundamental para que essa aproximação, com espírito democrático, republicano e pacífico, influenciasse as duas equipes de transição. O que se vê é todos os dias, a cada conhecimento de uma realidade financeira e administrativa do estado, a equipe de Zema ir à imprensa como se fosse denunciar algo. Em alguns casos, é logo em seguida contestada.

A equipe de Pimentel apresentou seu diagnóstico da crítica situação e ofereceu sugestão de ações para os primeiros 100 dias; a equipe de Zema fará o mesmo para o governador eleito. Enfim, está faltando bom senso; problemas, não, esses têm até demais. Zema foi eleito porque o eleitor se cansou das brigas do PT e do PSDB, que serviam a ambos para se vacinar das críticas e responsabilidades, e, agora, espera que o Novo apresente soluções para os problemas que estão aí. Ficar só culpando o antecessor e os rivais não trará o efeito desejado.

Zema deverá pagar parte do 13º

Vários problemas, como o do décimo terceiro salário do servidor, precisam ser encaminhados por meio de conversas entre os dois ‘governos’: o atual e o futuro. O assunto está em pauta, e os servidores já protestam com receios de atrasos.

Tudo indica que parte do benefício natalino entrará para a conta do próximo governo. Ainda hoje, deverá sair a escala de pagamento dos salários de novembro e, na próxima terça (11), a posição sobre o 13º salário, mesmo dia que acaba o prazo do governo para pagar o R$ 1 bilhão dos R$ 10,4 bilhões que deve aos municípios, segundo o acordo feito, para aprovar o projeto de fundo extra que Pimentel pretende criar até o final do ano.

Segundo o acordo com prefeitos, o projeto do Fundo Extra, que servirá para pagar as dívidas do atual governo, a votação final (2º turno) só seria confirmada com a liberação do dinheiro. A Assembleia Legislativa aprovou o projeto no 1º turno. A equipe de Zema foi consultada, mas lavou as mãos, não quis se envolver.

Para não correr riscos, o presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Julvan Lacerda, convocou assembleia de prefeitos para a próxima terça-feira. Caso o governo não libere os recursos, irão à Assembleia Legislativa para impedir a aprovação do fundo extra na segunda votação.

AMM convoca assembleia de prefeitos para discutir fundo de Pimentel (AMM/Reprodução)

Pimentel é inocentado 4 anos depois

Com atraso de quatro anos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o pedido de cassação do governador Fernando Pimentel (PT), feito pelos tucanos, rivais na disputa de 2014. Foram negados dois recursos da coligação adversária.

Foi uma decisão unânime. De acordo com o relator dos processos no TSE, o ministro Edson Fachin, não houve comprovação das irregularidades apontadas. Se fosse o contrário, estaríamos noticiando também, mas o que fica claro é que se consumiu boa parte do tempo, do governo, das expectativas e dos debates políticos, nos últimos quatro anos, e da própria Justiça eleitoral, desde a 2ª instância até a última, por causa disso. Enfim, a política não deveria ser usada para tumultuar a gestão administrativa muito menos a Justiça.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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